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Estado de Minas

Ap�s demolir guarita, Casa do Baile d� show de harmonia na Pampulha

Obra favorita de Niemeyer � a constru��o mais bem conservada do cart�o-postal de BH e a �nica em dia com as exig�ncias feitas pela Unesco quando concedeu t�tulo de patrim�nio da humanidade ao conjunto moderno, h� tr�s anos


postado em 18/07/2019 06:00 / atualizado em 18/07/2019 08:13

A construção é ponto de encontro de turistas e moradores, que aproveitam a vista privilegiada da lagoa(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
A constru��o � ponto de encontro de turistas e moradores, que aproveitam a vista privilegiada da lagoa (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


Arquitetura em forma de poesia num di�logo perfeito entre as curvas de concreto e o espelho d'�gua. Considerado por especialistas o pr�dio mais bonito do conjunto moderno da Pampulha, em Belo Horizonte – e citado como obra predileta do autor do projeto, Oscar Niemeyer (1907-2012) –, a Casa do Baile figura tamb�m como a constru��o em melhor estado de conserva��o do complexo arquitet�nico da d�cada de 1940, que, ontem, completou tr�s anos da conquista do t�tulo de patrim�nio da humanidade, concedido pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco). Enquanto isso, o vizinho Iate T�nis Clube, outra p�rola do conjunto, est� na mira do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), que vai acionar a Justi�a para demoli��o de um anexo “irregular” e recomendada pela Unesco.
 
No caso espec�fico da Casa de Baile, atual Centro de Refer�ncia em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte, a interven��o recomendada pela Unesco foi posta em pr�tica pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Em dezembro de 2017, foi retirada uma guarita que funcionava como bilheteira e ficava na extremidade da ponte ligando a Avenida Otac�lio Negr�o de Lima � constru��o. O servi�o custeado pelo munic�pio durou cinco dias e virou entulho ao som dos marteletes sobre o concreto armado. Os t�cnicos informaram que se tratava de uma estrutura muito forte n�o contemplada no projeto original, entrando em cena muito depois da edifica��o.
 
J� os jardins concebidos por Burle Marx (1909-1994), que demandam manuten��o constante, passaram por “reabilita��o paisag�stica”, conforme explica o respons�vel pelo trabalho executado em 2011, o arquiteto Ricardo Lana, autor do livro Arquitetos da Paisagem: memor�veis jardins de Roberto Burle Marx e Henrique Lahmeyer de Mello Barreto. Para Ricardo Lana, a Casa do Baile consiste num “primor da arquitetura moderna” e nada menos do que “espetacular”. Lembrando que as curvas do pr�dio se encaixam na orla da Lagoa da Pampulha, com um resultado excepcional, Lana conta que, em sua interven��o, “desobstruiu” a vis�o da Casa do Baile, ent�o fechada por �rvores completamente fora do projeto de Burle Marx.
 
Lana explica que, devido � falta do projeto original do jardim da Casa do Baile, foi obrigado a se espelhar em imagens da �poca para fazer a reabilita��o paisag�stica e conseguir o efeito desejado. Outras interven��es foram executadas por Lana em 2002 e 2007, incluindo os jardins do Museu de Arte da Pampulha (MAP), a Igreja S�o Francisco de Assis, com reinaugura��o marcada para 4 de outubro, data consagrada a padroeiro do templo, a Casa JK, tamb�m na orla.

O diálogo das curvas da Casa do Baile com o espelho d'água propiciou ao prédio classificações como 'espetacular' e 'primor da arquitetura moderna'(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
O di�logo das curvas da Casa do Baile com o espelho d'�gua propiciou ao pr�dio classifica��es como 'espetacular' e 'primor da arquitetura moderna' (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


HARMONIA Neste per�odo de f�rias, muitos turistas aproveitam as tardes ensolaradas para conhecer a Casa do Baile, aberta para exposi��es – atualmente, est� em cartaz a mostra Moderno Jardim Brasileiro, com enfoque em projeto de Burle Marx – e equipe de pesquisa. A diretora de Museus da Funda��o Municipal de Cultura (FMC) da PBH, Let�cia Dias, conta que, no ano passado, o local recebeu a visita de 28 mil pessoas. A mostra sobre Burle Marx exibe projetos de BH e outras cidades brasileiras. “Sem d�vida, este � dos pr�dios mais bonitos, mas, em se tratando da Pampulha, fica dif�cil eleger o mais bonito.
 
Coordenador t�cnico do dossi� de candidatura apresentado � Unesco, o arquiteto Fl�vio Carsalade elege a Casa do Baile como o mais bonito do conjunto, destacando o di�logo que as linhas da constru��o promovem entre as partes interna e externa, com grande harmonia.
 
Quem pensar na Casa do Baile como local apenas para arquitetos e profissionais da �rea est� enganado. Residente em S�o Paulo (SP), a professora Edileuza de Oliveira Gomes veio com a fam�lia acompanhada da “prima-cicerone” Sara Verteiro, de 13, moradora do Bairro C�u Azul, na Regi�o da Pampulha. Nesta segunda visita a BH, Edileuza falou �s filhas e sobrinhas sobre a import�ncia de Niemeyer na arquitetura mundial, o significado do t�tulo para o Conjunto Moderno e, para completar, apresentou a bela vista da lagoa e dos demais pr�dios. Jakeline Gomes de Ara�jo, Fernanda Gomes Menezes, Joyce Gomes de Ara�jo e a “filha do cora��o”, Maria Eduarda Cecchi, curtiram o visual e posaram para muitas fotos. No fim do passeio, Edileuza resumiu: “Minas � hist�ria”.

Visitantes encantados: Sara Verteiro (D) ciceroneou familiares de São Paulo em visita ao monumento(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Visitantes encantados: Sara Verteiro (D) ciceroneou familiares de S�o Paulo em visita ao monumento (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


ILHA ARTIFICIAL Implantada em ilha artificial ligada � Avenida Otac�lio Negr�o de Lima por uma pequena ponte, a Casa do Baile se destaca na paisagem da Pampulha pela sinuosidade da marquise, um �cone do conjunto arquitet�nico moderno concebido por Niemeyer. Constru��o charmosa, projetada como equipamento de divers�o (shows, bailes e restaurante) para que a popula��o curtisse as belezas da regi�o, a Casa do Baile, segundo pesquisa da FMC/PBH teve a planta desenvolvida a partir de duas circunfer�ncias que se tangenciam internamente e das quais se desprende a marquise cheia de inven��o, bem ao gosto barroco. Conforme os especialistas, isso provoca o olhar e n�o deixa de incitar a compara��o com as curvas das margens da represa.
 
A marquise tem como suporte colunas que tamb�m contornam todo a estrutura circular, terminando em um pequeno volume em forma de ameba revestido por azulejos decorados. � frente desse volume, h� um pequeno palco circular, cercado por um espelho d’�gua tamb�m de forma ameboide. A cal�ada portuguesa pode ser observada em toda a �rea externa, o que refor�a o car�ter p�blico do espa�o.
 

Servi�o


Casa do Baile – Centro de Refer�ncia em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte
Aberto de ter�a a domingo, das 9h �s 18h – Entrada franca
Endere�o: Avenida Otac�lio Negr�o de Lima, 751, Pampulha, em BH – Telefone: (31) 3277-7443  

Aberta ao público, a construção exibe agora mostra sobre os jardins de Burle Marx(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Aberta ao p�blico, a constru��o exibe agora mostra sobre os jardins de Burle Marx (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


Indefini��es a caminho da Justi�a


N�o muito longe da Casa do Baile – Centro de Refer�ncia em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte, est� localizado o Iate T�nis Clube, outra joia dos anos 1940 do Conjunto Moderno da Pampulha, embora descaracterizado devido a um anexo de 4 mil metros quadrados, inaugurado em 1984. Como o Estado de Minas divulgou ontem, Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), via Promotoria de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico da comarca de BH, vai ajuizar este m�s uma a��o contra a Prefeitura de BH e o clube para que anexo seja demolido, conforme recomenda��o da Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco). “Houve muitas negocia��es com as partes, mas sem sucesso. Por isso, a quest�o ser� judicializada. A Pampulha n�o pode correr o risco de perder o t�tulo de Patrim�nio da Humanidade”, informou o promotor de Justi�a J�lio C�sar Luciano.
 
O caso esteve perto de um desfecho, sem envolver PBH e Iate, mas n�o teve final feliz, o que frustrou o promotor de Justi�a e demais representantes do MPMG. Uma igreja evang�lica foi condenada pela demoli��o de casas em regi�o tombada pelo munic�pio, no Bairro de Lourdes, na Regi�o Centro-Sul da capital, e ter� que pagar cerca de R$ 40 milh�es, valor (corrigido), que seriam empregados na demoli��o do anexo do clube, usado para estacionamento, academia de gin�stica e sal�o, e outras pend�ncias no Conjunto Moderno. No entanto, no acordo judicial, faltou entendimento com a r� para aplica��o do dinheiro nessa finalidade e houve recurso.
 
Lembrando que o clube � “privado”, o presidente do Iate T�nis Clube, Jos� Carlos Paranhos de Ara�jo, disse, ontem, que o MPMG “tem o direito de ajuizar a a��o” e que a entidade est� “ansiosa para resolver a situa��o”. Em nota, a PBH informou que n�o foi notificada “e at� o momento desconhece o ajuizamento da a��o”.


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