Ofensiva para tentar salvar o turismo em um dos destinos mais charmosos de Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas. Com a queda vertiginosa do n�mero de visitantes ao distrito de Lavras Novas em decorr�ncia da pandemia do novo coronav�rus, um grupo de empres�rios lan�a uma campanha para reaquecer os neg�cios. O objetivo � manter o foco na localidade, distante 20 quil�metros da sede municipal, fundada por garimpeiros em busca de riquezas que se exauriam em outros pontos da antiga Vila Rica e que, na hist�ria recente, havia descoberto no setor tur�stico seu novo tesouro.
Integrante do comit� de crise criado no distrito para enfrentar a situa��o considerada cr�tica, o empres�rio Thiago Mol, do ramo de turismo, explica que o objetivo � dar um “choque positivo e inverter o processo causado pela pandemia”. A ideia � dar descontos de 25% nas despesas em pousadas, hostels, camping, restaurantes, operadoras de turismo, lojas de suvenires e outros servi�os participantes da campanha.
Ele explica que a iniciativa estar� em vigor “do momento em as autoridades de sa�de derem por encerrado o isolamento social at� 31 de dezembro”. Haver�, acrescenta Mol, possibilidade de prorroga��o, dependendo da vontade do dono do estabelecimento.
O turista ter� direito ao desconto da seguinte forma: entra em contato com o empreendimento que participa da campanha e faz o dep�sito de um sinal determinado. “Quando o visitante for usufruir do servi�o comprado, ele pagar� o restante, com desconto de 25% sobre o valor total. Assim, se a di�ria da hospedagem custa R$ 100, no ato da reserva o turista ir� depositar at� R$ 50, e quando for usufruir do servi�o, dever� complementar com R$ 25”, explica Mol.
Com o dinheiro do dep�sito pr�vio, o empreendedor ter� capital para movimentar os neg�cios em Lavras Novas, que tem receita fundamentalmente baseada no turismo, destaca Mol. Como mostrou o Estado de Minas em 1° de abril, 95% dos moradores de Lavras Novas vivem do setor: s�o propriet�rios de pousadas, restaurantes e bares, al�m dos funcion�rios desses estabelecimentos. “Sem os visitantes, n�o h� renda”, diz Aguinaldo da Cruz, tamb�m do comit� de crise.
"Nunca encaramos nada igual a isso"
Os estragos causados pelo coronav�rus preocupam - e muito - o dono da Pousada Carumb�, Marcus Vin�cius Barroso, que ser� o presidente da Associa��o Comercial de Lavras Novas, entidade em processo de registro. “J� encaramos per�odos muito dif�ceis na regi�o, como o rompimento de barragem, chuvas torrenciais, mas nada igual a este momento”, afirma ele, que � dono da pousada h� 20 anos.
Se o quadro perdurar, Barroso teme pela s�rie de problemas que empreendedores v�o enfrentar para honrar compromissos e manter os empregos. “Esperamos que a campanha d� certo, pois o turismo aqui, com a maior parte dos visitantes de Belo Horizonte, movimenta tamb�m os distritos vizinhos”, afirma, em rela��o � iniciativa para manter os neg�cios no lugar.
De fato, passear agora pelo distrito � ver lojas fechadas, igrejas desertas, pousadas vazias e o sil�ncio imperando. Em uma das casas, um cartaz parece fazer um apelo singelo � provid�ncia divina nestes tempos de prova��o global: “Deus Santo, Deus forte, Deus imortal, tenha piedade de mim, da minha fam�lia e do mundo inteiro”.
"As pessoas daqui passaram a viver apenas do turismo, n�o plantaram nada al�m de restaurantes, chal�s e bares. Deixaram de lado a horta, a cria��o. Tomara que a colheita n�o seja muito dura"
Dona de pousada em Lavras Novas, que prefere o anonimato
Diante dos primeiros sinais da amea�a do novo coronav�rus, para evitar a circula��o de pessoas, o comit� de crise local, antecipando-se aos decretos estadual e municipal, enviou of�cios aos donos de bares, restaurantes, pousadas, chal�s e lojas solicitando o fechamento dos estabelecimentos por 15 dias ou enquanto durasse a amea�a da pandemia na regi�o. Cerca de 100 estabelecimentos aderiram � medida voluntariamente.
Tempos sombrios para um lugar que investiu praticamente todas as suas iniciativas em um mesmo fil�o. Para uma dona de pousada que preferiu n�o se identificar, o futuro do distrito p�s-pandemia precisar� ser redesenhado, repensado. “As pessoas daqui passaram a viver apenas do turismo, n�o plantaram nada al�m de restaurantes, chal�s e bares, e casas e quartos para alugar. Deixaram de lado a horta, uma cria��o, n�o plantaram nada no fundo do quintal. Ent�o, neste momento, v�o comer o qu�? Quarto, pousada? Imposs�vel... Tomara que a colheita n�o seja muito dura.”
Semana santa de igreja vazia
A passagem da semana santa sem as tradicionais cerim�nias na Capela Nossa Senhora dos Prazeres, padroeira de Lavras Novas, trouxe ang�stia para Maria das Gra�as Fernandes Marins, funcion�ria de uma padaria local. “Participo sempre da semana santa, foi a primeira vez que n�o tivemos. Se acabar o turismo, Lavras Novas voltar� ao que era antes. A gente buscava lenha no mato para fazer comida, catava cascalho para vender. Mas nem isso tem mais”, afirma.
Com o ouro esgotado e outros recursos tamb�m, a riqueza de Lavras Novas se tornou de fato sua natureza e o que a hist�ria gravou em suas ruas pacatas, suas ra�zes coloniais e o nome ligado ao ouro. De acordo com a literatura, “nos anos finais do s�culo 18, muitas minas se esgotaram, trazendo estagna��o econ�mica a v�rios arraiais pr�ximos a Vila Rica, atual Ouro Preto, mas novas expedi��es continuaram � procura de ouro em seus arredores”.
Assim surgiu Lavras Novas, que recebeu o nome “por ter lavras de ouro descobertas posteriormente, ou seja, uma explora��o aur�fera mais recente se comparada com outros arraiais mais antigos de Ouro Preto, a exemplo de S�o Bartolomeu e Ant�nio Pereira”.
No Centro do distrito, chama a aten��o a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, uma “devo��o incomum em Minas Gerais”. Conforme registros, o templo foi erguido em 1762 e, na frente, est� o cruzeiro de pedra, “s�mbolo da f� e religiosidade dos pioneiros” conservado at� hoje pela comunidade.
Lavras Novas costumava dobrar sua popula��o de mil habitantes nos fins de semana, atraindo gente de todo canto. Agora, com as tardes mais frias, j� era para ter mais movimento, mas tudo segue parado. A esperan�a de um novo renascimento, agora, se concentra nas a��es do comit� criado para enfrentar a situa��o. E ela ainda pode se agravar, embora o distrito n�o registre casos suspeitos de coronav�rus, segundo a Unidade B�sica de Sa�de local, que atende ainda os distritos de Chapada e Santo Ant�nio do Salto.
O que � o coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o coronav�rus � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.
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