Queimadas e tempo seco derrubam qualidade do ar de Belo Horizonte
Nuvem de fuma�a envolve a capital e a fuligem invade im�veis por toda a cidade. �ndices de part�culas e gases poluentes no ar chegam ao limite do toler�vel
Ver galeria . 6 FotosInc�ndio atingiu vegeta��o pr�ximo a Cidade Administrativa
(foto: Elke Costa )
A combina��o entre tempo seco e queimadas mergulhou a capital mineira numa nuvem de fuma�a, que piorou a qualidade do ar de BH e elevou os �ndices ao limite do toler�vel. Por causa da maior concentra��o de poluentes, as quatro esta��es de medi��o da Funda��o Estadual do Meio Ambiente (Feam) na cidade apresentaram classifica��o regular, algumas chegando pr�ximo ao inadequado. Com cheiro e cor, o problema tem assustado moradores de toda a cidade, que relatam respirar fuma�a por todo o dia e que casas est�o sendo tomadas pela fuligem. O risco maior da m� condi��o � para crian�as, idosos e pessoas com doen�as respirat�rias e card�acas.
“Desde quarta-feira, houve um incremento da polui��o do ar de BH em raz�o das queimadas”, afirma o gerente de monitoramento da qualidade do ar e emiss�es da Feam, Fl�vio Daniel Ferreira. A explica��o � que a baixa umidade do ar – que, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, chegou ontem a 16%, �ndice considerado preocupante pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) – e a falta de ventos dificultam a dispers�o dos poluentes na atmosfera, fazendo com que a fuma�a fique retida pr�xima � superf�cie.
De acordo com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os focos ativos de inc�ndio no estado at� quarta-feira j� superavam em 68% todo o ano passado. Os sat�lites detectaram 7.812 pontos de queimada at� 16 de outubro, contra 4.627 em 2018. As an�lises da Feam identificaram que a n�voa cinza se concentra em Belo Horizonte, que ontem contou com focos de inc�ndio espalhados em v�rias regi�es.
Fuma�a de inc�ndio na mata da UFMG, que exigiu a��o dos bombeiros desde a manh� at� o fim da tarde (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O Corpo de Bombeiros levou do in�cio da manh� ao fim da tarde para combater um inc�ndio que atingiu vegeta��o pr�xima � mata da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cuja fuma�a tomou a Avenida Ant�nio Carlos e o Anel Rodovi�rio, na Pampulha. Duas aeronaves da corpora��o foram usadas para combater fogo em mata pr�xima � Cidade Administrativa, na Regi�o Norte.
“Isso � um problema local, de dentro e do entorno de BH. H� focos de inc�ndio em Caet� e Sabar� que descem com a corrente de vento e estacionam na capital”, comenta. A maior concentra��o foi constatada na esta��o de medi��o da Avenida do Contorno, no Centro da cidade, que, ontem, atingiu �ndice de qualidade do ar de 83, o maior entre todas as esta��es monitoradas pela Feam.
O �ndice leva em conta a presen�a de part�culas e gases como oz�nio, g�s carb�nico, di�xido de nitrog�nio e enxofre. Na Contorno, chamou a aten��o a concentra��o das chamadas part�culas inal�veis, que incluem a fuligem. At� 40, o �ndice aponta boa qualidade do ar. De 40 a 96, ela � considerada regular. Acima desse par�metro, a condi��o do ar � classificada como inadequada, j� representando risco para grupos sens�veis, como crian�as, idosos e pessoas com doen�as respirat�rias e card�acas, que podem apresentar sintomas como tosse seca e cansa�o.
Fuligem
At� mesmo o belo p�r do sol reflete a polui��o atmosf�rica na cidade (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
Morador do Bairro Cruzeiro, na Regi�o Centro-Sul de BH, o dentista Edson Mariano Carvalho Leite est� assustado com a quantidade de fuligem no apartamento, tomado pela sujeira fina, sinal de inc�ndio. “Todo dia est� aparecendo fuligem no meu apartamento, mas n�o consigo identificar a queimada. Depois da chuva que teve h� alguns dias amenizou. E agora voltou tudo de novo”, diz.
No Bairro Santo Andr�, na Regi�o Noroeste, o relato � o mesmo. “� muita fuligem e muito cheiro de fuma�a. � muito preocupante e at� para respirar fica dif�cil. N�o posso nem abrir a janela, porque entra fuligem. S� uma chuva para melhorar a situa��o”, comenta a recepcionista Adelaine Lage, de 46. Na Regi�o Nordeste, n�o � diferente. “A garagem est� cheia de fuligem, sentimos cheiro de fuma�a o dia inteiro e at� as roupas est�o ficando sujas no varal”, afirma o aut�nomo Renato Soares, s�ndico de um pr�dio no Bairro Ipiranga.
O t�cnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente Ronald Arreguy, qu�mico e doutor em meio ambiente, explica que o processo de combust�o das queimadas agrava a concentra��o de part�culas poluentes, como a fuligem e outras invis�veis, e gases, como o mon�xido de carbono. “Com a chuva, a tend�ncia � que o particulado diminua. A chuva funciona como se lavasse a atmosfera e melhorasse a qualidade do ar”, afirma.
Mas, segundo a previs�o do tempo, a massa de ar seco continua pelo menos por hoje na capital mineira, que deve contar com umidade relativa de 15% pela tarde, c�u claro e temperatura m�nima de 20° e m�xima de 33°. “A massa de ar continental seca � o que est� elevando as temperaturas e baixando a umidade, piorando a qualidade do ar”, afirma o meteorologista do 5º Distrito do Inmet, Cl�ber Souza.
Ele ainda alerta que a beleza do p�r do sol alaranjado, na verdade, evidencia a polui��o. “Esse amarel�o s�o os poluentes na atmosfera. � poss�vel ver a n�voa seca principalmente quando o sol se p�e”, diz. Segundo o especialista, h� possibilidade de pancadas de chuva no fim de semana. “A partir da semana que vem, vai ser totalmente diferente”, diz.