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Estado de Minas PANDEMIA

"Abre a cam a�": a campanha que faz colegas de escola se reencontrarem

Afastados da conviv�ncia com amigos h� mais de um ano pelo ensino a dist�ncia, estudantes fazem apelo pela abertura das c�meras em aula para amenizar a saudade


02/05/2021 04:00 - atualizado 02/05/2021 07:43

Maria Luiza Borges Sant'anna sugeriu que estudantes possam se ver, ainda que virtualmente: ''Fico pensando como estarão meus amigos e amigas quando nos reencontrarmos''(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Maria Luiza Borges Sant'anna sugeriu que estudantes possam se ver, ainda que virtualmente: ''Fico pensando como estar�o meus amigos e amigas quando nos reencontrarmos'' (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
 
O distanciamento social  provocado pela pandemia afastou professores de alunos, colegas de colegas e a escola das aulas presenciais. No lugar da agita��o di�ria, entraram em cena as li��es on-line, o conv�vio virtual, o contato apenas pelas plataformas digitais – tudo bem diferente dos tempos pr�-coronav�rus.

Enquanto a volta ao modelo tradicional permanece incerta para a maioria, estudantes resolvem “abrir as c�meras” para tentar apagar um pouco da frieza tecnol�gica e tentar fortalecer os la�os com a turma e os docentes.

Preocupada com o distanciamento, Maria Luiza Borges Santana, de 14 anos, aluna da 9ª s�rie do Col�gio Santa Maria Minas, unidade Floresta, na Regi�o Leste de Belo Horizonte prop�s a��es que foram sugeridas pelo conselho estudantil � coordena��o da escola, com destaque para que a c�mera dos computadores fique ligada a fim de garantir maior interatividade durante as aulas. “A participa��o e o interesse pela aula crescem”, afirma a adolescente.

“Fico at� pensando como estar�o meus amigos e amigas do col�gio, quando nos reencontrarmos. A adolesc�ncia traz grandes mudan�as f�sicas, e a gente nem est� vendo essa transforma��o ocorrer nos outros. Acredito que os professores tamb�m sentem muita falta de n�s, como sentimos deles”, diz Maria Luiza, que mora no vizinho Bairro de Santa Efig�nia.

Como primeiro passo para viabilizar a proposta, a estudante fez uma pesquisa por uma plataforma digital para identificar formatos de atividades escolares que proporcionassem interatividade, focos de maior aten��o por parte da garotada, bem como quantidade e qualidade das tarefas. Em dois dias, levantou um diagn�stico a partir de 51 respostas.

A segunda fase foi a realiza��o, por meio do Gr�mio Estudantil da escola, da campanha “Ligue a c�mera”, em que professores enviaram v�deos para sensibilizar alunos falando dos benef�cios de dar aula vendo o rosto de quem assiste e da maior intera��o e aten��o por parte de todos.

Ana Beatriz Caixeta de Mendonça lembra da oportunidade para reencontrar colegas: ''Tenho certeza de que aprendemos muito mais''(foto: Alessandra Caixeta Vieira/divulgação)
Ana Beatriz Caixeta de Mendon�a lembra da oportunidade para reencontrar colegas: ''Tenho certeza de que aprendemos muito mais'' (foto: Alessandra Caixeta Vieira/divulga��o)
A terceira iniciativa, tamb�m agregando a turma – e em andamento – se refere � constru��o de um chat ou espa�o on-line de conviv�ncia, para que os alunos tenham momentos de coletividade e possam se socializar via troca de experi�ncias e bate-papo.

A m�e de Maria Luiza, a servidora p�blica Luciana Melo, aprovou: “Os adolescentes mant�m a necessidade do grupo, de ter cabe�as fervilhando e de at� querer mudar o mundo, sentimento ut�pico e t�pico daqueles que est�o na puberdade, ou pelo menos suavizar a realidade em que vivem, dentro das possibilidades. Acredito que, a exemplo da minha filha, todos estejam inquietos com o modelo frio das aulas on-line, nas quais professores s� distribuem mat�rias e exerc�cios”, avalia.

Com nove unidades do ensino infantil ao m�dio (capital, Nova Lima, Contagem, Betim e Sete Lagoas) e vinculado � Arquidiocese de BH, o Col�gio Santa Maria Minas informa, em nota, que o professor pode propor estrat�gias pedag�gicas e momentos de intera��o em que o estudante � convidado a abrir a c�mera.

“No Col�gio Santa Maria Minas, tal a��o fica a crit�rio do estudante, que, mesmo com a c�mera desligada, mant�m o contato com o professor por meio do �udio e do chat, presente nas ferramentas Teams e Meet, utilizadas no regime de ensino remoto. O movimento de incentivo de abertura da c�mara partiu do Gr�mio Estudantil da Unidade Floresta e visa maior acolhimento ao professor. Trata-se de uma forma de carinho e empatia dos estudantes.”

Afago no cora��o 


Desde o in�cio da pandemia, em mar�o do ano passado, quando as escolas fecharam, o Col�gio Magnum, no Bairro Cidade Nova, na Regi�o Nordeste de BH, adotou o sistema c�mera aberta, embora n�o obrigat�rio, para que alunos e professores pudessem interagir. “Ao longo do tempo, a ades�o cresceu”, conta a coordenadora de Forma��o da 1ª e 2ª s�ries do ensino m�dio, Florence Barbosa.

Segundo ela, foram observados progressos nas turmas (faixa et�ria de 14 a 16 anos), como maior aten��o, concentra��o e melhor disciplina. Vale lembrar que, com a c�mera ligada, a intimidade da casa est� � vista.

“No caso dos alunos mais novos, � interessante notar que alguns se vestem com o informe da escola”, acrescenta. Para os professores, o retorno se d� na mesma propor��o: “Eles ficam felizes pela possibilidade de interagir com os alunos, o que garante fortalecimento dos v�nculos com a turma e participa��o ativa.”

Integrante da equipe de coordena��o do Magnum, Alessandra Caixeta Vieira diz que a iniciativa representa “um afago no cora��o do professor”. A filha dela, Ana Beatriz Caixeta Vieira de Mendon�a, aluna do 7º ano do ensino fundamental, se sente mais feliz:  “Estudar dessa forma � �tima oportunidade para encontrar os colegas. Tenho certeza de que aprendemos muito mais.”

Alunos e professores privados do contato 


Doutora em educa��o e diretora de Rela��es Institucionais das unidades do Col�gio Santo Agostinho, Aleluia Heringer explica que, se no ano passado a interrup��o do modelo presencial de ensino significou instabilidade, desgastes e arranjos, “iniciamos 2021 com experi�ncia e compreens�o do ensino remoto e o pleno dom�nio dos seus processos”. Hoje, acrescenta, a situa��o n�o mais intimida.

“Tecnicamente estamos resolvidos, mas isso n�o � tudo. N�o podemos desconsiderar que, sobre as crian�as e jovens, paira o sentimento de frustra��o. Eles t�m raz�o. Afinal, o que fica de fora s�o experi�ncias relevantes para a inf�ncia e adolesc�ncia: os amigos, as rodas de conversas, os esportes, a dan�a, os risos soltos e a correria pelo p�tio. At� a fila da cantina foi promovida a uma santa e aguardada aglomera��o”, brinca.

A diretora ressalta que, neste momento, “o que nos liga ao universo escolar e nos faz lembrar que esse lugar existe, e que em breve nos reencontraremos, � a tela do computador, recurso de comunica��o aqu�m da grandeza da vida off-line. Entretanto, � agora o �nico meio capaz de ligar estudantes e professores”.

Para ela, em 2020, talvez encantados com o m�gico dispositivo “ocultar”, os estudantes fizeram prevalecer durante as aulas as c�meras fechadas e os �udios desligados. “Para sair da sala, basta um clique para, ent�o, virar fuma�a e desaparecer. Sem um rosto (face) e sem a voz, n�o h� interlocu��o. O avatar que consta da tela n�o tem linguagem nem express�o”, considera.

Ruim para a intera��o, mas tamb�m para o educador. “Sem a emo��o que sutilmente altera a express�o, o professor continua a sua fala com a sensa��o de estar sozinho no palco de luzes apagadas. A aula precisa se aproximar de um espet�culo contempor�neo, em que n�o temos apenas espectadores, e sim  interlocutores”, considera Aleluia Heringer.


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