Pela primeira vez em 111 anos de servi�os meteorol�gicos no Brasil, Minas Gerais e outros quatro estados est�o em alerta de emerg�ncia h�drica em virtude da queda do volume de chuvas no per�odo de junho a setembro.
A escassez de precipita��o na Bacia do Prata se tornou alvo de preocupa��o do Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), que emitiu comunicado ao lado de outros �rg�os federais ligados � meteorologia, como a Ag�ncia Nacional de �guas e Saneamento B�sico (ANA) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden). Na regi�o, a situa��o � classificada como “severa” pelos especialistas.
Al�m de Minas, os estados de Goi�s, Mato Grosso do Sul, S�o Paulo e Paran� ter�o queda de chuvas. Os estados contam com polo de produ��o agropecu�ria e com grandes hidrel�tricas que servem de abastecimento de energia para a popula��o.
De acordo com o relat�rio do SNM, a falta de chuvas na bacia do Paran� est� provavelmente relacionada � influ�ncia do fen�meno La Ni�a, de outubro de 2020 a mar�o de 2021, que leva ao resfriamento das �guas do Oceano Pac�fico, altera o padr�o de circula��o global e reduziu chuvas no sul do Brasil. Outra causa seria a Oscila��o Ant�rtica (OA), respons�vel por alterar o padr�o de press�o atmosf�rica na regi�o.
Nos �ltimos meses, as chuvas ficaram acima da m�dia na Bacia do Paran� somente em dezembro de 2019, agosto de 2020 e janeiro de 2021. No restante do d�ficit, os estados ficaram com d�ficit de precipita��o. Desde o come�o de maio, o volume parcial foi de 27 mil�metros para a bacia, bem abaixo do acumulado climatol�gico, que � de 98 mil�metros.
Segundo o meteorologista Ruibran do Reis, do Climatempo, o problema de Minas Gerais � normal devido ao baixo volume de chuvas entre dezembro e abril: “O per�odo chuvoso em Minas historicamente come�a em outubro e termina em abril. E o per�odo seco come�a em maio e dura at� setembro. A falta de chuvas nesse per�odo � comum. Mas, em janeiro, mar�o e abril ficaram muito abaixo da m�dia. S� tivemos chuva efetivamente em fevereiro. Novembro e dezembro tamb�m choveu muito abaixo da m�dia, sem poder encher totalmente os reservat�rios. Foi, realmente, um per�odo chuvoso muito ruim. Vamos pegar agora o per�odo seco, o que � absolutamente normal. Tivemos aquela �poca do racionamento, em 2001, que foi muito pior. A seca naquele per�odo foi bem severa tamb�m”
A Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) j� vem utilizando seus reservat�rios para abastecer as usinas hidrel�tricas. “Estamos num momento de criticidade h�drica. Estamos esperando o pior per�odo seco do hist�rico, fruto de anos consecutivos de baixas precipita��es. Mas temos que lembrar que o setor el�trico � interligado e quando temos um d�ficit de capacidade de gera��o em determinada regi�o, a energia vem de outras regi�es. Temos outra matriz muito ampla e temos fontes t�rmicas, e�licas e fotovoltaicas, que garantem o suprimento energ�tico do sistema interligado nacional”, explica o gerente de planejamento estrat�gico da estatal, Ivan S�rgio Carneiro.
Uma das preocupa��es � justamente o reservat�rio de Tr�s Marias, que atualmente est� com 64% de volume �til. Segundo a Cemig, a vaz�o afluente est� no entorno de 150m³ e uma deflu�ncia de 400m³. Por outro lado, os reservat�rios de Nova Ponte (16%), no Rio Araguari, e de Borca��o (22%), no Rio Parana�ba, j� vivem situa��o de emerg�ncia.
“A Cemig tem sempre tentado preservar os despacho das usinas, estudando novas faxas operativas de unidades geradoras, avaliando as quest�es ambientes que eventualmente demandar uma quantidade maior de �gua para praticarmos deflu�ncias menores. Estamos sempre articulando com o Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS) a possibilidade de fazer despacho �timo, preservando os n�veis dos armazenamentos”, argumenta Ivan.
A��es federais
Para minimizar o impacto da seca entre julho e novembro, o governo federal far� restri��es hidr�ulicas em usinas nas bacias dos rios Grande e Paran�. Ser�o adotadas medidas para armazenar �gua nos reservat�rios das hidrel�tricas, evitando que seja liberado um volume usado, por exemplo, para assegurar a navega��o em rios e garantir �gua pot�vel para a popula��o de alguns munic�pios onde a for�a dos rios que des�guam no mar evita o retorno da �gua salgada.