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Estado de Minas

Coronav�rus amea�a seguran�a no transporte p�blico

Circula��o entre as diferentes �reas da cidade exige gerenciamento cuidadoso para que transporte p�blico n�o vire difusor do coronav�rus


22/06/2020 04:00 - atualizado 22/06/2020 08:40

Passageiros esperam ônibus em Belo Horizonte usando máscaras: acessório é recomendado como proteção contra o coronavírus(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Passageiros esperam �nibus em Belo Horizonte usando m�scaras: acess�rio � recomendado como prote��o contra o coronav�rus (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Belo Horizonte assistiu a uma forte eleva��o dos casos da COVID-19 nas duas �ltimas semanas, sobretudo fora dos bairros com maior concentra��o de renda, majoritariamente atingidos no in�cio da pandemia. A explica��o, segundo especialistas, passa pelo retorno de boa parte dos empregos e pelo maior uso do transporte p�blico, que, se n�o gerenciado da maneira correta, pode se tornar vetor da doen�a, acelerando sua propaga��o, principalmente entre os mais pobres. “A partir do momento em que pessoas voltam a ter contato no trabalho, o transporte coletivo pode vir a funcionar como difusor (do v�rus) entre as classes sociais mais vulner�veis”, explica o urbanista e coordenador do curso de Engenharia de Transportes do Cefet-MG, Guilherme Leiva. Ele ressalta, no entanto, que se for bem gerenciado, o transporte p�blico pode se tornar at� mesmo uma ferramenta para garantir maior isolamento social em BH.

O temor de especialistas ouvidos pela reportagem � que essa transforma��o do transporte p�blico em  vetor da prolifera��o do novo coronav�rus ocorra daqui pra frente, justamente no momento em que a estrutura de sa�de do estado enfrenta dificuldades, com colapso na oferta de leitos de UTI e enfermaria em algumas regi�es.

No in�cio da pandemia, a maioria dos bairros afetados era de classe m�dia e alta, caso do Buritis e Gutierrez, no Oeste da cidade, e do Lourdes e Funcion�rios, no Centro-Sul. Nas �ltimas duas semanas, por�m, o quadro mudou: moradores de vilas e favelas passaram a ser v�timas. Para o engenheiro e urbanista Guilherme Leiva, esse movimento � consequ�ncia sobretudo da flexibiliza��o das atividades e do conv�vio que a medida propicia. As pessoas se infectam, principalmente, ao conviver com colegas de trabalho e levam o v�rus para dentro dos coletivos e do metr�, o que pode fazer do transporte p�blico o vil�o da hist�ria caso n�o seja bem gerenciado, explica. "O transporte coletivo, nesse segundo momento, se torna difusor do v�rus. A contamina��o passa a ser transversal", afirma.

N�meros ilustram o coment�rio do professor. Em boletim divulgado no dia 17, o n�mero de casos em bairros com a palavra “vila”, em geral os mais pobres, em seu nome saltou para 38. No levantamento anterior, eram 10. Uma diferen�a de 280%. Al�m disso, o Alto Vera Cruz, uma das maiores favelas da cidade, se tornou a localidade com mais mortes: tr�s, ao lado do Bairro Pompeia, ambos na Regi�o Leste de BH.

Na tentativa de barrar o avan�o da doen�a, n�o faltaram medidas para reduzir o n�mero de usu�rios do transporte p�blico desde o in�cio da pandemia, dado que o ambiente fechado � ingrediente importante para a prolifera��o do coronav�rus. A prefeitura chegou a suspender a gratuidade para idosos nos hor�rios de pico, no intuito de desestimular as viagens desse grupo de risco quando os ve�culos est�o mais cheios, mas a regra caiu depois de decis�o judicial. Hoje, as armas contra a virose nos �nibus e no metr� s�o as j� conhecidas por todos: �lcool em gel, higieniza��o frequente das estruturas mais expostas e o uso de m�scaras. Mas isso basta? Al�m do mais, quem fiscaliza?

“Idealmente, a desinfec��o deveria ser feita a cada viagem. Mas, o controle disso � muito dif�cil. Os �rg�os p�blicos sempre t�m dificuldade de fiscalizar. Isso vale para todos os servi�os", pontua o presidente da Associa��o Brasileira de Engenharia Sanit�ria e Ambiental em Minas Gerais, Rog�rio Siqueira.

Anteparo isola motorista em veículo, onde um dispenser com álcool em gel está à disposição dos usuários, como ocorre também em alguns pontos do transporte público(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Anteparo isola motorista em ve�culo, onde um dispenser com �lcool em gel est� � disposi��o dos usu�rios, como ocorre tamb�m em alguns pontos do transporte p�blico (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


Exposi��o

Para o coordenador do curso de Engenharia de Transportes do Cefet-MG, Guilherme Leiva, a discuss�o ultrapassa a quest�o da higieniza��o. “Em termos de opera��o, � preciso reduzir a capacidade dos ve�culos. N�o se pode usar a l�gica de cinco passageiros por metro quadrado. O ideal � um passageiro por m². Al�m disso, � importante voc� ter viagens mais r�pidas. Identificar quais s�o os pontos priorit�rios e evitar paradas desnecess�rias”, explica.

Segundo Leiva, desde que as concess�es dos �nibus sa�ram, com exce��o da entrada do sistema Move, poucas altera��es foram feitas nas rotas dos coletivos na cidade. Isso faz com que haja uma esp�cie de retrabalho entre as linhas, o que numa pandemia � prejudicial. “Todos os estudos indicam que o contato imediato n�o � fator mais determinante para infec��o, mas a longa exposi��o � pe�a-chave. N�o podemos deixar de atender a popula��o, mas com o volume de informa��es que a prefeitura tem, � poss�vel garantir um isolamento social maior a partir da gest�o do transporte”, opina o professor do Cefet.

BHTrans e empresas

De acordo com o presidente da BHTrans, C�lio Bouzada, o controle durante a pandemia come�a j� na administra��o da frota e no estudo sobre o quadro de hor�rio dos coletivos. "Todos os dias, damos uma olhada como foi a frequ�ncia dentro do �nibus: viagem a viagem e linha a linha. Todos os dias, o quadro de hor�rios se altera e a gente coloca mais viagens onde precisa”, diz. Atualmente, BH opera com uma frota de 2.853 ve�culos, cerca de 60% da frota.

Ele tamb�m ressaltou outras medidas adotadas pela BHTrans em conjunto com as empresas. Segundo ele, entre a semana atrasada e a passada,  o n�mero de passageiros dentro dos �nibus diminuiu. “O protocolo que adotamos � de restringir o n�mero de pessoas em p�. � l�gico que no decorrer da viagem, �s vezes, voc� n�o consegue fazer esse controle. Mas � preciso ressaltar que todos os �nibus s�o higienizados completamente � noite e ao fim de cada viagem", completou. C�lio Bouzada tamb�m alertou aos passageiros que evitem conversar dentro dos coletivos para a diminui��o dos riscos.

Procurado, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) informou que o cons�rcio Transf�cil tem realizado blitzes educativas nas esta��es com distribui��o de m�scaras. As empresas tamb�m t�m distribu�do cart�es BHBus para evitar o uso do dinheiro vivo.

Dentro dos ve�culos, as empresas instalaram dispensers de �lcool em gel em toda a frota, segundo o sindicato. H�, ainda, desinfec��o "ao longo de todo o dia nas esta��es", bem como dos coletivos nas garagens. O produto usado � � base de �lcool, detergente e cloro. Os motoristas do grupo de risco permanecem afastados do trabalho. Aqueles que est�o em expediente, segundo o sindicato, recebem �lcool em gel e instru��es para adotar cuidados com a higieniza��o pessoal.

Metr�

J� a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), respons�vel por gerenciar o metr� de BH, informou que elevou a circula��o de trens acoplados durante a pandemia para aumentar a dist�ncia entre os usu�rios. A escala de hor�rios tamb�m foi redimensionada: atualmente das 5h40 �s 20h.

Segundo a CBTU,  s�o feitas, em m�dia, 118 viagens entre BH e Contagem. Cada trem, segundo n�meros da estatal, carrega uma m�dia de 2 mil pessoas por viagem atualmente, uma queda de 65% em rela��o ao habitual. Ainda de acordo com a companhia, a oferta de assentos � quase cinco vezes o n�mero de usu�rios/dia.

Quanto � limpeza, a empresa informa que intensificou a desinfec��o das catracas, sistema de bilhetagem, balc�es, bilheterias, trens etc. A desinfec��o usa produtos qu�micos e as equipes foram treinadas, segundo a CBTU, por militares das For�as Armadas. S�o 230 pessoas no trabalho em BH, uma m�dia de 12 por esta��o. H�, ainda, um canal para den�ncia de pessoas que desrespeitarem as normas: (31) 99999-1108.

Proposta de segurança: três fileiras de assentos e ar-condicionado com luz ultravioleta(foto: Marcopolo/Divulgação )
Proposta de seguran�a: tr�s fileiras de assentos e ar-condicionado com luz ultravioleta (foto: Marcopolo/Divulga��o )


Ferramentas para um futuro saud�vel

A rela��o do poder p�blico com o transporte durante a pandemia traz � tona, mais uma vez, o debate da mobilidade urbana em Belo Horizonte. Especialistas defendem que, al�m da necessidade de educar os usu�rios num momento de crise da sa�de p�blica e de proteg�-los a partir de medidas de seguran�a, as autoridades precisam se preocupar com o cen�rio a longo prazo: passar a mensagem de que os �nibus e o metr� s�o inseguros pode ser prejudicial para uma metr�pole mais “saud�vel” do ponto de vista urban�stico no futuro.

Estudar todos esses reflexos � o objetivo de um projeto de pesquisa financiado pelo Cefet e que conta com pesquisadores do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMG e do Programa de Engenharia e Transporte da UFRJ. Cientistas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) tamb�m participam do grupo de trabalho.

Para o professor Guilherme Leiva, coordenador do curso de Engenharia de Transportes do Cefet/MG e membro do projeto, a comunica��o � fator fundamental para n�o demonizar o transporte p�blico durante a pandemia. “A gente n�o pode, por causa do medo das pessoas de andar de �nibus e metr�, voltar a supervalorizar o carro. A gente n�o pode encarar o transporte coletivo como um problema. N�o podemos ter um individualismo cada vez maior na nossa sociedade”, alerta.

“� l�gico que se a gente n�o cuidar, ele pode se tornar um vetor de transmiss�o, mas se for bem gerenciado, melhoramos o transporte da cidade. Com uma gest�o eficiente, ele pode ser uma ferramenta muito mais �til que um problema. Uma cidade com menos carros, � uma cidade mais saud�vel, com qualidade do ar melhor”, completa o professor.

E a melhoria da qualidade do ar durante a pandemia, evidentemente reflexo do isolamento social, se traduz em n�meros. Segundo estudo da Funda��o Estadual do Meio Ambiente (Feam), a quarentena resultou, em maio, em uma redu��o de 45% do material particulado fino lan�ado na atmosfera, um dos mais prejudiciais � sa�de humana.

Esses dados, para Guilherme Leiva, configuram uma oportunidade. “� preciso pensar em espa�os p�blicos mais democr�ticos a longo prazo. Com cal�adas mais largas, mais �reas verdes. � pensar no uso da bicicleta, do transporte p�blico. � valorizar o espa�o p�blico, como se tornou tend�ncia na Europa, por exemplo", pontua.

Alternativa

Por mais que seja ainda uma alternativa com ares ut�picos, a empresa Marcopolo criou um �nibus, em parceria com a Valeo Thermal Bus Systems, com sistema ar-condicionado com luz ultravioleta. Essa tecnologia n�o mata o novo coronav�rus, mas o impede de infectar seres humanos, conforme estudos conduzidos por pesquisadores de diferentes partes do mundo durante a pandemia. Al�m disso, em vez de usar duas fileiras com duas poltronas de cada lado, o coletivo foi constru�do com tr�s filas, cada uma com um assento.

“Uma an�lise preliminar da qualidade do ar no interior do �nibus com esse equipamento ligado demonstrou condi��es �timas do ar. O resultado, se identificado em um ambiente cr�tico, como servi�os de sa�de, seria compar�vel aos limites classificados como �timos para enfermarias”, explica Luciano Resner, diretor de engenharia da Marcopolo.

O equipamento tem l�mpadas com vida �til de aproximadamente 8 mil horas e ser� vendido como opcional nos ve�culos da empresa, tanto para o mercado brasileiro quanto para o internacional.


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 O que � o coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 � transmitida?

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia


Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 

  


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