Mais pobres d�o f�lego ao isolamento para evitar a COVID-19 na Grande BH
Moradores da regi�o j� aceitam ficar em casa 16,8 semanas, o que levaria a medida at� julho. Disposi��o � maior nas classes C, D e E. Na capital, toler�ncia m�dia � maior
postado em 22/04/2020 06:00 / atualizado em 22/04/2020 07:24
Passageira embarca em �nibus usando m�scara: prote��o passa a ser obrigat�ria a partir de hoje em locais p�blicos em Belo Horizonte
(foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
O medo de cont�gio pela COVID-19 entre a camada mais pobre da popula��o e a falta de uma op��o pr�tica para o enfrentamento da dissemina��o do novo coronav�rus (Sars-Cov-2) fazem com que a popula��o da Grande BH se comprometa ainda mais com a��es de afastamento social. Na regi�o, essa medida teve seu apoio ampliado na terceira semana da pesquisa “Term�metros da Crise COVID-19”, realizada pelo Instituto Olhar – Pesquisa e Informa��o Estrat�gica e divulgada pelo Estado de Minas. De acordo com o levantamento, que permite aos entrevistados dar nota de zero a 10 para cada quest�o, o comprometimento com o isolamento social para superar a crise sobe, chegando a 8,6, depois de ter marcado 8,2 na segunda semana e 8,3 na primeira. Reflexo disso, os moradores da Grande BH j� dizem tolerar um isolamento de at� 16,8 semanas, contra as 10,8 de sete dias atr�s, ou seja, um per�odo 56% maior que o aceito antes.
� a terceira ascens�o consecutiva desse term�metro, que na primeira semana registrou uma aceita��o de 9,6 semanas de afastamento p�blico. Na pr�tica, o que dizem os 1.958 entrevistados na pesquisa, realizada entre os dias 16 e 20 de abril, � que tolerariam 117,6 dias de isolamento. Tomando-se como partida 20 de mar�o, esse prazo os manteria em suas casas at� 15 de julho. A toler�ncia inicial, manifestada na primeira semana, era at� 26 de maio, passando para 6 de junho com a segunda semana de entrevistas. A margem de erro da pesquisa � de 2,3 pontos percentuais e o intervalo de confian�a � de 95%.
A capital mineira se destaca como a mais disposta ao isolamento para combater a dissemina��o da infec��o, com uma toler�ncia ainda maior, de 17,1 semanas. Ou seja, os belo-horizontinos aceitariam se afastar do contato p�blico por mais dois dias, chegando a 17 de julho em casa. A m�dia das demais cidades � de 15,2 semanas, ou at� 3 de julho. Para o s�cio-diretor do Instituto Olhar, professor Matheus Lemos de Andrade, que � doutor em administra��o, essa decis�o reflete tamb�m uma falta de op��es. “As pessoas percebem que s� disp�em de uma ferramenta efetiva para evitar a doen�a, que � o isolamento. Uma vez que as demais, como a testagem de pacientes, demandam exames que o sistema n�o disp�e e o uso de novas drogas � desaconselhado pelos m�dicos e cientistas”, avalia.
A classe m�dia alta e os mais ricos, ainda que com alto comprometimento, s�o os que menos dias est�o dispostos a se isolar, com a classe A estimando 16,2 semanas e a classe B com o menor n�vel, de 14,3 semanas. A ades�o � maior entre os mais pobres e a classe m�dia, com 17,3 na classe C e 17,6 semanas nas classes D e E. O apoio ao isolamento � maior entre mulheres, com nota m�dia de 8,9, enquanto a dos homens � de 8,5. Os mais velhos, acima de 60 anos, tamb�m elevaram essa nota, com m�dia de 8,9 pontos. Na Grande BH, o apoio recebeu 8,5 e na capital subiu para 8,8. “Esse comprometimento cresceu justamente na semana da libera��o das verbas de R$ 600 de aux�lio aos informais e outras categorias pelo governo. Isso pode ter trazido uma certa diminui��o da preocupa��o imediata com as finan�as, o desemprego e aumentado a toler�ncia nessa camada social”, pondera o diretor do instituto de pesquisas.
Temor
O medo da COVID-19 tamb�m se manteve em patamar elevado nessa terceira pesquisa, com nota 7,9, uma discreta acens�o ante o segundo levantamento, com 7,8 de �ndice m�dio. Dos entrevistados, 17,8% afirmaram conhecer algu�m que est� infectado. A m�dia de pessoas infectadas que os entrevistados conhecem � de 2,4 pacientes. O medo dos efeitos da doen�a s�o maiores entre as mulheres, com nota 8,4, que cresceu sucessivamente desde a primeira pesquisa, que registrou 8, 8,2, e chegou a 8,4 na segunda. Os homens deram nota m�dia 7,3 para esse temor, que sempre foi menor em todas as rodadas da pesquisa. Os mais pobres manifestaram mais medo, com as classes D e E apontando nota 8,2. A classe A registrou menor temor, com nota 7,3. Os idosos, acima dos 60 anos acham mais grave a COVID-19, com nota 8,6.
“S�o temores compreens�veis. Os idosos est�o na faixa et�ria de risco. Os mais pobres sabem que v�o depender exclusivamente do Sistema �nico de Sa�de (SUS) caso venham a ficar doentes. E a mulher tem ainda uma heran�a de desempenhar um papel social mais preocupado com a fam�lia, enquanto os homens se mostram menos sens�veis e mais propensos ao risco”, avalia Andrade.
(foto: Arte EM)
Governos perdem pontos
A atua��o geral dos governos na condu��o da crise provocada pela COVID-19 piorou na avalia��o m�dia dos habitantes da Grande BH, segundo dados da pesquisa. A esfera federal, por exemplo, despencou, de nota 5,9 para 4,4. Quem mais desaprova o governo federal s�o os mais jovens, de 16 a 29 anos, que deram nota m�dia 3,8, e os mais pobres, com as classes C, D e E conferindo ao Executivo nacional a pontua��o 4,1. Em Belo Horizonte, a nota � 4,2, mais baixa que na Grande BH, onde chega a 5,1. “Isso � claramente uma resposta a todas essas idas e vindas e indefini��es.”
A troca do ent�o ministro da sa�de Luiz Henrique Mandetta pode ser o ponto culminante da insatisfa��o na terceira pesquisa, pois na segunda semana o governo federal tinha experimentado uma melhora de avalia��o quando o presidente e o ministro sinalizaram um entendimento”, observa o diretor do Instituto Olhar, professor Matheus Lemos de Andrade.O governo estadual tamb�m caiu, de 6,5 para 5,4, na m�dia. “A avalia��o do estado caiu significativamente, talvez por uma certa percep��o de que esteja muito apagado frente � doen�a. N�o se posiciona e est� muito passivo. N�o toma as r�deas. Em contrapartida, as pessoas percebem que a atua��o dos prefeitos � mais incisiva, pois os seus decretos t�m impactos diretos na rotina das pessoas”, afirma Andrade.
A economia segue sendo o setor de maior preocupa��o, contudo, tem se reduzido, principalmente no term�metro que mede o impacto da doen�a nas finan�as da pr�pria fam�lia, que caiu de 9,1 para 8,8. “� um movimento de assentamento de percep��es. No in�cio, muito alarmismo, e hoje as pessoas j� podem avaliar melhor sua situa��o financeira, as empresas, os governos, h� campanhas para que n�o haja demiss�es. Ocorreu um apoio financeiro do governo”, constata o especialista. Entre os entrevistados, houve diminui��o da renda familiar de 53,4% em raz�o da crise, mas o desemprego, por enquanto, afetou 1,4%. Nas contas familiares, o maior impacto percebido � nos estratos sociais D e E, com nota 7,8, com diminuiu em m�dia da renda de 67,1%. O menor ocorreu na classe A, com nota 6,1, com a renda inalterada para 62,1% dos entrevistados.
Capital em calamidade p�blica
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PDS), decretou estado de calamidade p�blica no munic�pio devido aos impactos econ�micos, sanit�rios e sociais da COVID-19 e das medidas necess�rias para conten��o, como o isolamento social e a amplia��o da cobertura em unidades de sa�de. O decreto refor�a o estado de emerg�ncia, de 17 de abril, e se segue � instala��o do estado de calamidade p�blica estadual, baixado pelo governador Romeu Zema (Novo), em 20 de mar�o, e federal, adotado pelo presidente Jair Bolsonaro em 16 de abril. A validade do decreto � at� 31 de dezembro e a medida precisa ser submetida � delibera��o da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG).
Na decorr�ncia da calamidade p�blica, segundo a Lei Federal Complementar 101, s�o suspensas a contagem dos prazos e as disposi��es estabelecidas nos artigos da legisla��o que tratam sobre ultrapassar os limites de despesas com pessoal e de endividamento p�blico e a necessidade de enquadramentos para dirimir tais encargos. Se o decreto for aprovado, BH ser� dispensada de atingir os resultados fiscais e a limita��o de empenho prevista pelas metas fiscais.
Hoje, entra em vigor na capital mineira outra norma decretada pela prefeitura contra a dissemina��o do novo coronav�rus (Sars-Cov-2), que � a obriga��o do uso de m�scaras. De acordo com o Decreto Municipal 17.322, de 17 de abril, passa a ser obrigat�rio o uso de m�scaras ou cobertura sobre o nariz e boca em todos os espa�os p�blicos, equipamentos de transporte p�blico coletivo e estabelecimentos comerciais, industriais e de servi�os em Belo Horizonte.
A medida se faz obrigat�ria e tem tempo indeterminado. Todos os estabelecimentos comerciais, industriais e de servi�os dever�o impedir a entrada e a perman�ncia em seu interior de pessoas sem m�scaras ou cobertura no rosto. Caber� a eles afixar cartazes informativos sobre a forma de uso de m�scaras e o n�mero m�ximo de pessoas permitidas ao mesmo tempo dentro do estabelecimento.
Tamb�m como medida preventiva � prolifera��o do v�rus, desde a segunda-feira foi suspensa a gratuidade aos usu�rios de transporte p�blico que tenham mais de 65 anos nos hor�rios de pico, entre as 5h e as 8h59 e entre as 16h e as 19h.
O que � o coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19: