Cervejaria Backer demite 52 funcion�rios ap�s interdi��o da f�brica
Com a cervejaria interditada desde 10 de janeiro e um quinto dos funcion�rios demitidos, a diretora de marketing da empresa, Paula Lebbos, cobra agilidade da pol�cia. Falta de insumo para testes em exames de pacientes com suspeita de intoxica��o por cerveja contaminada atrasa apura��o
postado em 13/02/2020 06:00 / atualizado em 13/02/2020 08:01
Entrada da cervejaria Backer (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 08/01/2020)
A falta de um reagente capaz de detectar a presen�a do dietilenoglicol, subst�ncia t�xica encontrada em produtos da cervejaria Backer, vem atrasando a realiza��o de exames para confirmar a presen�a do contaminante em materiais colhidos em v�timas com suspeita de intoxica��o. O Estado de Minas apurou que o material est� em falta no Instituto M�dico-Legal (IML) de Belo Horizonte. A Pol�cia Civil confirma que o processo de aquisi��o do insumo “est� em andamento”, e que seu uso pouco comum n�o justificaria a manuten��o em estoque. Mais de um m�s depois da abertura do inqu�rito, familiares de v�timas cobram celeridade nas investiga��es. A empresa, que est� com a f�brica fechada desde 10 de janeiro e j� demitiu um quinto de seus funcion�rios, tamb�m espera rapidez nas respostas.
A diretora de marketing da cervejaria, Paula Lebbos, cobra agilidade na apura��o. Com a f�brica fechada desde 10 de janeiro, a empresa demitiu 52 funcion�rios, um quinto de seu quadro, e estima que esse n�mero pode ser tr�s vezes maior, se consideradas as vagas indiretas. “� essencial ter o reagente para fazer o exame, para essas pessoas e a pr�pria cervejaria Backer entenderem o que est� acontecendo”, afirma.
A interdi��o da f�brica ocorreu em 10 de janeiro, por determina��o do Minist�rio da Agricultura. O bar da empresa, Templo Cervejeiro, tamb�m est� fechado. “Estamos todos muito assustados. As autoridades precisam dar respostas”, diz a representante da empresa. Uma entrevista exclusiva dela ao podcast “O caso Backer”, do Estado de Minas, vai ao ar hoje.
“Um desses �bitos est� entre os quatro casos em que foi confirmada a presen�a da subst�ncia dietilenoglicol no sangue. Trata-se de um homem, que esteve internado em hospital de Juiz de Fora e faleceu em 7/1”, informou boletim da SES sobre a intoxica��o por dietilenoglicol. A confirma��o da subst�ncia em Paschoal ocorreu em 13 de janeiro.
Reagente em falta afeta investiga��es
Ontem pela manh�, o EM questionou a Pol�cia Civil sobre o tipo de reagente usado no exame para confirmar a presen�a do dietilenoglicol e quando foi a �ltima licita��o para a compra do item. A resposta se limitou a informar que a quest�o n�o estava “no bojo das investiga��es”. O dietilenoglicol e o monoetilenoglicol, fluidos usados para resfriar tanques de cerveja e que n�o podem ter contato com a bebida, foram encontrados em cervejas, equipamentos e na �gua da Backer.
Parentes de v�tima chegam ao IML, em BH: Pol�cia Civil informa que uso do reagente � pouco comum e que a compra est� em andamento (foto: Gladyston rodrigues/EM/DA Press - 15/1/20)
Questionada sobre a aus�ncia do reagente, a Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica explicou que “as for�as de Seguran�a de Minas Gerais t�m or�amentos independentes da Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica e autonomia na distribui��o de recursos. Para apura��o de compra envolvendo o IML, orientamos que apurem junto � Pol�cia Civil”.
Depois disso, a Pol�cia Civil mudou o posicionamento e informou que “parte das an�lises laboratoriais j� foi conclu�da e os laudos j� foram liberados. Outra parte est� em andamento, necessitando de finaliza��o de compra de reagentes espec�ficos”. Segundo a nota, os reagentes n�o s�o de uso comum nas necropsias, “n�o se justificando manuten��o em estoque”. A corpora��o ressaltou que as investiga��es est�o “bem adiantadas”.
Em 35 dias de investiga��o, a corpora��o apura 34 casos relacionados ao consumo das cervejas contaminadas da Backer. Os pacientes desenvolveram um quadro chamado de s�ndrome nefroneural, com comprometimento, sobretudo, de fun��es neurol�gicas e renais. Seis pessoas morreram. At� agora, apenas quatro exames com a confirma��o da subst�ncia t�xica no sangue dos pacientes – um dos quais morreu – foram divulgados pela for�a-tarefa que apura o caso, formada tamb�m pela Secretaria de Estado de Sa�de (SES).
A respeito da conclus�o das investiga��es, a pol�cia diz que “o prazo foi prorrogado e ainda n�o h� previs�o para a conclus�o das investiga��es”. “As amostras recolhidas tanto na cervejaria quanto da empresa qu�mica que vendia o monoetilenoglicol continuam sendo analisadas pelas equipes de peritos do Instituto de Criminal�stica, de forma criteriosa”, diz o texto.
De acordo com a Civil, ainda n�o h� previs�o para a conclus�o da maioria dos laudos. “Os que est�o prontos j� foram disponibilizados para os advogados da empresa, atendendo aos princ�pios constitucionais e modernos atinentes ao inqu�rito policial. A Pol�cia Civil de Minas Gerais n�o vai comentar nenhum resultado isoladamente e falar� sobre os exames, em momento oportuno, para n�o atrapalhar os trabalhos”, pontua.
A falta de respostas deixa as fam�lias angustiadas. “� tudo muito lento. � preciso cobrar responsabilidade da Backer. S�o muitas vidas em risco, pessoas que perderam a vida. � um descaso muito grande”, afirma Taciana Maciel, de 42 anos, esposa de Ney Eduardo Vieira Martins, de 65. Ontem, completaram-se 60 dias que o marido dela est� fazendo hemodi�lise. Apreciador de cerveja artesanal, ele consumiu a Belorizontina em novembro, numa festa de fam�lia. A Vigil�ncia Sanit�ria recolheu exames de Ney, mas a fam�lia ainda n�o sabe o resultado.
Ainda n�o foi aprovada tamb�m a exuma��o do corpo de uma mulher que morreu em 28 de dezembro do ano passado, cujo pedido est� em an�lise pela Justi�a. “Estamos apreensivos e inquietos. Por orienta��o do delegado, a gente acredita que possa encontrar ainda a subst�ncia no organismo, que ainda possa ter alguma coisa preservada. Mas � um processo muito moroso”, afirma Christiani Assis, de 40. Ela � filha de Maria Augusta Cordeiro, que foi sepultada em Pomp�u, na Regi�o Central, em 29 de dezembro, antes de os casos virem � tona. (Colaborou Cristiane Silva)