Defesa Civil critica 'potencializa��o do medo' em Bar�o de Cocais
Desde not�cia de que o talude da Mina Gongo Soco est� se movimentando de forma anormal, Correios e quatro ag�ncias banc�rias suspenderam o atendimento
postado em 24/05/2019 18:22 / atualizado em 24/05/2019 18:33
Tenente-coronel Fl�vio Godinho, da Defesa Civil, argumentou que suspens�o de servi�os assusta moradores da cidade (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
A Defesa Civil de Minas Gerais criticou a decis�o de v�rias institui��es de fecharem, momentaneamente, suas unidades em Bar�o de Cocais, na Regi�o Central do estado. Desde que foi noticiado que o risco de rompimento da barragem Sul Superior aumentou devido � movimenta��o do talude da Mina Gongo Soco, quatro ag�ncias banc�rias suspenderam parte do atendimento. Os Correios tamb�m fecharam temporariamente sua ag�ncia na cidade.
De acordo com o coordenador-adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-coronel Fl�vio Godinho, houve uma “potencializa��o” do medo em Bar�o de Cocais. “Qualquer aeronave que sobrevoa a cidade causa um temor entre os moradores. Eles acham que se uma aeronave est� passando � porque o talude se rompeu”, disse Godinho � imprensa nesta sexta-feira.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, a decis�o dos bancos de fecharem suas ag�ncias foi desnecess�ria. “J� os notificamos, demonstrando que [caso o talude ceda e a barragem se rompa] os locais onde as ag�ncias funcionam, em Bar�o de Cocais, [demorar�o] cerca de 1h30 para serem atingidos por rejeitos”, acrescentou Godinho, pedindo aos bancos e aos Correios que reabram suas ag�ncias.
“Se deixamos de prestar um servi�o de utilidade p�blica quando as pessoas est�o enfrentando uma situa��o de crise, acabamos por potencializar a crise”, acrescentou o coordenador, garantindo n�o haver como saber previamente se a queda do talude resultar� no rompimento da barragem.
Mais tarde, em coletiva prestada em Belo Horizonte, Godinho voltou a criticar a decis�o. "Uma pessoa mais humilde que v� os estabelecimentos fechados, logo j� pensa que tem alguma coisa acontecendo e entra em desespero”, afirmou.
Queda do talude pode gerar um rompimento da barragem (foto: Divulga��o/TJMG)
Procurado, o Banco do Brasil confirmou que decidiu “contingenciar” o atendimento local, instalando um cont�iner para atender os clientes enquanto avalia a realoca��o da ag�ncia. A estrutura ser� instalada “em local seguro” indicado pela prefeitura.
At� l�, o banco orienta seus clientes a usarem os caixas eletr�nicos existentes na cidade ou buscarem atendimento presencial na ag�ncia de Santa B�rbara, cidade a 10 quil�metros de Bar�o de Cocais.
O Ita�-Unibanco tamb�m afirma ter fechado temporariamente sua ag�ncia no munic�pio por “prezar pela seguran�a dos clientes e colaboradores”. Segundo a institui��o, a ag�ncia permanecer� fechada at� a normaliza��o da situa��o da barragem. Enquanto isso, os clientes ser�o direcionados para a ag�ncia do centro de Santa B�rbara.
Segundo o secret�rio municipal do Desenvolvimento Econ�mico, Juvenal Caldeira, Caixa e Bradesco tamb�m suspenderam o funcionamento de ag�ncias locais. O que, segundo ele, vem prejudicando a popula��o e os empres�rios, que precisam se deslocar at� Santa B�rbara, e a economia local.
Boatos
O secret�rio municipal do Desenvolvimento Econ�mico, Juvenal Caldeira, diz que a situa��o tamb�m fez com que o movimento de turistas na regi�o diminu�sse bastante. “Pessoas do pa�s inteiro veem estas not�cias e, se estavam pensando em visitar a regi�o, desistem ou adiam a vinda”, disse Caldeira � Ag�ncia Brasil, ao lembrar que milhares de turistas visitam a regi�o anualmente, atra�dos pelas belezas naturais do Parque Nacional da Serra do Cara�a .
De acordo com o secret�rio municipal, cada nova determina��o ou simulado realizado pela Defesa Civil de Minas Gerais tamb�m aumenta a tens�o entre os moradores.
“Sei da import�ncia das a��es de preven��o e que a Defesa Civil estadual � das melhores do pa�s, mas toda vez que ela determina uma nova a��o h� um alvoro�o”, comentou Caldeira, revelando que, por conta deste “alvoro�o”, um dos maiores desafios para as autoridades municipais � combater os boatos e mentiras divulgados pelas redes sociais.
“A Defesa Civil orienta a empresa e as autoridades a adotarem medidas preventivas para minimizar os riscos e evitar uma trag�dia, mas ao ver carros-pipa com �gua pot�vel estocada e geradores reserva em postos de sa�de, a popula��o pensa no pior. E muita gente sai divulgando o que pensa. Tanto que nosso maior desafio tem sido combater as fake news a fim de evitar alarmismo. N�o temos porque esconder a verdade, mas h� muita not�cia falsa, muito “achismo” que temos que combater”, acrescentou o secret�rio municipal.
Segundo o secret�rio municipal, o com�rcio em Bar�o de Cocais est� “parado” e os bancos “pecaram por excesso de precau��o” j� que suas ag�ncias se encontravam em locais com risco m�nimo de serem atingidos pelos rejeitos da mina.
Avalia��o com que concorda o diretor de comunica��o da Associa��o Comercial, Industrial e Agropecu�ria de Bar�o de Cocais (Aciabac), Bruno Chausson Quint�o. “Para qualquer tipo de transa��o que precise ser feita em uma ag�ncia banc�ria, as pessoas precisam ir a Santa B�rbara. Quem n�o tem carro, precisa pegar um �nibus de viagem que vem de Belo Horizonte. Ent�o, h� �nus para as pessoas. E menos dinheiro circulando no munic�pio, que j� vem sendo bastante prejudicado por toda a repercuss�o negativa”, disse Quint�o.
Para tentar minimizar o impacto, a associa��o comercial est� pedindo ajuda financeira da Vale e apoio institucional da prefeitura para um projeto de fomento ao desenvolvimento econ�mico e tur�stico da cidade. “Os comerciantes est�o mantendo seus neg�cios abertos, trabalhando com promo��es para atrair fregueses e manter os empregos. Queremos criar uma marca para a promo��o do munic�pio, que n�o conte com dinheiro p�blico, mas com apoios”, finalizou Quint�o.
Palavras da Vale
Em nota, a Vale refor�ou que, desde fevereiro, quando o risco do talude da mina de Gongo Soco ceder foi identificado, vem adotando todas as medidas preventivas para garantir a seguran�a dos moradores da regi�o. Em fevereiro, a mineradora retirou, preventivamente, os moradores de um povoado nos arredores de Bar�o de Cocais cujas casas est�o na Zona de Autossalvamento - a primeira a ser atingida pelos rejeitos caso a barragem se rompa. Al�m disso, a empresa afirma apoiar a realiza��o de simulados para preparar as comunidades a lidar com qualquer cen�rio poss�vel.
“Tanto o talude da mina de Gongo Soco como a Barragem Sul Superior est�o sendo monitorados 24 horas por dia e as previs�es sobre deslocamento de parte do talude, revistas diariamente”, afirma a nota, sustentando que (conforme dito tamb�m pelo coordenador-adjunto da Defesa Civil estadual) “n�o h� elementos t�cnicos que possam afirmar que o eventual deslizamento de parte do talude poderia desencadear a ruptura da barragem.”