Sujeira ainda desafia lagoa tr�s anos depois de a Pampulha virar patrim�nio da humanidade
�ndice de tratamento do esgoto lan�ado no manancial parou de crescer h� dois anos. Qualidade da �gua chega ao n�vel 3, um acima da meta que permitiria o nado, j� descartada
postado em 19/07/2019 06:00 / atualizado em 19/07/2019 08:58
Maquin�rio � usado em limpeza do espelho d'�gua. Diariamente, 6 toneladas de lixo, m�veis e outros objetos s�o recolhidos na lagoa (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
O contraste de arquitetura e paisagismo com polui��o escancarada � uma lembran�a que belo-horizontinos e turistas fatalmente guardam da Lagoa da Pampulha. E as metas iniciais de descontamina��o do reservat�rio inclu�do no conjunto que foi elevado a patrim�nio cultural da humanidade, em 2016, pouco avan�aram. A administra��o municipal da �poca sonhava com um lago que permitiria recrea��o e at� mergulho, sendo que o ent�o prefeito Marcio Lacerda disse que pretendia velejar no manancial, em 2017. Isso seria poss�vel se as �guas, consideradas extremamente contaminadas, de classe 4, atingissem a classe 2 de qualidade segundo os par�metros do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Contudo, o reservat�rio ainda se encontra na classe 3, na qual apenas os contatos indiretos e espor�dicos s�o recomendados, sob risco de prejudicar a sa�de humana. E � nesse n�vel que a atual prefeitura pretende manter a Lagoa da Pampulha. “O objetivo das a��es (de despolui��o) executadas na Lagoa da Pampulha � o enquadramento da �gua como classe 3”, informou a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
Uma das fontes de polui��o mais importantes identificadas na Pampulha durante a candidatura da sua orla como patrim�nio reconhecido pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco) era o esgoto. Segundo os estudos desenvolvidos com essa finalidade, as fontes mais volumosas desses dejetos vinham de Contagem, na Grande BH, por meio dos afluentes que passam por aquele munic�pio e des�guam na Pampulha. Comprometida em atacar esse problema, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) conseguiu aumentar a coleta e tratamento da Bacia Hidrogr�fica da Pampulha de 87% para 95%, em 2017. Por�m, essa cobertura estacionou nesse n�vel nos �ltimos 2 anos. O ingresso de esgoto, por meio desses mananciais, ainda � um problema flagrante que se consegue detectar pelo mau cheiro que exala nesses pontos de des�gue e at� visualmente, com a apari��o de l�nguas negras contaminando a �gua.
De acordo com a Copasa, h� atualmente cerca de 10 mil im�veis classificados pela companhia como “fact�veis”, ou seja, aqueles que, mesmo com rede de esgoto na rua, ainda n�o est�o conectados aos servi�os de esgotamento sanit�rio. Situa��o que � observada devido ao fato de muitos dos moradores desses im�veis rejeitarem a cobran�a pelo lan�amento de esgoto. “Como a Copasa n�o tem poder legal para obrigar a popula��o a interligar seus im�veis � rede de esgoto, a empresa desenvolve, permanentemente, trabalhos de mobiliza��o social para conscientiz�-la sobre a import�ncia da coleta e do tratamento do esgoto para a sa�de e o meio ambiente, no intuito de buscar a ades�o desses im�veis ao sistema”, informou a companhia.
(foto: Arte EM)
Uma a��o da Prefeitura de Belo Horizonte chegou a ser lan�ada para tratar o esgoto que chega pelos c�rregos afluentes antes que esse material contaminado ingressasse no reservat�rio. O projeto Jardins Filtrantes, de 2016, visava a essa purifica��o dos dejetos por meio de pequenos cursos de �gua com pedras, areia e plantas aqu�ticas onde o esgoto � tratado antes de chegar ao lago. Contudo, em 2018, essa a��o foi abandonada sob o argumento de que devido � “amplia��o dos trabalhos de cobertura de coleta e intercepta��o de esgotos sanit�rios realizados pela Copasa, entre 90% e 95%, bem como os bem-sucedidos servi�os de recupera��o da qualidade da �gua da represa realizados entre 2016 e 2018, o poder p�blico decidiu pela n�o implanta��o de interven��es para tratamento dos c�rregos afluentes. Portanto, foi descartada a implanta��o do projeto Jardins Filtrantes, originalmente proposto para o C�rrego D’�gua Funda”, afirma a Sudecap.
Atualmente, a Prefeitura de Belo Horizonte realiza tr�s a��es para despoluir a lagoa: a limpeza di�ria do espelho d’�gua, o desassoreamento e o tratamento da qualidade da �gua. A limpeza � realizada por cerca de 30 funcion�rios da superintend�ncia, que diariamente recolhem seis toneladas de lixo, m�veis, pe�as de ve�culos, utens�lios e outros objetos. Na �poca das chuvas, esse volume chega a dobrar. Os servi�os de desassoreamento t�m como base o revolvimento de sedimentos depositados no fundo do reservat�rio ao longo de anos, por meio de retroescavadeiras. Uma nova etapa de desassoreamento teve in�cio em outubro de 2018 e o contrato ter� vig�ncia at� 2022. Com isso, a expectativa � de que sejam retirados aproximadamente 460 mil metros c�bicos em quatro anos. Ser�o investidos R$ 33 milh�es nesses trabalhos. Na primeira fase, foram retirados 85.965 metros c�bicos de material, sendo prevista, para todo o ano de 2019, a coleta de 158 mil metros c�bicos de res�duos.
No tratamento da �gua s�o aplicados dois remediadores na lagoa, o Phoslock e o Enzilimp. O primeiro � capaz de promover a redu��o do f�sforo e controlar a flora��o de algas. O segundo tem a fun��o de degradar o excesso de mat�ria org�nica e reduzir a presen�a de coliformes fecais. No �ltimo relat�rio, apresentado em junho, quatro dos cinco indicadores j� atingiram novamente a classe 3. Somente a concentra��o de f�sforo total ficou um pouco acima da meta estabelecida, o que j� era previsto, uma vez que o trabalho concomitante de desassoreamento da lagoa, ao revirar o lodo depositado no fundo do reservat�rio, eleva a concentra��o de f�sforo na �gua.
Ca�a aos lan�amentos irregulares
Turistas na orla da Pampulha: apesar da beleza do local, mau cheiro � inc�modo n�o superado (foto: Sudecap)
Para atingir a capta��o total do esgoto que chega � Lagoa da Pampulha, a Copasa informou que desenvolve, em conjunto com os munic�pios de Belo Horizonte e Contagem, um trabalho de identifica��o e corre��o de lan�amentos indevidos de esgoto em galerias pluviais e sarjetas das vias p�blicas em vilas, aglomerados, favelas e em fundos de vales que, para ser corrigidos, exigem melhorias na urbaniza��o. “No momento, a Copasa est� realizando obras de desassoreamento do interceptor da margem direita da lagoa, localizado entre a Toca da Raposa e a Avenida Ant�nio Carlos, para evitar o extravasamento de esgoto na lagoa no per�odo das chuvas. Essas obras, com recursos da ordem de R$ 10 milh�es, foram iniciadas em agosto de 2018 e a previs�o � de que sejam conclu�das em dezembro de 2019”, informou a companhia.
O �ndice de remo��o de 95% do esgoto foi conseguido depois de a Copasa ter implantado 100 quil�metros de redes coletoras e interceptoras e de construir nove esta��es elevat�rias, que possibilitaram a coleta, a intercepta��o e o encaminhamento do esgoto gerado para a Esta��o de Tratamento de Esgoto – ETE On�a. “Essas obras foram conclu�das em dezembro de 2016. Al�m disso, foram implantados, em 2017, mais 13 quil�metros de redes coletoras e interceptoras. Todas essas obras envolveram recursos da ordem de R$ 115 milh�es e possibilitaram que mais im�veis passassem a ter a disponibilidade dos servi�os de esgotamento sanit�rio”.