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Estado de Minas COVID-19: 1 ANO

Parentes de mortos pela COVID-19 revelam a dor que n�o cabe em n�meros

Os depoimentos de quem perdeu pessoas pr�ximas relatam a agonia da luta contra a doen�a, que alguns sentiram na pr�pria pele


26/02/2021 06:00 - atualizado 26/02/2021 10:30



Desde o ano passado, 251.498 brasileiros, entre eles os que t�m suas hist�rias contadas nesta p�gina, perderam a vida em consequ�ncia da COVID-19, segundo dados oficiais do Minist�rio da Sa�de.


''A primeira pergunta que fiz foi como estava Cl�udia''


Marcus Vinicius Polignano, 64 anos, m�dico, professor de Medicina da UFMG, perdeu a esposa, mas tamb�m se infectou e s� soube da morte ap�s deixar a UTI

(foto: Arquivo pessoal/Divulgação)
(foto: Arquivo pessoal/Divulga��o)
“Apesar de manter todos os cuidados recomendados, eu e minha esposa, Cl�udia Maria Costa Polignano, de 59 anos, pegamos a COVID-19. No in�cio de novembro, ela come�ou com sintomas leves, com uma tosse seca persistente, sem falta de ar, mas verifiquei pelo ox�metro que o n�vel de oxigena��o dela era de 86, muito abaixo do recomendado. Decidimos imediatamente procurar o pronto-atendimento e ficamos os dois internados. Inicialmente, fui para um leito comum, e Cl�udia j� tinha indica��o de UTI. Est�vamos evoluindo bem, mas por volta do nono dia o quadro se agravou e tive tamb�m que ir para a UTI. Fomos intubados e passamos a ter um suporte b�sico para sobrevida, esperando a rea��o do organismo, uma vez que n�o existiam outras possibilidades. Fui traqueostomizado, sedado, tinha sondas por todos os lados, tive insufici�ncia renal aguda, e por vezes os m�dicos informaram aos meus filhos que minhas chances de sobrevida eram muito pequenas. Passei 30 dias na UTI, e disso n�o consigo me lembrar. Acordei e me recordo de quando j� estava num leito hospitalar, com sonda nasog�strica. N�o conseguia me movimentar na cama e nem sequer podia me sentar, pois n�o conseguia manter o peso do corpo. A primeira pergunta que fiz quando fiquei consciente foi como estava Cl�udia. A� tomei conhecimento que ela n�o tinha resistido. Hoje, ap�s dois meses de reabilita��o, estou recuperando os movimentos de bra�os e pernas, andando e aprendendo, assim como meus filhos, a conviver com a perda emocional.”

‘Meu amado pai n�o resistiu, mas a luta tinha de continuar’

Sandra Zannini Stehling, de 43 anos, recepcionista, perdeu o pai, de 84 anos. A m�e se recuperou, mas teve complica��es e sequelas pela COVID-19

(foto: Arquivo pessoal/Divulgação)
(foto: Arquivo pessoal/Divulga��o)
“Em meados de fevereiro do ano passado, logo ap�s o carnaval, a not�cia de que um novo v�rus, ainda pouco conhecido, mas com alto potencial de cont�gio e complica��es severas, tinha chegado ao Brasil me deixou assustada. Mas confesso ter acreditado na falsa sensa��o de que tomando cuidados e seguindo as orienta��es, eu e minha fam�lia estar�amos protegidas e que logo a vida voltaria ao normal. Como estava enganada! Os meses foram passando e o v�rus se alastrando, at� que meu pai, um senhor de 84 anos cheio de sa�de, ativo, independente, come�ou a apresentar os sintomas. Fez o teste e, quando o resultado saiu – tr�s dias depois – ele estava sedado e intubado em uma UTI, com grande parte do pulm�o j� comprometido. Era uma luta a cada dia, e, em meio a esse turbilh�o, outra not�cia caiu como uma bomba na fam�lia: minha m�e, de 83, com a sa�de fr�gil, card�aca e hipertensa, come�ou a ter sintomas e logo veio o diagn�stico: COVID-19. A sensa��o � a de que est�vamos vivendo um pesadelo. Era alt�ssimo o risco de perdermos nossa base e refer�ncias de vida. Meu amado pai n�o resistiu. Em 7 de agosto, deu seu �ltimo suspiro. Ainda tive o privil�gio de terem me permitido me despedir do grande homem, grande pai, grande ser humano que ele era. Mas nossa luta tinha que continuar, pela minha amada m�e, que resistia bravamente e n�o sabia que seu companheiro de 60 anos de vida tinha partido. Os dias se passaram, ela foi se recuperando, se fortalecendo e temos a alegria de v�-la curada – mas n�o sem sequelas. Hoje, al�m dos problemas de sa�de que ela j� tinha, desenvolveu uma les�o no pulm�o causada pelo v�rus.”

‘Fica um vazio, a sensa��o de que foi tudo um pesadelo’

Cintia Calu, 36 anos, psic�loga, perdeu o pai para a COVID-19 e se queixa de que, sem a oportunidade de se despedir, o sentimento � de que um dia ele vai voltar

(foto: Arquivo pessoal/divulgação)
(foto: Arquivo pessoal/divulga��o)
“Tudo come�ou em 5 de julho, quando meu pai apresentou sintomas de falta de ar. Ele era asm�tico e estava com crise respirat�ria. Eu o levei ao hospital e ele ficou internado, porque a satura��o (de oxig�nio) estava oscilando. Por�m, quando os exames de sangue apresentaram resultados normais, ele foi liberado para ir para casa, mas j� com o pedido para fazer o teste de coronav�rus. Deu positivo. Foi um susto, mas como j� havia passado quase uma semana da primeira crise, est�vamos confiantes de que j� estava terminando. S� que, no dia 12, um domingo, ele come�ou a sentir um cansa�o muito forte e retornamos ao hospital. Foi internado imediatamente. No dia 17, foi levado para o CTI. Foi a �ltima vez em que o vi com vida, por uma chamada de v�deo em que ele parecia muito cansado. Depois foi uma luta, uma ang�stia terr�vel, porque t�nhamos not�cias s� uma vez por dia, e nunca dava para saber a real situa��o. Em 5 de agosto, pela primeira vez o m�dico disse que ele n�o estava bem e que dev�amos nos preparar para a possibilidade de �bito. Aquilo doeu muito. No dia seguinte, pela manh�, a not�cia era de que ele tinha piorado muito. �s 15h, a psic�loga ligou pedindo que comparec�ssemos ao hospital levando os documentos do meu pai. Foi uma mistura de sentimentos. Quando pens�vamos em n�s, do�a muito, quer�amos que fosse mentira, mas quando pens�vamos no meu pai, v�amos que foi um descanso para ele. Perd�-lo foi muito dif�cil. Ainda �. Ele era um homem maravilhoso, que vivia para as pessoas e se desdobrava para todo mundo. Fica sempre um vazio, porque n�o foi permitido nem o vel�rio. Ficou uma coluna aberta, uma inc�gnita. A sensa��o � de que tudo n�o passou de um pesadelo e que a qualquer momento ele vai voltar.”

‘O quadro foi oscilando. Em uma das pioras, ele n�o voltou’

Cec�lia de Ara�jo Ricardo, 29 anos, pedagoga, perdeu um amigo da fam�lia que era considerado um tio, a quem n�o pode sequer visitar no hospital

(foto: Arquivo pessoal/divulgação)
(foto: Arquivo pessoal/divulga��o)
“Um grande amigo da fam�lia h� cerca de 40 anos se foi em julho do ano passado, v�tima da COVID-19. Era como um tio, era assim que o chamava. N�o o encontrava desde o in�cio da pandemia, pois nos isolamos. A �ltima vez em que o vi feliz, como sempre estava, foi no anivers�rio de um dos meus irm�os, no in�cio de mar�o. Durante a interna��o, em raz�o dos protocolos de distanciamento, tamb�m n�o pude visit�-lo no hospital. Ele se infectou em uma visita ao m�dico para examinar dores nas costas. Ele era uma pessoa muito saud�vel e a princ�pio estava se sentindo bem, mas o quadro foi se agravando aos poucos, e depois oscilando entre melhoras e pioras. Em uma dessas pioras, ele n�o voltou mais. Foi um choque. N�o soube lidar com isso. E tamb�m n�o pude me despedir, por causa de tanta doen�a e desse v�rus maldito. Ele deixou uma esposa, eram somente os dois em casa. Ela sofreu e ainda sofre muito tamb�m. Ficam a saudade, e a certeza de que devemos dar mais valor �s pessoas e dizer mais vezes ‘eu te amo’.”

‘Julho foi tenebroso. Perdi m�e e pai em quinze dias’

Thiago Silame, cientista pol�tico, professor universit�rio, perdeu a m�e, tamb�m adoeceu de COVID-19 e s� soube da morte do pai depois de deixar a UTI

“Logo no fim de 2019, soube dos primeiros casos, na China. Em 18 de mar�o de 2020, as aulas foram suspensas, e j� era o in�cio da dissemina��o. O sentimento era de que enfrentar�amos algo muito grave. Para mim, o m�s de julho foi tenebroso. Perdi, em um espa�o de 15 dias, minha m�e e meu pai. Ela teve um AVC isqu�mico em casa, n�o sabemos se teve a ver com a COVID-19. Foi internada, mas n�o resistiu. E, em meio � crise, meu pai come�ou a apresentar sinais gastrointestinais. Fomos a uma UPA, onde ele permaneceu por muito tempo, justo em um momento de aumento acelerado do n�mero de casos no Brasil. Ap�s a missa de s�timo dia de minha m�e, meu pai j� apresentava sinais gripais, febre, dor no corpo. No s�bado, o encontrei desmaiado no banheiro e o levei direto ao hospital. Foi internado ainda l�cido, consciente, mas foi piorando. Tr�s dias depois, foi intubado, e com uma semana da interna��o, faleceu. Tinha comorbidades, foi fumante por muitos anos... Ele faleceu na madrugada de ter�a-feira, e na noite anterior de, segunda, eu tamb�m fui internado. Fiquei 15 dias, entrei em oxigenoterapia, uma situa��o lim�trofe. S� soube do falecimento depois da alta, por recomenda��o m�dica.”

‘Faleceu sozinho, sem ter por perto a mim e nossos filhos’

Neyde Aparecida Pereira dos Santos, 51 anos, auxiliar administrativo, perdeu o marido, um caminhoneiro de 55, com quem teve dois filhos

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
“Quando surgiram as primeiras not�cias, n�o t�nhamos muito conhecimento do que seria uma pandemia. Hoje, vejo de uma forma bem mais complexa. Uma coisa assustadora, que consome de forma r�pida. Em 20 de novembro, meu esposo, Giovanni Febromio da Silva, de 55 anos, caminhoneiro, sentiu febre alta. Procurei a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Norte, aqui em Betim (Grande BH). Achei que foram negligentes, pois n�o fizeram nem um raio-X. S� passaram uns rem�dios e o mandaram ir para casa. No dia 25, quando vi que ele n�o melhorava, levei de volta � UPA. Chegando l�, j� o levaram para a emerg�ncia. Estava com satura��o em 50% e j� foi logo intubado. N�o tivemos mais acesso a ele, a n�o ser por not�cias dos pr�prios m�dicos, que todos os dias relatavam a situa��o do paciente. Ele faleceu em 2 de dezembro, �s 22h48. Sozinho, sem a chance de ter por perto a mim e nossos filhos, Pedro Henrique e Giovanna.”
 

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 



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