
Causa da morte de mais de 400 mil brasileiros nos �ltimos 12 meses – 3,17 milh�es em todo o mundo – o novo coronav�rus tamb�m n�o perdoa os sobreviventes. Depois de derrotar o micr�bio, muitos deles precisam enfrentar uma segunda batalha – desta vez, contra sequelas, debilidades, doen�as respirat�rias e at� transtornos psiqui�tricos.
Entre os hospitalizados, a situa��o � ainda mais sombria. Um estudo publicado em janeiro no peri�dico “The Lancet” indica que 76% dos internados relatam debilidades diversas seis meses ap�s a alta hospitalar.
A situa��o j� se anuncia como uma “crise dentro da crise sanit�ria” e preocupa autoridades de todas as esferas de governo, conforme exp�e o �ltimo relat�rio divulgado pela Confedera��o Nacional dos Munic�pios, divulgado em 23 de abril. De acordo com o documento, secretarias de sa�de de cerca de 70% das cidades do pa�s afirmaram que implementaram ou pretendem implementar servi�os de reabilita��o p�s-COVID nos pr�ximos meses.
A situa��o j� se anuncia como uma “crise dentro da crise sanit�ria” e preocupa autoridades de todas as esferas de governo, conforme exp�e o �ltimo relat�rio divulgado pela Confedera��o Nacional dos Munic�pios, divulgado em 23 de abril. De acordo com o documento, secretarias de sa�de de cerca de 70% das cidades do pa�s afirmaram que implementaram ou pretendem implementar servi�os de reabilita��o p�s-COVID nos pr�ximos meses.
Centenas de mineiros que venceram a COVID-19, mas ainda enfrentam efeitos adversos do v�rus, t�m seu longo percurso de tratamento guiado pelo pneumologista e intensivista Leonardo Meira de Faria. Ele conta que atua na linha de frente da pandemia desde abril do ano passado no Hospital Fel�cio Rocho, no Barro Preto, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Segundo o m�dico, entre os problemas mais comuns apresentados pelos pacientes – sobretudo aqueles que desenvolvem quadros graves – est�o miocardites, tromboses e insufici�ncias respirat�rias.
Leonardo Meira calcula um tempo m�dio de recupera��o desse p�blico em tr�s meses, vari�vel de acordo com o perfil de cada pessoa. Cauteloso, ele diz que evita mencionar o termo “sequela”. “Sequela indica algo definitivo. Muitos quadros s�o, certamente, de dif�cil revers�o, como certos epis�dios de fibrose card�aca, por exemplo.
Mas estamos falando de uma doen�a nova, que tem s� um ano. N�o sabemos ainda como ela se comporta no longo prazo, por isso � precipitado falar em sequela. Mas � fato que muitos pacientes v�o conviver com limita��es por um per�odo de tempo prolongado”, ressalta o especialista.
Mas estamos falando de uma doen�a nova, que tem s� um ano. N�o sabemos ainda como ela se comporta no longo prazo, por isso � precipitado falar em sequela. Mas � fato que muitos pacientes v�o conviver com limita��es por um per�odo de tempo prolongado”, ressalta o especialista.

VULNER�VEIS
O m�dico explica que a maioria dos problemas de sa�de manifestados pelos recuperados n�o s�o causados diretamente pelo v�rus, mas pelo pr�prio organismo – o que os cientistas chamam de “tempestade imunol�gica”.
Segundo o profissional de sa�de, o coronav�rus tem um poder de infec��o muito grande. Diante disso, para nos defender, o corpo gera uma enorme resposta inflamat�ria, que consome toda a nossa energia, ataca nossas c�lulas, al�m de mobilizar todas as nossas for�as para o combate � COVID-19, nos deixando vulner�veis a uma s�rie de pat�genos oportunistas. O pr�prio funcionamento dos �rg�os pode ficar prejudicado por essa din�mica. Os rins e o cora��o costumam ser os primeiros a falhar.
Segundo o profissional de sa�de, o coronav�rus tem um poder de infec��o muito grande. Diante disso, para nos defender, o corpo gera uma enorme resposta inflamat�ria, que consome toda a nossa energia, ataca nossas c�lulas, al�m de mobilizar todas as nossas for�as para o combate � COVID-19, nos deixando vulner�veis a uma s�rie de pat�genos oportunistas. O pr�prio funcionamento dos �rg�os pode ficar prejudicado por essa din�mica. Os rins e o cora��o costumam ser os primeiros a falhar.
“A gente soma a tudo isso � pr�pria hospitaliza��o, que tamb�m � muito agressiva. N�o � � toa que o paciente sai da UTI magro, fraco e debilitado, sem for�as para levantar at� mesmo os bra�os, precisando de fisioterapia. A interna��o costuma gerar uma defici�ncia nutricional muito grande. Imagine que o paciente que est� ali lutando contra algum pat�geno recebe nutri��o, claro, mas o balan�o � quase sempre negativo, pois os mediadores inflamat�rios gerados para combater um v�rus ou bact�ria v�o buscar energias diretamente nos m�sculos, pois os entendem como uma fonte mais f�cil, mais dispon�vel. Isso, literalmente, destr�i a musculatura. N�o h� alimenta��o que d� conta disso”, esclarece Faria.
A fisioterapeuta Carla Eust�quio ressalta que, em alguns casos, o paciente precisa reaprender at� mesmo a mastigar e deglutir. “As pessoas, �s vezes, perdem movimentos de m�sculos que nem imaginam que tinham. Aquele das bochechas, por exemplo. Sem eles, fica dif�cil acomodar o alimento dentro da boca. Eis que, de repente, o paciente se v� fazendo exerc�cios para fortalecer esses m�sculos. � inusitado”, destaca a especialista, que coordena a Cl�nica de Sa�de do UNI-BH.
Desde o in�cio da pandemia, o local oferece atendimento gratuito aos recuperados da COVID-19 com dificuldades motoras e problemas afins.
Desde o in�cio da pandemia, o local oferece atendimento gratuito aos recuperados da COVID-19 com dificuldades motoras e problemas afins.
“A boa not�cia � que, no geral, o processo de recupera��o n�o � muito longo e as limita��es costumam ser revers�veis. Em alguns casos, por�m, o paciente passa por intercorr�ncias como AVC (acidente vascular cerebral) enquanto estava internado, o que deixa a situa��o mais complicada. Mas, normalmente, temos muito mais desfechos felizes que infelizes”, complementa.

Turbilh�o de emo��es
A psic�loga Larissa Gomes compartilha da mesma perspectiva otimista quanto ao restabelecimento da sa�de mental dos atingidos pelo v�rus – outro grupo que, tudo indica, � significativo. Um estudo desenvolvido na Universidade de Oxford sugere que um quinto dos pacientes da COVID-19 desenvolve transtornos mentais, principalmente ansiedade e depress�o.
Larissa esclarece que, principalmente os casos de interna��o, costumam gerar um turbilh�o de novos sentimentos e emo��es nas pessoas, que levam um tempo para processar a realidade.
“Incluindo a pr�pria experi�ncia de quase morrer. Uma coisa � saber que vamos morrer um dia, outra, � estar perto da situa��o. Isso gera ansiedade, preocupa��es, ang�stias, frustra��es. O paciente tamb�m se v� numa condi��o de perda de autonomia, que tamb�m � muito impactante. De repente, um adulto de 40 anos n�o consegue ficar de p�, nem tomar banho sozinho. O impacto psicol�gico desse processo � muito grande e n�o poderia ser diferente”, diz a psic�loga.
“Incluindo a pr�pria experi�ncia de quase morrer. Uma coisa � saber que vamos morrer um dia, outra, � estar perto da situa��o. Isso gera ansiedade, preocupa��es, ang�stias, frustra��es. O paciente tamb�m se v� numa condi��o de perda de autonomia, que tamb�m � muito impactante. De repente, um adulto de 40 anos n�o consegue ficar de p�, nem tomar banho sozinho. O impacto psicol�gico desse processo � muito grande e n�o poderia ser diferente”, diz a psic�loga.
“Outra coisa que as pessoas n�o imaginam: o paciente, na UTI, �s vezes est� inconsciente, mas tem momentos de consci�ncia. Quando ele acorda, se lembra de tudo em flashs e n�o consegue diferenciar o que foi real e o que n�o foi. Isso gera confus�o”, completa.
A profissional relata que, nos hospitais, o amparo psicol�gico do doente come�a logo quando ele d� entrada, permanecem at� mesmo quando ele est� sedado e se estendem ap�s a alta. Entre os problemas mais comuns manifestados pelos recuperados, Larissa enumera a s�ndrome do p�nico – crises repentinas de ansiedade aguda, marcadas por muito medo e desespero, associadas a sintomas f�sicos e emocionais aterrorizantes. “Felizmente, com os devidos acompanhamentos e cuidados, as pessoas se reorganizam e seguem em frente.”
Leia mais sobre a COVID-19
Confira outras informa��es relevantes sobre a pandemia provocada pelo v�rus Sars-CoV-2 no Brasil e no mundo. Textos, infogr�ficos e v�deos falam sobre sintomas, preven��o, pesquisa e vacina��o.
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferen�as
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de prote��o contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacina��o'?
- Os protocolos para a volta �s aulas em BH
- Pandemia, endemia, epidemia ou surto: entenda a diferen�a
- Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira respostas a 15 d�vidas mais comuns
Guia r�pido explica com o que se sabe at� agora sobre temas como risco de infec��o ap�s a vacina��o, efic�cia dos imunizantes, efeitos colaterais e o p�s-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar m�scara? Posso pegar COVID-19 mesmo ap�s receber as duas doses da vacina? Posso beber ap�s vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.