
“Finalmente a Justi�a foi feita. � uma tranquilidade a mais saber que esse processo teve um fim.” O al�vio nas palavras ao celebrar uma vit�ria dif�cil na Justi�a parte de algu�m que viu de perto a morte num acidente de �nibus. Hoje funcion�rio do Hospital das Cl�nicas, o farmac�utico Lucas Mota Hauck, de 39 anos, era apenas um estudante da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em janeiro de 2006, que se aventurou para uma viagem com colegas para a 6ª edi��o do F�rum Social Mundial (FSM), em Caracas, na Venezuela.
Perto de Arequipa, no Peru, o ve�culo da empresa Soleminas Turismo bateu em um pared�o de pedra, ficando pendurado numa colina da Cordilheira dos Andes. A trag�dia matou quatro estudantes e deixou gravemente feridos outros 25.
Segundo a investiga��o do acidente, o motorista do ve�culo dirigia em alta velocidade e houve falha no sistema de freios. Morreram os estudantes Pedro Coelho d’�vila Correa, Roberto Tadeu de Melo Barbosa, Ta�s Palmerston e Thiers Lage Bretas.
Segundo a investiga��o do acidente, o motorista do ve�culo dirigia em alta velocidade e houve falha no sistema de freios. Morreram os estudantes Pedro Coelho d’�vila Correa, Roberto Tadeu de Melo Barbosa, Ta�s Palmerston e Thiers Lage Bretas.
Depois de anos, a batalha foi parar na Justi�a. Em a��o coletiva e outras quatro individuais, as v�timas entraram com pedidos de indeniza��o de R$ 50 mil (corrigidos) por danos morais, f�sicos e est�ticos ap�s n�o chegarem a acordo com a HDI Seguros. E nesta quarta-feira (17/3), finalmente, a seguradora depositou o valor de cerca de R$ 135 mil a cada uma das v�timas.

Lucas Hauck teve sequelas na coluna, no joelho e no tornozelo, precisando de v�rias horas de fisioterapia at� se restabelecer. Ele ficou dias num hospital no Peru at� ser liberado para retornar ao Brasil, numa UTI a�rea.
“A decis�o da Justi�a nos d� um pouco de al�vio por saber que os colegas que tiveram maiores sequelas e despesas por causa desses inc�modos v�o receber essa compensa��o. � uma quest�o de ponto final na hist�ria na parte legal disso. Os impactos que o acidente teve na vida de cada v�o permanecer para sempre”, afirma o farmac�utico.
Al�m dos danos f�sicos e psicol�gicos, ele celebra o fim do desgaste emocional em virtude dos anos de luta na Justi�a: “� um al�vio muito grande saber que agora n�o precisamos mendigar alguma coisa ou resolver na Justi�a, j� que a empresa sempre queria nos lesar nas propostas de acordo”.
Sobrevivente da trag�dia, a empres�ria Patr�cia Domingues, de 37 anos, conta que ficou durante anos tentando se recuperar ap�s abalo emocional: “N�o tive machucados grave, mas ficou um trauma psicol�gico. N�s tivemos receios de pegar estradas, medo de altura, at� porque rolamos barranco abaixo depois de sermos jogados de fora do �nibus. Foram anos de tratamento, terapias e sess�es de fisioterapia no joelho”
Patr�cia � irm� do m�dico Vin�cius Domingues, que sobreviveu ao acidente, mas perdeu o movimento parcial de uma das m�os. Depois da trag�dia, ela se formou em Nutri��o fez metrado em Nutri��o e Sa�de pela UFMG. Hoje, ela � propriet�ria de uma empresa de produ��o de chocolates.
Ao se lembrar do epis�dio, lembra com satisfa��o que o acidente n�o ficou impune: “Conseguimos efetivar algo que buscamos l� atr�s. Esperamos que o que ocorreu com a gente n�o aconte�a com mais ningu�m. Nos vimos nesse dever mesmo de n�o ficar calados, n�o deixar passar essa impunidade. Estamos aliviados, porque, depois de tanto tempo, conseguimos o que � de direito”
Longa espera
A batalha judicial come�ou em janeiro de 2009, quando as v�timas exigiram a indeniza��o. Durante o curso do processo, a Soleminas e a seguradora Sulina (tamb�m contratada pelos alunos) decretaram fal�ncia. J� a HDI Seguros entrou com mais de 40 recursos por discordar dos pedidos e da condena��o. Em setembro do ano passado, o Superior Tribunal de Justi�a (STF) confirmou as decis�es tomadas em primeira inst�ncia e tamb�m no Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG), reconhecendo que os alunos teriam direito � indeniza��o.
“A partir da�, come�amos um processo de negocia��o com a seguradora para simplificarmos a possibilidade de acordo nos processos de execu��o que estavam em curso. Houve uma discuss�o entre n�s e a empresa com rela��o ao valor que deveria pago. Em fevereiro, conseguimos chegar a um acordo em que a seguradora em m�dia o valor de R$ 135 mil para cada uma das v�timas, al�m dos honor�rios de sucumb�ncia do escrit�rio” ressalta a advogada Suzana Cremasco, que representa conjuntamente nove estudantes.
“A seguradora tinha 15 dias �teis para depositar o valor, mas o prazo venceu na semana passada. Agora, ela fez o pagamento de todos os valores hoje. Ent�o, o valor foi pago integralmente e os processos finalmente ser�o encerrados depois de 15 anos. Os meninos definitivamente est�o sendo indenizados por tudo o que eles passaram no Peru”, explicou a advogada. Apesar do acordo, as v�timas receberam 15% abaixo do que foi determinado pelo STJ em decis�o sem novos recursos.