
Uma luz na escurid�o, j� dizia o poeta. Por mais que sejam tempos sombrios, n�o esmorece o impulso para transformar. Tranformar vidas, reescrever hist�rias. Quando tudo sugere a negatividade, tamb�m h� o que contar sobre o afeto e a solidariedade. Sentimentos de uni�o e carinho que n�o desaparecem, mesmo com a pandemia. O que aconteceu com o morador de rua Ant�nio Medeiros J�nior, de 37 anos, � motivo para acreditar.
Ele vive em Belo Horizonte. Negro, sem emprego, solteiro e sem filhos, sofreu um derrame pleural no in�cio de junho. No segundo dia daquele m�s, deu entrada no Hospital da Baleia. Os sintomas como tosse, dor aguda no peito e falta de ar foram, no primeiro momento, associados � infec��o pelo coronav�rus, mas esse n�o foi o diagn�stico.
Logo no princ�pio de julho, depois do tratamento e da recupera��o, recebeu alta. Mas como voltar para casa, se n�o existe para onde ir? � a� que come�a a reviravolta. Ant�nio foi liberado pelos m�dicos, por�m, diante de uma situa��o prec�ria de vida, o hospital o acolheu. Ele p�de continuar na institui��o at� que conseguisse abrigo. E ali fez muitos amigos.
Bem cuidado e alimentado, n�o mais voltou � situa��o de abandono nas ruas, e ficou longe dos perigos de, em outro infort�nio, contrair a COVID-19. Hoje, agradece pelo afeto recebido por todos no Hospital da Baleia.
Enfermeiros e colaboradores administrativos se tornaram uma nova fam�lia, no cora��o. Sensibilizada, a equipe de enfermagem, inclusive, reuniu roupas e comprou materiais de desenho, uma paix�o de Ant�nio, que tamb�m ganhou um celular, doado por outro funcion�rio do hospital.
Deixou a unidade de sa�de em 27 de julho, n�o sem antes escrever uma carta de gratid�o, no texto em que enaltece o atendimento m�dico dispensado e o apoio dos novos amigos. O depoimento chegou ao setor de Recursos Humanos do Hospital da Baleia.
Come�ou a� uma grande mobiliza��o solid�ria e Ant�nio, que tem o ensino m�dio completo, acabou contratado pelo hospital. A partir de 3 de agosto, ingressou no time de seguran�a da institui��o, e j� � elogiado pela boa postura e desempenho na nova atividade - conquistou a confian�a de todos.
E n�o para por a�. Ant�nio agora mora em uma rep�blica no Centro da capital. Uma hist�ria sobre f�, esperan�a e convic��o de que dias melhores vir�o.
Leia a carta que Ant�nio dedicou aos amigos do Hospital da Baleia e que intitulou "A primeira impress�o":
