
O destino da “cidade do ferro”, como Itabira era chamada nos tempos dos pioneiros da ind�stria da minera��o em Minas Gerais, esteve historicamente ligado � mineradora Vale, e t�o cedo n�o deve se dissociar dos rumos da companhia, apesar do desgaste gerado principalmente pelos �ltimos acontecimentos. A mineradora e a pr�pria extra��o do min�rio de ferro nasceram no munic�pio, que alimenta o neg�cio da Vale h� 62 anos, com participa��o ainda hoje essencial na produ��o e nas exporta��es da mat�ria-prima. A empresa confirmou em seu relat�rio parcial de atividades de 2018 que s� prev� dentro de 10 anos (em 2028) a exaust�o das minas em opera��o na terra do poeta Carlos Drummond de Andrade.
O valor hist�rico e monet�rio das reservas de ferro de Itabira se confunde com a express�o do estado como produtor e exportador de ferro. O complexo minerador da Vale na cidade compreende duas minas (Concei��o e Mina do Meio), a �rea da extinta Mina do Cau� – onde ficam as barragens de rejeitos interditadas pela Justi�a –, e tr�s usinas de processamento do min�rio. As unidades em opera��o foram respons�veis por quase 40% da produ��o mineira da Vale e cerca de 11% de todo o ferro explorado pela empresa no Brasil.
Itabira ocupa a segunda posi��o no ranking das maiores minas do pa�s, s� perdendo para Serra Norte em Caraj�s, no Par�. O desempenho da cidade ajuda Minas Gerais a assegurar 46% do valor da produ��o mineral brasileira, estimada ao redor de R$ 72 bilh�es. O estado responderia, assim, por algo em torno de R$ 33,6 bilh�es da cifra total, com base em estat�sticas do Minist�rio de Minas e Energia.
De janeiro a setembro de 2018, resultado mais recente divulgado pela Vale, foram retiradas do complexo de Itabira 30,465 milh�es de toneladas de min�rio de ferro, volume 10,8% superior ao registrado no mesmo per�odo de 2017. O min�rio atualmente explorado pela mineradora no munic�pio � o do tipo itabiritos, com teor de ferro que varia de 35% a 60%, e que passa por instala��es preparadas para elevar sua qualidade e sua atratividade no mercado internacional. As unidades da companhia no munic�pio receberam obras de moderniza��o e expans�o nos �ltimos anos.
Com o porte das atividades da Vale, Itabira tamb�m cresceu dependente da empresa, que tem impacto sobre algo em torno de 60% da arrecada��o do munic�pio, influenciando uma cadeia de neg�cios e compras locais formada por fornecedores de insumos e prestadores de servi�os. A companhia tem reservas provadas e prov�veis na cidade de mais de 900 milh�es de toneladas.
As minas de Itabira come�aram a ser exploradas pela Vale em 1957, mas o hist�rico da companhia come�ou bem antes disso, na corrida pelo brilho acinzentado intenso do Pico do Cau�, s�mbolo derrubado pela extra��o de ferro. A companhia foi criada em 1942, como sucessora da ent�o Itabira Iron Ore Co., empresa que pertenceu ao vision�rio americano Percival Farquhar. Ele chegou ao Brasil com sua experi�ncia na constru��o de ferrovias e a fome dos empreendedores da �poca, tendo conquistado a primeira autoriza��o para explorar ferro na regi�o do Pico do Cau�, mas acabou vendendo o neg�cio, em meio a disputas e press�es pol�ticas dos governos brasileiros.