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Estado de Minas

Tomei a cerveja Belorizontina. E agora? Saiba como proceder

M�dicos ouvidos pelo Estado de Minas explicam como o mono e o dietilenoglicol agem no organismo e o que pode ser alerta de intoxica��o para quem bebeu Belorizontina


postado em 15/01/2020 06:00 / atualizado em 15/01/2020 09:49

O advogado Maycon Rothéia, com cerveja de lote contaminado: medo depois de ter consumido outras garrafas da bebida(foto: Arquivo pessoal)
O advogado Maycon Roth�ia, com cerveja de lote contaminado: medo depois de ter consumido outras garrafas da bebida (foto: Arquivo pessoal)

Depois que a Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou contamina��o por dietilenogligol e monoetilenogligol em tr�s lotes da cerveja Belorizontina, produzida pela Backer, a apreens�o entre os amantes da bebida aumentou.
 
 
Especialistas ouvidos pelo Estado de Minas apontam que as subst�ncias tendem a ser eliminadas do corpo em at� sete horas, o que indica que quem consumiu a bebida h� mais tempo j� se livrou do composto t�xico. Os sintomas tendem a aparecer em at� 48 horas depois da ingest�o da cerveja contaminada, explicam. Mas “quem bebeu a cerveja h� poucos dias precisa ficar atento”, diz o m�dico nefrologista Fabr�cio Augusto Marques Barbosa. E at� o fabricante do r�tulo apela: “N�o bebam a Belorizontina”.

Mal-estar, dor abdominal, diarreia e dor lombar persistentes podem ser sintomas de intoxica��o. A pessoa ainda pode ter grande redu��o na quantidade de produ��o de urina, o que faz com que fique horas ou at� dias sem urinar. Caso identifique esses sintomas, � importante procurar atendimento m�dico o quanto antes”, alerta.

O nefrologista Vin�cius Sard�o Colares, diretor da Sociedade Mineira de Nefrologista, explica: “Temos poucos relatos de intoxica��o pelo dietilenoglicol. E a grande maioria � relacionada a surtos por contamina��o. O que podemos afirmar � que, ao serem ingeridos, os dois causam sintomas muito parecidos no corpo, como a. insufici�ncia renal.” Mas h� diferen�as na evolu��o dos quadros cl�nicos. O dietilenoglicol (DEG) geralmente leva a paralisia dos nervos do rosto, o que n�o ocorre no caso do outro composto, e ainda provoca intoxica��o hep�tica, detalha o especialista.

Segundo Vin�cius Sard�o, embora n�o se saiba exatamente como funciona o mecanismo de toxicidade dessas subst�ncias dentro das c�lulas, estudos em ratos apontam que ambas s�o eliminadas do corpo em at� sete horas ap�s a ingest�o. “A subst�ncia entra no corpo e logo � quebrada pelo f�gado em subcompostos. Esses s�o eliminados pela urina, num processo que dura cerca de sete horas. Ela � eliminada em um per�odo muito curto. E, por isso, os sintomas se desenvolvem t�o rapidamente”, disse o especialista.

Estudos apontam que cinco dias ap�s a ingest�o apenas 3% do dietilenoglicol s�o encontrados no organismo. Apesar do metabolismo r�pido, as les�es s�o graves, pela a��o de componentes t�xicos nos �rg�os.

Os primeiros �rg�os atingidos s�o o f�gado e rins. “As les�es se agravam, mesmo depois de as subst�ncias terem sido eliminadas”, explica. Os sintomas aparecem em at� 48 horas. Existem poucos casos com desenvolvimento de sintomas tardios e somente um depois de uma semana da exposi��o. “Mas isso foge da normalidade”, detalhou.

De qualquer forma, quem bebeu a cerveja da Backer h� poucos dias e apresenta os sintomas de intoxica��o descritos no in�cio desta reportagem deve procurar atendimento m�dico o quanto antes, recomenda o nefrologista Fabr�cio Augusto.

A principal caracter�stica da intoxica��o � a persist�ncia dos sintomas. O especialista Vin�cius Sard�o diferencia a intoxica��o da ressaca: “Quando voc� est� de ressaca, voc� melhora ao longo do dia. Pessoas intoxicadas t�m v�mitos e n�useas sem melhora ao decorrer do dia”. Um sintoma espec�fico da intoxica��o por dietilenoglicol � a altera��o na musculatura, principalmente, na regi�o dos olhos. “A pessoa n�o consegue fechar os olhos, tem dificuldades para piscar. � como se os olhos s� ficassem abertos. Tamb�m pode haver dificuldade na vis�o”, explicou. A orienta��o, nesses casos, � n�o esperar por mais um dia para procurar o hospital.

Ao anunciar a confirma��o da presen�a de dietilenoglicol no sangue de quatro pacientes, em amostras de cervejas Belorizontina e em tanque da f�brica, a Backer, o delegado Tales Bittencourt citou estudo que aponta que a dose t�xica m�nima � 0,14 miligrama por quilo de peso corporal e que faixa de letalidade varia entre 1 e 1,63 grama por quilo. Ou seja, h� uma varia��o grande, que depende do organismo de cada pessoa. O m�dico Fabr�cio Augusto explica que o �ndice � estipulado a partir de outros casos de intoxica��o no mundo.

Fabr�cio Augusto explica que a velocidade de absor��o no corpo pode ser alterada por v�rios fatores: se a pessoa bebeu a cerveja acompanhada de comida ou de outro tipo �lcool, se tem problemas funcionais nos rins e outros ligados a seu estado de sa�de. “Depende do metabolismo de cada um. � dif�cil precisar a quantidade. Mas quanto maior a dose, maior a chance de efeito colateral”, acrescentou o nefrologista Vin�cius Sard�o.

Funed faz testes em amostras de sangue colhidas de pacientes para detectar substância tóxica(foto: Karol Avelino/Funed/Divulgação)
Funed faz testes em amostras de sangue colhidas de pacientes para detectar subst�ncia t�xica (foto: Karol Avelino/Funed/Divulga��o)


Na segunda-feira, o Estado de Minas conversou com o advogado Maycon Roth�ia, de 34 anos, que se espantou ao ver em sua geladeira cerveja do lote L2 1354, um dos tr�s nos quais per�cia da Pol�cil Civil detectou contamina��o. As garrafas foram compradas no in�cio de dezembro. “Comprei num supermercado no Bairro Funcion�rios, onde moro. Tomei quatro cervejas. N�o tenho certeza se todas eram do mesmo lote. Bebi na primeira quinzena do m�s passado”, contou. Outras garrafas que estavam em sua casa foram entregues pelo advogado � Vigil�ncia de Sanit�ria de Belo Horizonte, como recomenda a sa�de p�blica. Mas ficou o medo e o Maycon anunciou que procuraria um m�dico para fazer exames.

Para o nefrologista, um check up � recomend�vel, mas “n�o � necess�rio criar um alarde”. Como j� foi explicado, a subst�ncia fica por cerca de sete horas no corpo. “Se a pessoa ingeriu, por exemplo, a bebida em meados de dezembro e n�o desenvolveu nenhum tipo de sintoma, n�o � um m�s depois que eles aparecer�o”, concluiu.

Outros casos


Em 2009, autoridades de Bangladesh encontraram vest�gios do produto qu�mico t�xico em um xarope de paracetamol que teria matado 24 crian�as. Em novembro de 2008, beb�s come�aram a morrer na Nig�ria ap�s apresentarem febre e v�mitos. As investiga��es revelaram que todos haviam tomado um medicamento chamado "My Pikin Baby", que continha dietilenoglicol. O envenenamento causou a morte de pelo menos 84 crian�as entre dois meses e sete anos. O governo nigeriano localizou o dietilenoglicol em um revendedor de produtos qu�micos n�o licenciado, que o vendeu a um fabricante farmac�utico local. A subst�ncia tamb�m j� provocou mortes na Nig�ria, Argentina, Espanha e �ndia.


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