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Estado de Minas ISOLAMENTO SOCIAL

Coronav�rus: seguran�a aponta recuo de 27% nos crimes violentos em Minas

Mas estudos detectam alta nas ocorr�ncias dom�sticas, sob efeito do isolamento


postado em 28/05/2020 04:00 / atualizado em 28/05/2020 07:05

Vista da Praça Sete em tempos de maior isolamento: medidas deixaram vias vazias e reduziram oportunidade de ação de bandidos(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 28/3/20)
Vista da Pra�a Sete em tempos de maior isolamento: medidas deixaram vias vazias e reduziram oportunidade de a��o de bandidos (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press - 28/3/20)

 

O isolamento mudou a din�mica do medo. Reduziu crimes nas ruas, mas muitas pessoas passaram a ser alvo dentro da pr�pria casa. Ainda que as ocorr�ncias dom�sticas prossigam e haja proje��o de que cres�am, os crimes violentos em geral ca�ram 27% no estado entre janeiro e abril, na compara��o com os quatro primeiros meses do ano passado. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp), as ocorr�ncias de estupro, extors�o, sequestro, homic�dio e roubo despencaram nesse per�odo, de 26.231 para 19.119.

 

Por outro lado, um estudo do Fundo de Popula��o das Na��es Unidas (UNFPA) calcula que o isolamento causar� aumento m�dio de 20% na viol�ncia dom�stica. Na Grande BH, 39,7% das pessoas entrevistadas em pesquisa do Instituto Olhar/Crisp-UFMG disseram ter percebido alguma forma de viol�ncia, como mostrou reportagem do Estado de Minas publicada no dia 11 (leia texto nesta p�gina).

 

Em paralelo � pesquisa do �rg�o internacional, o F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica informa que as den�ncias de agress�es dom�sticas diminu�ram com o isolamento devido �s dificuldades de as v�timas deixarem a casa onde convivem com os agressores. Para a coordenadora do curso de psicologia da Est�cio, Renata Mafra, � preciso prote��o � vida das mulheres v�timas de agress�o durante a quarentena.

 

“Se o isolamento social coloca essa mulher em condi��o de risco de morte pela viol�ncia maior do que o perigo de contamina��o pelo v�rus, ela precisa de um outro lugar, um ambiente seguro que a mantenha no isolamento, porque ao lado do parceiro esse afastamento n�o ser� protetivo. Ent�o, � necess�rio buscar ajuda do Estado e de quem est� pr�ximo”, defende a psic�loga.

 

Homic�dios Do lado de fora das resid�ncias em afastamento social, o destaque maior � para os crimes contra a vida, que chegaram a registrar uma redu��o de 33% nos quatro meses deste ano, quando ocorreram 924 homic�dios, ante o mesmo per�odo do ano passado, em que 1.374 crimes foram computados. Para especialistas, esse � um reflexo n�tido do isolamento, mas tamb�m de uma profissionaliza��o das for�as de seguran�a p�blica.

 

Outro crime que teve seus �ndices reduzidos foi o de roubo, que consiste em a pessoa ter seus bens tirados sob agress�o ou grave amea�a. Essa modalidade criminosa chegou a registrar 20.793 casos nos primeiros quatro meses de 2019, sempre com m�dia de 5 mil casos mensais. Neste ano de isolamento, os registros ficaram em 14.999, uma queda de 28%, sendo que mar�o, quando o isolamento come�ou, registrou 3.536 roubos, e em abril, o primeiro m�s completo de afastamento, houve 2.700 delitos do tipo em Minas Gerais.

 

A redu��o dos homic�dios na capital, no entanto, foi pequena nesse mesmo per�odo. De janeiro a abril de 2019, foram registrados 133 assassinatos, contra 129 em igual per�odo deste ano, uma diminui��o de 3%. No m�s passado, sob distanciamento social, ocorreram 29 mortes, enquanto em igual per�odo de 2019 elas chegaram a 33.

 

O coordenador de Opera��o da Pol�cia Civil de MG, delegado Alo�sio Daniel Fagundes, afirma que, com o isolamento, era previsto que crimes de oportunidade fossem reduzidos, mas isso n�o trouxe conforto para a �rea da seguran�a. “N�o sabemos como ser� com o prolongar do tempo de isolamento, quais os impactos econ�micos e se eles podem refletir num aumento dos crimes patrimoniais. Temos trabalhado no dia a dia para que qualquer desvio seja identificado e uma medida tomada”, disse.

 

Um dos aspectos que o policial considera fundamental � o de manter a pol�cia trabalhando. “As pessoas precisam ver que mesmo nesses tempos as delegacias est�o abertas e a pol�cia trabalhando. Isso d� uma sensa��o subjetiva de seguran�a, que � importante. Claro que � um trabalho que busca n�o causar aglomera��es, mas que n�o pode parar”, disse.

 

Outro fator que tamb�m pode ter colaborado para que os crimes n�o disparem � a possibilidade de poss�veis criminosos estarem recebendo o aux�lio federal que beneficia informais. “Isso faz sentido, pois uma grande parte desses crimes tem origem na parcela mais carente da popula��o”, observa.

 

A tend�ncia de queda dos �ndices de criminalidade j� vinha sendo observada pelo professor Br�ulio Figueiredo Alves da Silva, do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Seguran�a P�blica (Crisp) da UFMG. “Temos uma n�tida trajet�ria de redu��o consistente dos �ndices de criminalidade em Minas Gerais, sobretudo dos roubos. Mas, com o isolamento, certamente ocorreu uma redu��o dos chamados crimes de oportunidade. Como a rotina das pessoas foi alterada e todos est�o mais em casa, reduziu-se a oportunidade de encontro entre v�timas e autores. As pessoas que circulavam nas ruas e eram v�timas ficaram mais em casa e isso explicaria a redu��o”, afirma o pesquisador.

 

Criminalidade Um dos fatores que v�m sendo destacados por reduzir os �ndices de criminalidade anualmente � a maior profissionaliza��o das for�as de seguran�a p�blica. “Em Minas, h� muito tempo a seguran�a p�blica se profissionalizou. Independentemente dos governos, as pol�cias tiveram um momento de integra��o que foi muito eficaz. A preven��o foi bem aplicada, bem como a investiga��o pela Pol�cia Civil, e isso � um fruto que j� v�nhamos colhendo. � evidente que temos muito a caminhar. Temos for�as de seguran�a muito capazes, mas o desafio ainda � grande”, observa Br�ulio da Silva.

  
 

Agress�o que se esconde entre quatro paredes

 
Oficialmente, as ocorr�ncias de viol�ncia dom�stica tamb�m sofreram uma redu��o de janeiro a abril, de 6%, passando de 52.264 para 49.024. Comparando apenas abril com igual m�s do ano passado, a diminui��o � de 14%, de 12.539 para 10.748. Em BH, foram computadas 1.077 ocorr�ncias de viol�ncia dom�stica em abril, n�mero 32% inferior aos 1.577 registros de 2019. No entanto, o soci�logo Br�ulio Silva, pesquisador do Crisp/UFMG, chama a aten��o para prov�vel subnotifica��o, uma vez que a viol�ncia que ocorre dentro das casas envolve pessoas conhecidas ou que t�m la�os afetivos com as v�timas.

 “Temos redu��o de crimes residenciais, como arrombamentos, roubo de ve�culos, que em vez de circular est�o nas garagens, mas a viol�ncia dom�stica aumentou. Na maior parte das vezes, as v�timas s�o mulheres, o ofensor � conhecido e convive com elas. Geralmente a agress�o parte dos companheiros e o isolamento potencializou esses conflitos”, analisa.

No dia 11, reportagem do EM mostrou com exclusividade uma pesquisa feita pelo Instituto Olhar/Crisp-UFMG sobre o isolamento e a viol�ncia dom�stica. De acordo com o levantamento, 35,8% dos 2.531 entrevistados em todo o Brasil observaram formas de viol�ncia dom�stica durante o afastamento social, sendo que esse �ndice em BH e regi�o metropolitana chegou a 39,7%.

Entre os entrevistados da Grande BH, 6,5% disseram que vivenciaram pela primeira vez uma situa��o de viol�ncia em suas casas. Outros 9,4% afirmaram que formas de hostilidade j� experimentadas desta vez foram mais intensas, seja por serem prolongadas ou com uma escalada de agressividade. A maioria, 23,8%, percebe que a viol�ncia que conhecem dentro de suas resid�ncias se repetiu no ambiente de afastamento comunit�rio. A pesquisa foi realizada entre 16 e 21 de abril.

Mesmo com a viol�ncia experimentada dentro de casa, o pesquisador do Crisp-UFMG considera que os efeitos do afastamento social sobre os crimes em geral e tamb�m sobre a infec��o pelo novo coronav�rus foram positivos. “O isolamento foi muito importante, mesmo com essas consequ�ncias. Minas Gerais est� colhendo os frutos de ter se adiantado nessa medida, com uma das menores taxas de ocupa��o de leitos. N�o podemos deixar de pensar que isso pode levar a problemas, como quest�es relacionadas � sociabilidade dentro de casa e �s mudan�as de h�bitos. O isolamento permitiu mudar h�bitos, quebrou um pouco do dinamismo, mas acirrou outros conflitos e trouxe impactos econ�micos”, afirma Silva.

 


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