(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

Por que alarmes constantes podem agravar risco de morte em ruptura de barragens?

Moradores temem que disparos frequentes de sirenes em represas da Vale, sem emerg�ncia concreta, fa�am comunidades menosprezar alerta quando perigo for real


postado em 29/03/2019 06:00 / atualizado em 29/03/2019 10:20

Ruas e comércio desertos, posto de informações lotado: Macacos tentava retomar rotina quando houve novo alerta(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Ruas e com�rcio desertos, posto de informa��es lotado: Macacos tentava retomar rotina quando houve novo alerta (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Depois do rompimento da barragem de Brumadinho, sirenes viraram um novo pesadelo em Minas Gerais. Para moradores de �reas amea�adas por reservat�rios de minera��o, quando o alarme soa o primeiro pensamento � de que � preciso largar tudo e sair de casa para salvar a vida. Foi o que ocorreu anteontem � noite, em Macacos, distrito de Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, pela segunda vez em um intervalo de 39 dias. Mas o sinal de alerta pode significar tamb�m p�nico, correria e desespero desnecess�rios. Foi assim em Itabira, na Regi�o Central do estado, a 100 quil�metros da capital, onde o aviso sonoro tamb�m disparou anteontem � noite, por�m, por engano. Idosos desesperados, crian�as passando mal e inclusive acidente de carro foram alguns dos ingredientes extras nos momentos de horror vividos pela popula��o de tr�s bairros da cidade. E foi o segundo alarme falso em um per�odo de apenas cinco dias. Habitantes das duas localidades avaliam que o sinal de emerg�ncia soado sem que haja uma situa��o concreta de perigo pode levar a descr�dito quando o risco for real.


Em Macacos, o disparo da sirene significou reviver um drama. Anteontem � noite, mais uma vez o sinal de alerta da Barragem B3/B4 da Vale tocou e tirou pessoas de suas casas. A mineradora elevou o risco da estrutura para n�vel 3, o �ltimo antes do rompimento, mas os moradores reclamam que ainda n�o sabem como proceder. Ao contr�rio do m�s passado, quando a barragem atingiu o n�vel 2, e foram removidos habitantes de �reas mais vulner�veis, n�o h� bloqueio da Vale em nenhuma via de acesso. Apenas na estrada de Macacos o tr�nsito flui no esquema de pare e siga, na parte mais baixa, por onde os rejeitos passariam em caso de colapso da represa. Por isso, o alerta tamb�m gerou queixas e questionamentos.

“Entendi que essa sirene s� toca porque a Vale n�o consegue avalia��o sobre a situa��o da barragem. Est� no n�vel 1 (de risco) e depois pula para o 3 (o m�ximo) e a gente fica nessa situa��o angustiante. Depois que tocou, eu sabia que n�o ia acontecer nada, mas fiz o que foi mandado. Fico pensando se, daqui a um tempo, as pessoas n�o v�o ignorar essas sirenes que est�o tocando sem necessidade. E se acontecer de verdade?”, questiona a aposentada Doris Warketin, de 60 anos. Al�m de perder o emprego, a camareira L�cia Ver�ssimo, tamb�m de 60, perdeu o sossego. “Fico sem saber como vou sustentar meus filhos, tentando uma resposta da Vale. E agora n�o podemos nem dormir, por causa da sirene que toca sem a gente saber nada.”

Em nota, a Vale informou que elevou o n�vel ap�s decis�o de auditoria independente. “A decis�o de acionar n�vel 3 de est�gio de emerg�ncia da barragem B3/B4 em Macacos (Nova Lima) foi tomada depois que auditores independentes de seguran�a de barragens contratados pela Vale informaram que essas estruturas n�o receberiam Declara��es de Condi��o de Estabilidade por terem fator de seguran�a abaixo do novo limite estabelecido na portaria No. 4 da Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM). Depois disso, conforme prev� o protocolo, a Vale acionou as autoridades relacionadas ao assunto para deliberar a execu��o das a��es previstas no Plano de A��o de Emerg�ncia de Barragens de Minera��o (PAEBM), que inclui o acionamento do aviso sonoro de alerta de evacua��o.”

Itabira assiste a correria in�til

J� em Itabira, o alarme falso pedindo que os moradores deixassem suas casas foi ouvido nos bairros Gabiroba, Praia e Bela Vista. Uma moradora do Bairro Ribeira de Cima, que pediu para n�o ser identificada, estava dormindo quando ouviu a sirene das barragens e ficou apavorada ao sair de casa com os dois filhos. “S� deu tempo de vestir um roup�o e acordar os meninos. O mais velho, de 7 anos, mandei correr para o carro. A menina de 3 anos peguei no colo e embarquei. Deixei a casa aberta e fui na dire��o do ponto de socorro”, contou. O local de encontro indicado pela Vale fica a menos de cinco minutos da casa dela. “Havia muitas crian�as e idosos. Vi uma senhora cadeirante carregada pelo filho e atr�s deles uma pessoa com um colch�o para coloc�-la. Depois de meia hora, chegou a informa��o de que n�o era real, era um erro, que dev�amos voltar para casa. Como a rua era muito estreita, at� os carros sa�rem demorou muito tempo. Foi uma situa��o de p�nico, pavor”, contou.

A moradora conta que o bairro � cortado por um curso d’�gua, o que aumenta o medo dos moradores de que os rejeitos em eventual rompimento de uma das barragens possam chegar r�pido ao local. O clima � tenso e, segundo ela, o filho mais velho est� emocionalmente abalado desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. O menino passou mal quando a sirene tocou, anteontem � noite. “Disse para irmos para a casa da av�, onde � mais seguro.”

Na sexta-feira passada, alertas sonoros falsos tamb�m tocaram em S�o Gon�alo do Rio Abaixo, na mesma regi�o. Na ocasi�o, o coordenador do comit� de resposta imediata da Vale, Marcelo Klein, chegou a pedir desculpas � popula��o



O pedreiro Edair Jos� dos Santos tamb�m mora no Bairro Ribeira de Cima, pr�ximo � Barragem de Itabiru�u. Ele contou que ter� que desembolsar cerca de R$ 1 mil para consertar o carro depois de um acidente ao sair de casa com a fam�lia durante o acionamento da sirene. “Minha av� fica de cama. Fui coloc�-la no carro e sa� correndo. Esbarrei na porteira de entrada da ch�cara, arranhou bem a lateral, arrancou o friso da porta”, contou. Com ele eram cinco pessoas no ve�culo. Ningu�m se feriu.

Ele concorda que os alarmes falsos podem prejudicar as a��es da popula��o caso ocorra uma emerg�ncia. “A situa��o � cr�tica, porque eles (da Vale) n�o d�o uma posi��o, se vai ocorrer (um rompimento), se n�o vai ocorrer. Quando for de verdade, a pessoa vai achar que � alarme falso e n�o vai sair de casa”, comentou.

Por meio de nota, a Vale admitiu que houve uma falha no sistema de alerta de barragens no munic�pio. “O acionamento em Itabira aconteceu devido a um desacerto t�cnico. Portanto, n�o h� situa��o de emerg�ncia nessa localidade, nem necessidade de que as comunidades da regi�o sejam evacuadas”, informou a mineradora, completando que a corre��o foi feita imediatamente pela �rea t�cnica. “A Vale reitera que n�o houve altera��o no n�vel de seguran�a das barragens de Itabira e que os moradores podem manter a tranquilidade”, conclui o texto.

Na sexta-feira passada, alertas sonoros falsos tamb�m tocaram em S�o Gon�alo do Rio Abaixo, na mesma regi�o. Na ocasi�o, o coordenador do comit� de resposta imediata da Vale, Marcelo Klein, chegou a pedir desculpas � popula��o.

 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)