
As avarias e fragilidades que tornaram inst�veis as barragens da Vale de Vargem Grande (Nova Lima, na Grande BH) e Forquilha 2 (Ouro Preto, na Regi�o Central do estado) nunca foram atacadas com o n�vel de reparos necess�rio, de acordo com engenheiro do setor de licenciamento e seguran�a de barragens da mineradora ouvido pelo Estado de Minas. Sob a condi��o de anonimato, o profissional com mais de uma d�cada de servi�os prestados � mineradora diz que o m�ximo de provid�ncias adotadas eram interven��es para que as estruturas n�o parassem de funcionar. “Os paliativos geralmente s�o trazer m�quinas, tentar fazer nivelamentos. Tentam usar redes na horizontal. As equipes de trabalho v�o tampando fissuras com concreto. V�o fazendo o que d�. Mas � uma economia inconsequente e antiprodutiva. Em vez de gastarem milh�es para resolver um problema, agora v�o gastar bilh�es com o rompimento”, afirma.
A crise no setor de represas de minera��o deflagrada pela cat�strofe em Brumadinho levou a Prefeitura de Nova Lima, onde est� a Barragem de Vargem Grande, a criar uma comiss�o formada pelas secretarias municipais de Meio Ambiente e de Obras, al�m da Defesa Civil, com o objetivo de intensificar o acompanhamento da situa��o dos reservat�rios localizados no munic�pio, um dos que mais t�m estruturas desse tipo – a metade das represas apontadas como cr�ticas na �ltima a��o judicial do Minist�rio P�blico contra a Vale fica na cidade.
A Comiss�o Municipal de Barragens reuniu os Planos de A��o de Emerg�ncia para Barragens de Minera��o (PAEBM) e os Planos de A��o de Emerg�ncias (PAE) para compar�-los com o invent�rio de barragens e com o Relat�rio de Seguran�a de Barragens da Ag�ncia Nacional de �guas (ANA). Desde ent�o, j� foram enviados of�cios aos �rg�os competentes e a todas as empresas mineradoras que mant�m represas no munic�pio, cobrando a efetiva��o dos planos de a��o de emerg�ncia e a agenda para instala��es das sirenes.
A Prefeitura de Nova Lima afirma que tamb�m cobra um cronograma para treinamento das comunidades amea�adas, bem como resposta quanto � quantidade de pessoas e resid�ncias que podem ser afetadas em caso de rompimento. A Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM) antecipou a obrigatoriedade das instala��es das sirenes para at� 30 de abril para as represas alteadas a montante – m�todo mais barato e tamb�m mais arriscado, pelo qual foram erguidas as estruturas que se romperam em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, h� dois meses. O pr�ximo passo da comiss�o ser� acompanhar os �rg�os fiscalizadores em visitas �s estruturas de barragens em Nova Lima e cobrar a integral efetividade dos planos de a��es de emerg�ncia .
De acordo com a Prefeitura de Ouro Preto, as fam�lias retiradas de �reas que poderiam ser atingidas por uma eventual ruptura de Forquilha 2 s�o de sitiantes, uma vez que a estrutura se encontra a 40 quil�metros do Centro Hist�rico e n�o h� possibilidade de esse espa�o reconhecido como patrim�nio da humanidade ser afetado. “Imediatamente as fam�lias residentes na zona de autossalvamento foram removidas. A Coordenadoria Municipal de Prote��o e Defesa Civil de Ouro Preto tem trabalhado diariamente junto aos �rg�os fiscalizadores e munic�pios vizinhos, cobrando medidas por parte das empresas para a seguran�a social e ambiental, priorizando sempre a vida dos moradores”, informou, em nota.
A mineradora Vale foi procurada para falar sobre a situa��o das barragens que amea�am popula��es abaixo de suas estruturas de conten��o de rejeitos, mas n�o respondeu a nenhum questionamento da equipe do Estado de Minas.
Os subterr�neos da seguran�a
Confira trechos de revela��es de ex-funcion�rio da Vale especialista em barragens
“(Os respons�veis pela seguran�a das barragens da Vale) faziam reconstitui��es dos processos erosivos nas barragens, mas isso n�o resolve o problema, porque ele vem de dentro para fora e n�o de fora para dentro. Da�, surgem outras trincas, outras fissuras e uma hora rompe”
“Essas estruturas precisam passar por um processo de descomissionamento. Precisam ter seu conte�do dragado, antes que se rompam. E at� no in�cio desse processo h� grandes riscos de rompimento, porque n�o sabemos ao certo como est� a situa��o dentro da barragem. S�o todas muito antigas”