No dia em que matou quatro pessoas - a ex-namorada e outros tr�s fi�is da Igreja Batista Shalom, em Paracatu (MG) -, Rudson Arag�o Guimar�es procurou o sobrinho de tr�s anos de idade para se despedir e entregou � crian�a seu viol�o.
"N�o entendemos que aquilo era um sinal do que estava por vir. Sei que meu irm�o n�o � um monstro. Ele teve uma explos�o emocional e agora ter� de pagar pelo que fez", argumentou a professora Envia Arag�o Guimar�es, irm� do respons�vel pelo ataque na cidade mineira.
Segundo Envia, o irm�o de 38 anos deu sinais de descontrole horas antes do crime. Desempregado h� v�rios meses, iria vender a cama e o colch�o para um primo. Como a venda n�o se concretizou, Guimar�es ateou fogo na cama e no colch�o em frente � casa em que morava com a m�e.
De acordo com familiares, o autor do ataque de Paracatu passou por um longo per�odo de desemprego e depress�o, al�m de depend�ncia qu�mica. A estrat�gia para sair da crise pessoal e financeira veio da fam�lia, que incentivou Guimar�es a frequentar a Igreja Batista Shalom.
"Por dez meses, ele ficou muito bem, estava totalmente dedicado �s atividades religiosas", disse o cunhado de Guimar�es, o aut�nomo F�bio Alves Ferreira.
Segundo familiares e pessoas pr�ximas, Rudson Guimar�es tinha um temperamento dif�cil. Os desentendimentos entre ele e os integrantes da igreja come�aram a surgir. "Ele n�o gostava de mudan�as. Se uma reuni�o da igreja mudava de hor�rio, ele questionava, por exemplo. Questionava tudo", contou o cunhado.
Ap�s um per�odo de atritos, Guimar�es foi afastado da lideran�a de um grupo de ora��o e tamb�m exclu�do de um grupo de WhatsApp da igreja. "Para ele, aquilo foi uma m�goa, que ele foi ruminando. Ningu�m imaginou que chegasse a este ponto", lamentou F�bio Alves Ferreira.
Na noite de ter�a-feira, WhatsApp entrou na casa de sua irm� Envia com um canivete no bolso e esfaqueou sua ex-namorada Helo�sa Vieira Andrade. A m�e do agressor e o sobrinho de 3 anos tamb�m assistiram � cena. "Eu entrei na frente da Helo�sa, mas ele deu um golpe no pesco�o dela, que caiu nos meus bra�os. Tentei estancar o sangue com o cobertor do meu filho", lembrou, emocionada, Envia.
Depois de esfaquear Helo�sa, WhatsApp seguiu para Igreja Batista Shalom, onde arrancou o port�o do templo e matou tr�s fi�is. Foi baleado por um policial e levado para o hospital municipal, onde tentou usar um bisturi para se suicidar nesta Quinta-feira (23). Foi socorrido imediatamente e seu quadro de sa�de � est�vel.
Vida profissional
Antes de um longo per�odo de desemprego, Guimar�es passou por diversas ocupa��es. Mais novo, foi reservista da Aeron�utica e trabalhou como seguran�a em uma empresa. Depois, apostou na constru��o e venda de casas.
Segundo familiares, ele chegou a ter uma boa situa��o financeira: comprou carro e im�vel. Com a crise no setor de constru��o civil, acabou se endividando e perdeu o que havia conquistado.
Pessoas pr�ximas afirmam que Guimar�es tamb�m chegou a tomar rem�dios controlados quando mais jovem. Ele tem dois filhos, mas tinha pouca conviv�ncia com ambos.
'N�voa'
Helena Guimar�es Albernaz, antiga moradora de Paracatu e tia de Guimar�es, descreveu o sobrinho como "um rapaz cheio de vida". "Era um rapaz bom. Nunca pensamos que ele faria algo assim", lamentou.
Aos 78 anos, dona Helena se locomove em uma cadeira de rodas el�trica por sua casa, cujo quintal d� para os fundos da Igreja Batista Shalom, onde aconteceu o ataque.
Ela afirmou que, ao ouvir os disparos, achou que eram fogos de artif�cio na igreja. Logo depois, a rua lotou de vizinhos e policiais. "Foi a� que eu soube. Foi como se uma n�voa ca�sse sobre mim", contou. "A fam�lia toda est� perplexa."
Para a delegada respons�vel pelo caso, Thays Regina Silva, as investiga��es apontam que a motiva��o dos crimes de Guimar�es foi de fato a desaven�a com os integrantes da igreja, especialmente com o pastor. "Estamos apurando agora qual � a origem da arma usada por Rudson para os disparos na igreja", afirmou.