Uma das aeronaves usadas pelo Corpo de Bombeiros no combate ao fogo (foto: Corpo de Bombeiros/Divulga��o)
O combate ao inc�ndio na Serra do Cip�, na Grande BH, nesta sexta-feira conta com o apoio de duas aeronaves AirTractor que despejam �gua sobre as chamas. S�o mais de 100 pessoas envolvidas no combate ao fogo, que come�ou no domingo.
Segundo o boletim do Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio), pouco antes das 6h, foi feito um sobrevoo de reconhecimento para ver a situa��o dos focos de inc�ndio na unidade de conserva��o e na �rea de Prote��o Ambiental Morro da Pedreira.
O combate come�ou por volta das 7h com prioridade nos setores Confins, Caetana e Travess�o. “Dois avi�es AirTractor realizando lan�amentos, neste momento tentando extinguir, com apoio da Brigada em solo, a linha que avan�a sobre a Serra da Caetana e amea�a novamente de entrar na parte que foi defendida no Cap�o dos Palmitos”, informa o boletim, divulgado �s 10h.
"Este � o primeiro ano que o Corpo de Bombeiros Militar loca horas de voo do Air Tractor para o combate �s chamas, que anteriormente eram combatidos com o aux�lio de helic�pteros 'bambi bucket' (cestos), com capacidade para 400 litros. A aeronave gera mais autonomia, otimiza a opera��o, tornando mais eficiente a atua��o dos militares. Economicamente, o Air Tractor tamb�m se torna mais vantajoso que os helic�pteros, uma vez que reduz o n�mero de viagens e, consequentemente, a reposi��o de combust�vel", informou a corpora��o nesta manh�.
(foto: ICMBio/Divulga��o)
Duro combate � devasta��o
As autoridades estimam que as chamas j� tenham consumido quase 10 mil hectares de vegeta��o da unidade de conserva��o, que se estende por cidades da Grande BH e Regi�o Central de Minas, mas ainda n�o h� como precisar as perdas, o que somente ser� feito quando os trabalhos terminarem. N�o h� previs�o de t�rmino.
As �reas queimadas, que somavam ontem em torno de 9,1 mil hectares, est�o divididas entre tr�s setores. No Confins, segundo o levantamento preliminar, 4,6 mil ha foram consumidos. No Altamira, 1,7 mil ha. E no Travess�o, 2,8 mil ha. Ontem, 110 pessoas se empenharam na opera��o contra as chamas no local. Os focos de calor, atualmente, est�o distribu�dos por tr�s �reas: Confins/C�nion Bandeirinhas, Caetana e Travess�o.
“O deslocamento � extremamente complicado, em relevo muito acidentado. Al�m disso, os militares t�m que percorrer longas dist�ncias carregando equipamentos pesados”, conta o tenente da corpora��o Pedro Aihara, que esteve no local acompanhando os trabalhos. O tenente informou, entretanto, que “muito foi conquistado na luta contra as chamas”.
Segundo o tenente, a condi��o de trabalho � prejudicada pelas altas temperaturas que chegam a ultrapassar os 75°C. “Desgasta o militar, tanto em termos de hidrata��o, quanto em rela��o ao pr�prio perigo, uma vez que, dependendo da dire��o do vento, se tiver alguma mudan�a significativa, ele pode ser acertado pelo fogo”, explica. Os combates contaram ainda com brigadistas volunt�rios; colaboradores do Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Minist�rio do Meio Ambiente; e outras institui��es.
O inc�ndio da Serra do Cip� teve in�cio no domingo. Apesar de o primeiro foco ter come�ado fora das depend�ncias do parque, as chamas alcan�aram a unidade de conserva��o por volta das 21h daquele dia na divisa com o distrito de Altamira.
(foto: ICMBio/Divulga��o)
Desespero
Chamas de grandes propor��es consomem a vegeta��o da Serra do Cip�: tempo seco, calor, ventos e relevo dificultam a a��o de combate (foto: Leonardo Couri/EM/D.A Press)
Na ter�a-feira, duas mulheres viveram o desespero de presenciar um inc�ndio de grandes propor��es a poucos passos de seu com�rcio, nas imedia��es de Lagoa Santa, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte – inc�ndio que representa uma extens�o da linha de fogo que atinge a Serra do Cip�. A equipe do jornal Estado de Minas foi a primeira a reportar o fato e a presenciar o desespero dos moradores. Dois dias depois, a mesma equipe de reportagem retornou ontem ao local e conversou com as mulheres que enfrentaram as chamas.
Dona de um restaurante �s margens do quil�metro 54 da MG-10, T�nia L�cia Moreira Est�v�o contou que j� havia notado o fogo desde o domingo e monitorava as chamas visualmente. “Anteontem (29), esse fogo se alastrou de uma forma bem r�pida. Mesmo assim, n�o pensei que ele viria atingir minha resid�ncia, meu restaurante, nossos com�rcios”, disse.
Por volta das 19h a comerciante notou um “clar�o”. “Quando desci, rapidamente percebi que o fogo j� estava vindo com tudo”, disse moradora. “Eu estava sozinha em casa, sabia que n�o teria condi��es alguma de conter esse fogo. Desesperada, eu peguei a chave do meu carro e falei: ‘eu tenho que sair daqui porque infelizmente vai acontecer coisas piores’”, pensou.
No caminho, ela encontrou com a equipe de reportagem do EM, que prestou apoio no momento. Logo em seguida, outras pessoas apareceram. “Os moradores que j� tinham visto a altura que o fogo estava vieram com baldes, bacias, tudo que podiam para me ajudar a apagar o inc�ndio, que teve propor��es muito grandes”, relembra T�nia. A floricultura da cunhada dela, Vera L�cia de Souza Estev�o, sofreu com metade do estabelecimento consumido pelo fogo. Mesmo assim, a propriet�ria n�o perde o sorriso no rosto. "Fazer o qu�, meu filho? J� queimou mesmo. Vida que segue", disse � reportagem.