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Estado de Minas MEIO S�CULO E UM ENIGMA

Mist�rio de 50 anos: parte da hist�ria de BH � devolvida � Igreja do Carmo

Pe�as em m�rmore de Carrara que permaneceram meio s�culo com fiel foram restitu�das ao templo pelo guardi�o antes de morrer


07/06/2021 06:00 - atualizado 07/06/2021 07:07

Balaustrada reintegrada ao conjunto arquietetônico do templo tem duas peças, com comprimento total de 15 metros. Se destinava até a década de 1960 a acolher os fiéis que, de joelhos, recebiam a comunhão(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Balaustrada reintegrada ao conjunto arquietet�nico do templo tem duas pe�as, com comprimento total de 15 metros. Se destinava at� a d�cada de 1960 a acolher os fi�is que, de joelhos, recebiam a comunh�o (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)


Esta hist�ria demorou mais de 50 anos para ser contada e, quando vem � tona no m�s em que se lembra o mist�rio da eucaristia, na figura da celebra��o de corpus chrtisti, ganha o tom da comunh�o com o patrim�nio, do respeito � religiosidade e da consci�ncia na preserva��o da mem�ria de Belo Horizonte. Est� de volta ao interior da Igreja Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Carmo, na Regi�o Centro-Sul da capital, uma balaustrada em duas pe�as esculpida em m�rmore de Carrara e destinada, at� o fim da d�cada de 1960, aos fi�is que se ajoelhavam para receber a h�stia das m�os dos freis carmelitas, nas missas.

Durante cinco d�cadas, a chamada mesa de comunh�o, medindo 15 metros de comprimento por 35 cent�metros de largura e 80cm de altura, ficou na casa de “um devoto de Nossa Senhora do Carmo, um paroquiano que cuidou dela como um guardi�o”, afirma o prior do Convento do Carmo e p�roco da igreja, frei Evaldo Xavier Gomes.

“Ficamos muito felizes, pois a mesa faz parte da nossa igreja. O m�rmore � de Carrara, mas ela foi esculpida em BH, pela mesma pessoa respons�vel pelo altar. Devemos enaltecer a consci�ncia religiosa e o ato de valoriza��o do patrim�nio, pois a mesa poderia ter sido destru�da, quebrada, enfim, podia ter desaparecido”, diz frei Evaldo. Ap�s tantos anos, a pe�a foi restaurada, o que exigiu quase um m�s de trabalho e uma semana para instala��o.

O guardi�o foi um homem, que faleceu, j� muito idoso, no ano passado. “Ao me entregar a mesa, ele contou que, em 1969, durante uma obra no templo do qual era vizinho, a pe�a foi retirada e descartada, de forma a n�o voltar mais ao local de origem. Temeroso de que algo pudesse ocorrer, como a danifica��o do m�rmore, o homem prop�s a compra, levando-a para sua casa”, conta o frei.

Sobre o porqu� de a devolu��o s� ter ocorrido tanto tempo depois, o l�der religioso se limita a reproduzir as palavras ouvidas do guardi�o: “Agora, que a Virgem do Carmo voltou a reinar em sua igreja, quero que volte para a casa dela”. Frei Evaldo prefere n�o se manifestar a respeito das palavras, apenas garante que, com o ato, os belo-horizontinos t�m de volta um bem de relev�ncia.

Houve mudan�as na din�mica da distribui��o da comunh�o a partir do Conc�lio Vaticano II (1962-1965), quando as mesas sa�ram de cena, mas frei Evaldo conta que a balaustrada complementa a concep��o original da nave, por ser um elemento arquitet�nico pr�prio da Igreja do Carmo. E agora integra um hist�rico de devolu��es espont�neas de pe�as do patrim�nio de Minas, que tem um dos acervos culturais mais ricos do pa�s (veja o quadro).

Hist�ria


Vindos de S�o Paulo e comandados pelo frei holand�s Atan�sio Maatman, os carmelitas chegaram a Belo Horizonte no fim da d�cada de 1930 para fundar uma igreja de grandes dimens�es. Na �poca, a regi�o, que muita gente chama hoje de Carmo-Sion, tinha o nome de Acaba Mundo, pois se imaginava que a cidade terminava ali. De in�cio, os frades ergueram um templo pequeno e provis�rio, de alvenaria, voltado para a Rua Gr�o Mogol.

Mais tarde, quando Juscelino Kubitschek (1902-1976) era prefeito de Belo Horizonte e come�ava a abrir a antiga rodovia BR-3 (atual BR-040), ligando BH ao Rio de Janeiro, frei Inoc�ncio Gerritsjans, ent�o dirigindo a ordem na capital, decidiu fazer a frente voltada para o trecho da estrada que se tornaria a Avenida Nossa Senhora do Carmo.

Para conseguir o dinheiro, frei Inoc�ncio circulava pela Cidade Jardim, considerado ent�o “o bairro das fam�lias ricas de BH”. H� registro de que entrava em festas, ao final tocava piano e acabava conseguindo ades�es. Era comum ainda ver outros religiosos pelas ruas, batendo de porta em porta atr�s dos recursos necess�rios para a obra. O templo se encontra em processo de tombamento pelo Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural de Belo Horizonte.

Devolu��es espont�neas

 

Autoridades mineiras do setor de patrim�nio registram uma s�rie de entregas volunt�rias de bens culturais, religiosos ou n�o. Relembre algumas das mais importantes


Em maio de 2015, uma peça em madeira (foto) pertencente ao Palacete Dantas, na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi devolvida de forma voluntária ao Ministério Público de Minas Gerais e entregue ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), órgão estadual responsável pelo tombamento do espaço público em 1977.(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 6/5/15)
Em maio de 2015, uma pe�a em madeira (foto) pertencente ao Palacete Dantas, na Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, foi devolvida de forma volunt�ria ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais e entregue ao Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha-MG), �rg�o estadual respons�vel pelo tombamento do espa�o p�blico em 1977. (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 6/5/15)

l Em novembro de 2014, um colecionador, de nome não divulgado, levou à sede da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico, em BH, em um caminhão, quatro peças de ferro que ficavam originalmente na torre esquerda da Fazenda da Jaguara, em Matozinhos, na Grande BH %u2013 cruz, haste de sustentação com sete metros de comprimento, galo e esfera armilar (foto), com o sinal do poder da Coroa portuguesa. Já em madeira, foram restituídos os dois óculos frontais (aberturas na parede para entrada de ar e luz). l Pouco depois, em 2014, outro colecionador, também de nome não divulgado, surpreendeu a equipe da CPPC ao entregar um conjunto de portas frontais, com duas bandeiras e duas partes superiores (sobrebandeiras), de madeira, e o conjunto de portas laterais da mesma Fazenda da Jaguara. l Em fevereiro de 2006, também foi devolvida à CPPC/MPMG imagem de Nossa Senhora do Rosário, do século 18, de madeira policromada. Muito degradada, a peça foi depois restaurada.(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 21/11/14)
l Em novembro de 2014, um colecionador, de nome n�o divulgado, levou � sede da Coordenadoria das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico, em BH, em um caminh�o, quatro pe�as de ferro que ficavam originalmente na torre esquerda da Fazenda da Jaguara, em Matozinhos, na Grande BH %u2013 cruz, haste de sustenta��o com sete metros de comprimento, galo e esfera armilar (foto), com o sinal do poder da Coroa portuguesa. J� em madeira, foram restitu�dos os dois �culos frontais (aberturas na parede para entrada de ar e luz). l Pouco depois, em 2014, outro colecionador, tamb�m de nome n�o divulgado, surpreendeu a equipe da CPPC ao entregar um conjunto de portas frontais, com duas bandeiras e duas partes superiores (sobrebandeiras), de madeira, e o conjunto de portas laterais da mesma Fazenda da Jaguara. l Em fevereiro de 2006, tamb�m foi devolvida � CPPC/MPMG imagem de Nossa Senhora do Ros�rio, do s�culo 18, de madeira policromada. Muito degradada, a pe�a foi depois restaurada. (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 21/11/14)

l Em janeiro de 2005, houve umas mais surpreendentes devoluções: uma imagem de São Sebastião e três crucifixos (foto) do século 18, roubados havia mais de 50 anos em Nova Era, na Região Central de Minas, foram devolvidos à Igreja Matriz de São José da Lagoa, depois de uma confissão. As peças foram entregues embrulhadas e teriam passado por uma restauração precária. O nome da pessoa que as devolveu não foi revelado, já que é segredo protegido pela confissão.(foto: Auremar de Castro/EM - 3/1/05)
l Em janeiro de 2005, houve umas mais surpreendentes devolu��es: uma imagem de S�o Sebasti�o e tr�s crucifixos (foto) do s�culo 18, roubados havia mais de 50 anos em Nova Era, na Regi�o Central de Minas, foram devolvidos � Igreja Matriz de S�o Jos� da Lagoa, depois de uma confiss�o. As pe�as foram entregues embrulhadas e teriam passado por uma restaura��o prec�ria. O nome da pessoa que as devolveu n�o foi revelado, j� que � segredo protegido pela confiss�o. (foto: Auremar de Castro/EM - 3/1/05)

l Em março de 2004, foi devolvida em São Paulo (SP), enrolada em um cobertor, imagem de São Vicente Ferrer (foto), do século 19, também acompanhada de um bilhete. Desaparecida havia 10 anos, ela voltou para o Museu Regional do Sul de Minas, no município de Campanha.(foto: Marcos Michelin/EM - 3/11/04)
l Em mar�o de 2004, foi devolvida em S�o Paulo (SP), enrolada em um cobertor, imagem de S�o Vicente Ferrer (foto), do s�culo 19, tamb�m acompanhada de um bilhete. Desaparecida havia 10 anos, ela voltou para o Museu Regional do Sul de Minas, no munic�pio de Campanha. (foto: Marcos Michelin/EM - 3/11/04)


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