
Cinco meses depois, a Pol�cia Civil concluiu a investiga��o sobre o caso da contamina��o de cervejas da Backer. Os resultados ser�o apresentados nesta ter�a-feira (9) no audit�rio do Departamento de Tr�nsito (Detran), localizado na Avenida Jo�o Pinheiro, no Bairro Boa Viagem, Centro-Sul de Belo Horizonte.
Segundo a pol�cia, o inqu�rito tem 4 mil p�ginas e 70 pessoas foram ouvidas durante as investiga��es, entre v�timas, parentes e pessoas ligadas � empresa.
Os documentos incluem ao menos 42 pessoas intoxicadas por dietilenoglicol, a subst�ncia encontrada em lotes da Backer, sendo que nove delas morreram.
A divulga��o dos detalhes sobre a investiga��o conduzida pela 4ª Delegacia de Pol�cia Civil do Barreiro vai acontecer �s 10h. Os entrevistados ser�o o delegado Fl�vio Rossi, que est� � frente dos trabalhos, e o superintendente de pol�cia t�cnico-cient�fica, m�dico-legista Thales Bittencourt.
Na edi��o desta segunda-feira (8), o Estado de Minas contou em que p� est� a luta das v�timas por justi�a. Apesar de decis�o judicial que obriga a cervejaria a arcar com os custos dos tratamentos das pessoas, isso ainda n�o aconteceu.
Oficialmente, a Backer alega que o bloqueio de bens decretado pela Justi�a, que se estendeu a todos os acionistas da marca, impede que a empresa pague as v�timas.
“A Backer n�o deu aux�lio algum �s v�timas. Mesmo j� possuindo decis�o judicial h� praticamente quatro meses para que ela preste o aux�lio e depois de se reunir, no in�cio de fevereiro, com as v�timas, a empresa n�o est� ajudando ningu�m”, explica o advogado Guilherme Leroy, que defende duas v�timas no processo contra a cervejaria.
Segundo Leroy, a Backer teve faturamento de quase R$ 80 milh�es em 2019, mas a Justi�a encontrou apenas R$ 12 mil nas contas da empresa.
“Primeira coisa � que a gente precisa entender que essa � s� a primeira parte, emergencial, depois vem a indeniza��o, em valores maiores. A gente tem buscado bens que possam responder por esses valores”, afirma o advogado.
Est�o bloqueados, hoje, R$ 50 milh�es da Backer por ordem judicial. A tese de que esse bloqueio impede o pagamento �s v�timas � refutada pelo advogado Cl�udio Diniz J�nior, defensor de tr�s pessoas que consumiram a subst�ncia qu�mica dietilenoglicol.
“O fato de bloquear um bem em momento nenhum � sin�nimo de n�o poder vender esse bem. Ele deve ser vendido para gerar liquidez para auxiliar as v�timas”, disse ao EM, em maio, quando outra reportagem sobre o assunto veio a p�blico.
V�tima deixa hospital
“Dia 28 de maio foi meu anivers�rio no hospital e levaram bolo de anivers�rio. Foi o primeiro anivers�rio do primeiro ano do resto da minha vida. � outra vida que estou vivendo”. O depoimento � do banc�rio Luciano Guilherme de Barros, de 57 anos, que estava internado na unidade do hospital Mater Dei do Bairro Santo Agostinho, Centro-Sul de BH, desde 6 de dezembro. Ele recebeu alta na �ltima semana.
O terror vivido por Luciano e sua fam�lia come�ou durante a megacampanha de vendas do varejo Black Friday, quando o morador do Bairro Buritis, no Oeste de BH, aproveitou oferta para comprar 20 garrafas do r�tulo Belorizontina, o mais contaminado da Backer.
“Fui trabalhar numa quinta-feira e senti que minha press�o estava alta. Fui ao Biocor e mediram. Passava de 22 pontos. Fui medicado e voltei pra casa. No outro dia pela manh�, sentia fortes dores abdominais. Precisei ir ao Mater Dei e s� sa� agora”, conta o banc�rio.
Nesse per�odo, Luciano viveu momentos cr�ticos. Sofreu uma parada card�aca, teve insufici�ncia renal, parou de andar e perdeu completamente os movimentos da face.
Ficou entubado por 45 dias e chegou a pesar apenas 35 quilos. “Meu tratamento daqui pra frente � com fonoaudiologia e fisioterapia. A equipe do hospital foi fant�stica para me recuperar. Aos poucos, estou evoluindo. Consigo falar, mas tenho dificuldade para sorrir, ouvir e mastigar”, conta.
Enquanto ainda faz o tratamento e luta para recuperar os movimentos, Luciano denuncia o descaso da Backer em meio ao tratamento.
“Eu lia reportagens sobre o sucesso da empresa e ficava feliz por ela ser mineira como eu. Gostava da cerveja. Mas, minha decep��o � total. O meu maior medo � n�o ter condi��o financeira. N�o quero viver do dinheiro deles, s� quero que me paguem o que � devido”, reclama.
A Backer informou que das 20 pessoas que integram a a��o movida pelo Minist�rio P�blico, apenas tr�s apresentaram “os comprovantes de despesa exigidos pela Justi�a”. A empresa n�o informou se Luciano est� ou n�o entre essas pessoas.