
Bruno relata que come�ou a ser humilhado no ambiente de trabalho pouco mais de seis meses depois de ser admitido na cooperativa, onde atuou de janeiro de 2017 a agosto de 2018. Al�m das constantes associa��es de sua imagem ao personagem Vera Ver�o, vivido pelo ator e comediante Jorge Lafond (1952-2003) nos anos 1990, o ex-funcion�rio diz ter sofrido constrangimentos p�blicos durante eventos corporativos.
Um desses epis�dios foi registrado em v�deo. Nas imagens, anexadas ao processo judicial, um locutor contratado para conduzir o lan�amento de uma campanha interna da Unimed-BH ironiza o fato de que Bruno havia visitado a trabalho um pres�dio em Ribeir�o das Neves, na Grande BH, para fechar a venda de planos de sa�de para os funcion�rios da empresa particular que administra a unidade prisional.
“Teria ele gostado da revista da entrada, o Bruno? Ele n�o seria aquele cara que faz a propaganda da C&A, o Sebastian? A Vera Ver�o?”, provoca o locutor na grava��o, diante da plateia com dezenas de pessoas. A piada, segundo o ex-empregado, � uma refer�ncia � revista que o pres�dio exige dos visitantes, por quest�es de seguran�a.
“Nesse dia do v�deo, eu fiquei bem decepcionado. Porque eu fui l� para fechar uma venda com uma empresa com 500 funcion�rios. E consegui. Enquanto isso, acontecia aquilo dentro da esfera organizacional. Para piorar, toda a cena em que me ofendem foi filmada e compartilhada via WhatsApp e distribu�da aleatoriamente em grupos de conversa”, desabafa o profissional.
Ainda de acordo com o ex-empregado, a humilha��o se estendeu pelos corredores da sede da operadora de sa�de.
“At� fechar a venda, eu ia a esse pres�dio cerca de uma vez por semana. Ouvia constantemente que gostava de ir l� para passar pela revista com os agentes penitenci�rios. Depois que a venda foi conclu�da, passei a escutar que estava chateado por n�o ter mais que ir � penitenci�ria, j� que, a partir daquele momento, o cliente seria encaminhado para a equipe de relacionamento. Virei chacota a um ponto em que j� n�o podia mais usar uma meia ou vestimenta diferente, que as pessoas tiravam fotos e ficavam compartilhando e debochando”, recorda Bruno.
O ex-consultor diz que fez v�rios alertas � chefia e aos colegas de trabalho de que as piadas tinham tom preconceituoso e o ofendiam, mas teria sido ignorado.
“Toda vez que eu falava com a gest�o, eu era ironizado. Me diziam: ‘Ah, n�o precisa disso’. Nada foi feito, ningu�m foi penalizado, embora essas atitudes estivessem em desacordo com as diretrizes do c�digo de conduta da empresa. Na minha entrevista de desligamento, expus a situa��o � assistente de RH e disse que pretendia acionar a Justi�a. Para a minha surpresa, ela disse para eu pensar bem, pois isso poderia me fechar portas no mercado”, diz o ex-empregado.
Bruno conta que chegou a hesitar em levar o caso � Justi�a e �s autoridades policiais, pois temia que isso prejudicasse sua vida profissional. "Acontece que, agora, tenho um filho de tr�s meses. N�o quero que ele passe por isso", refletiu.
Resposta da Unimed-BH
Procurada pelo Estado de Minas, a Unimed-BH afirmou, por meio de nota, que repudia qualquer atitude ou a��o que demonstre preconceito de ra�a ou g�nero dentro da Cooperativa e tem entre seus valores a �tica e o respeito nas rela��es com todos os p�blicos”. A operadora destacou ainda que “n�o comenta assuntos que transcorrem em Justi�a".
A reportagem tamb�m tentou contato com os ex-colegas de Bruno Oliveira citados na queixa de inj�ria racial registrada junto � Pol�cia Civil, sem sucesso.