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Estado de Minas

De descuido a crime: inc�ndios em vegeta��o urbana cresceram 136% em BH

Cerca de 99% das causas s�o humanas, sendo a incinera��o de lixo a principal origem dessas queimadas


postado em 02/08/2019 06:00 / atualizado em 02/08/2019 08:39

Garrafa de vinho na natureza queimada: vidros podem se transformar em lentes capazes de concentrar a incidência de raios solares e iniciar o fogo na vegetação ressecada(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Garrafa de vinho na natureza queimada: vidros podem se transformar em lentes capazes de concentrar a incid�ncia de raios solares e iniciar o fogo na vegeta��o ressecada (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A destrui��o causada pelo inc�ndio que deixou preta e cinza uma �rea de 7,2 hectares da Serra do Curral trouxe para um dos s�mbolos da capital mineira a devasta��o crescente que chamas provocadas por causas criminosas levam aos espa�os verdes de Belo Horizonte. De janeiro a julho deste ano, os focos de inc�ndio e calor captados pelos sat�lites do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em BH chegaram a 26. O n�mero � 136% maior que o mesmo per�odo do ano passado, quando foram registrados 11. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar – corpora��o que previne, monitora e combate os inc�ndios florestais e queimadas descontroladas – cerca de 99% das causas desse fogo s�o humanas, sendo a incinera��o de lixo a principal causa. No local do inc�ndio que consumiu parte da Serra do Curral na noite de quarta-feira e ontem, a presen�a de entulhos e lixo � vis�vel nas �reas margeadas pelas ruas que cercam o espa�o, sendo que a reportagem do Estado de Minas tamb�m identificou restos de fogueiras, garrafas e at� vest�gios de rituais religiosos.
 
No mapa, os focos deste ano identificados pelos sat�lites se concentraram nas regi�es Norte, Venda Nova, perto de Santa Luzia, Vespasiano e ao longo da cadeia montanhosa da Serra do Curral, no limite com Nova Lima. O tipo de bioma mais castigado � o cerrado e os campos rupestres. Os Bombeiros tamb�m registraram aumento de combates a inc�ndios, sendo esses queimadas, lotes vagos e inc�ndios florestais. No comparativo de janeiro a junho de 2018 e 2019, computando amplia��o de 6,77% na capital mineira, aumento de 20,80% na Grande BH e incremento de 32,04% em todo o estado.
 

�rvores resistem


A cena de destrui��o do inc�ndio que se alastrou nesta semana era desolador. Toda a vegeta��o de arbustos secos mais rasteiros tinha ardido, deixando para tr�s uma camada de finas cinzas se movendo ao soprar dos ventos, expondo o solo descoberto e pedregoso. As �rvores t�picas do cerrado, de cascas grossas e troncos retorcidos, ainda resistiram, muitas delas sem as folhagens, estorricadas pelas chamas mais altas. E � justamente esse impacto que proporcionou o cen�rio mais preocupante, uma vez que v�rios ninhos de p�ssaros parecem ter sido atingidos e calcinados. Isso, principalmente pelo comportamento de aves como carcar�s, passos-pretos e outros, que ainda rondavam em voo circular os espa�os onde sup�e-se que estavam seus ninhos com ovos e at� mesmo filhotes.

Bombeiros levaram quatro horas para conter as chamas, que atingiram um grande trecho da Serra do Curral, a mata do Mirante do Belvedere e parte da área limítrofe à mineração Lagoa Seca, além dos Bairros Sion e Belvedere(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Bombeiros levaram quatro horas para conter as chamas, que atingiram um grande trecho da Serra do Curral, a mata do Mirante do Belvedere e parte da �rea lim�trofe � minera��o Lagoa Seca, al�m dos Bairros Sion e Belvedere (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

 
A vasta linha de fogo se alastrou por um grande trecho da Serra do Curral. Engoliu a mata do Mirante do Belvedere e parte da �rea lim�trofe � minera��o Lagoa Seca, seguindo ao longo da Avenida Patag�nia, entre os Bairros Sion e Belvedere, na Regi�o Centro-Sul. Ao todo, segundo o Corpo de Bombeiros Militar, foi necess�rio empenhar tr�s ve�culos de combate, sendo um caminh�o-bomba com capacidade para 5 mil litros e duas caminhonetes adaptadas ao combate, que podem lan�ar at� 600 litros de �gua cada uma. Foram necess�rios 12 militares com chicotes e outras ferramentas empenhados numa luta que se estendeu por quatro horas, at� a extin��o completa do �ltimo foco, no in�cio da manh� de ontem.\\\\\\\\\\\
 
 
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
 


Campanhas


Segundo o tenente Leonan Soares Pereira, comandante do pelot�o de combate a inc�ndios florestais do Batalh�o de Emerg�ncias Ambientais e Resposta a Desastres, uma soma de fatores tem levado ao aumento de registros de combates pelos bombeiros. “Melhoramos a velocidade do atendimento e da extin��o dos focos. Mas, com isso, as pessoas voltam a atear fogo nos mesmos lugares. Por isso, tamb�m trabalhamos com diversas campanhas de preven��o. H� outras formas de eliminar o lixo do que a queima, como a coleta e at� acionar a prefeitura”, disse o oficial.
 
Desde abril a corpora��o se prepara com treinamentos externos, campanhas nas escolas e empresas, e tamb�m catalogando pontos potenciais de risco onde ocorrem mais queimadas devido a fatores diversos. “Nessas zonas mais sens�veis, intensificamos o monitoramento di�rio e o combate se d� o mais r�pido poss�vel”, conta o tenente Leonan.\\\\\\\\\\\
 
Uma das maiores dificuldades que os bombeiros encontraram para extinguir as chamas do inc�ndio no Sion e Belvedere, ontem, aflige praticamente todas as �reas da capital mineira, demandando mais militares e empenho prolongado de trabalhos. “O munic�pio � muito acidentado. Esse tipo de relevo leva a grandes dificuldades de deslocamento e a formas diferentes de progress�o das chamas”, comenta o tenente. No caso da Serra do Curral, v�rios fatores fizeram com que uma grande �rea se queimasse em curto tempo. Al�m de o fogo ter come�ado na parte baixa da montanha, ganhando velocidade ao se alastrar para o alto, o corredor de vento que se forma ali amplia o alcance a o poder de combust�o do inc�ndio.
 
Alguns dos fatores de risco que foram alertados pelos bombeiros estavam presentes na �rea devastada pelas chamas. Debaixo da camada de cinzas estavam garrafas de vidro, que podem se tornar lentes capazes de concentrar a incid�ncia de raios solares e iniciar fogo na vegeta��o ressecada. Resqu�cios de rituais religiosos que se utilizam de velas e outras fontes de fogo tamb�m levam perigo ao meio ambiente. Pelo menos tr�s fogueiras utilizadas de forma clandestina por quem busca aquele mirante s�o fatores de risco para iniciar inc�ndios, sem contar nos v�rios montes de lixo e entulho depositados irregularmente e queimados de forma criminosa.


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