

Mobiliza��o
Ainda sob o impacto do desaparecimento da sobrinha, a enfermeira aposentada V�nia de Freitas Drumond, 68 anos, conversou com a reportagem do Estado de Minas, na manh� desta segunda-feira (28). At� a �ltima atualiza��o dessa reportagem, Mariana ainda n�o tinha sido encontrada.
A tia da estudante contou que a fam�lia pediu � Guarda Municipal que fique atenta em sua ronda pela cidade, em especial pelas regi�es Leste, onde Mariana mora, no Bairro Santa Efig�nia, e Centro-Sul, local que teria sido vista, nesse domingo (27), andando na Avenida Afonso Pena, onde ocorria a reabertura da Feira Hippie.
A Pol�cia Civil de Minas Gerais informou, tamb�m nesta segunda-feira, que j� gerou o alerta de desaparecimento e confeccionou o cartaz de pessoa desaparecida. As investiga��es est�o em andamento na tentativa de localizar a estudante. Quem tiver informa��es, pode colaborar pelo 0800-282819.
“Menina muito especial’’
“Ela (Mariana) � uma menina muito especial, inteligente, de muita sensibilidade para o desenho, gosta de desenhar e que tinha uma vida escolar normal. Fazia educa��o f�sica at� surgir esse problema”, relata V�nia, se referindo ao primeiro epis�dio de surto da estudante, conforme ela, h� aproximadamente oito anos.
V�nia contou que, desde ent�o, a sobrinha tem sido tratada com acompanhamento m�dico-psiqui�trico e hospitalar. H� dois meses, ela obteve alta da interna��o, no Hospital Andr� Luiz, no Bairro Salgado Filho, na Regi�o Oeste de Belo Horizonte.
Segundo contoua tia, a fam�lia est� ''em uma roda-viva'' em busca de Mariana.
Psicofobia
A psiquiatra Mar�lia Brand�o Lemos destaca que, como acontece com todos que s�o diferentes no espectro chamado ''normalidade'', pacientes com transtorno mental tamb�m “s�o muito discriminados”.
“Apesar de ter melhorado, ainda sobrevive o que chamamos de psicofobia”, afirmou a m�dica, detalhando que esse sentimento n�o � voltado apenas para o paciente, mas tamb�m para os profissionais da �rea de sa�de mental. "Associado a doido, doidinho'', critica.
� como se existissem, compara a psiquiatra, doen�as "mais nobres ou menos nobres’’. Para efeito de compara��o, cita a m�dica, doen�as card�acas s�o mais aceit�veis do que as que envolvem o ‘’ sofrimento mental” – express�o que o psiquiatra Paulo Jos� Teixeira diz que j� deveria ter sido superada pelo termo adequado: transtorno psiqui�trico.
Tratamento
No caso espec�fico da esquizofrenia, Paulo pontua que, de acordo com a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), o espectro de gravidade desse transtorno � muito amplo. E que, em todos o casos, por�m, “� fundamental que o paciente tenha acesso ao tratamento”.
O psiquiatra ressalta que, muitas vezes, esse direito � negado � maioria da popula��o com transtornos psiqui�tricos.
Segundo o psiquiatra, a ci�ncia hoje tem obtido mais sucesso no tratamento dos mais diversos casos de transtornos mentais, com o paciente conseguindo levar uma vida, profissional e pessoal, “dentro ou pr�ximo do normal’’.
Paulo faz uma cr�tica contundente, em especial, ao sistema p�blico de sa�de. Ele lembra que, al�m de medica��o adequada, o paciente com transtorno mental, �s vezes, precisa de interna��o.
O Brasil, lembra o m�dico, ainda patina para atender a recomenda��o da OMS na rela��o leitos psiqui�tricos por n�mero de habitantes. “Estamos aqu�m do recomendado, hoje entre um ter�o e um quarto do necess�rio”, lamenta.
Pandemia
Mar�lia e Paulo disseram tamb�m que ainda n�o h� estat�stica confi�vel sobre o aumento dos casos de transtorno mental durante a pandemia do coronav�rus. Entretanto, relatos colhidos em consult�rio ou nos hospitais, indicam um aumento dos casos, que v�o desde depress�o, diagnosticada pela primeira vez, at� a piora de sintomas de pacientes diversos em tratamento.
Setembro Amarelo
Ambos os psiquiatras tamb�m lembraram do Setembro Amarelo – campanha anual de preven��o ao suic�dio. Dados da OMS atestam que 90% dos casos de suic�dio poderiam ser evitados. “Porque de alguma forma, a pessoa falou, deu sinais”, alerta Mar�lia, se referindo aos sinais de mudan�a no comportamento habitual de quem est� prestes a cometer um ato de auto exterm�nio.
Culpa
Mar�lia tamb�m abordou a quest�o da culpa que muitas vezes ronda a fam�lia e amigos de pacientes com transtorno mental. “S�o acusados socialmente: como n�o percebeu, como n�o olhou. Nesses casos, a terapia ajuda muito”, prescreve a psiquiatra.
Site
A Universidade Federal de Minas Gerais, lan�ou, na semana passada, um site voltado para a sa�de mental, destinado a pacientes, familiares e profissionais.