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Estado de Minas BARRAGEM DO FUND�O

Atingidos de Mariana: decis�o de processo no Reino Unido pode levar um m�s

Ap�s quase 5 horas, advogados dos atingidos pela Barragem do Fund�o, em Mariana, e defensores da BHP Billiton argumentaram sobre a validade do processo


22/06/2021 13:46 - atualizado 22/06/2021 14:28

Barragem do Fundão, operada pela mineradora Samarco, em Mariana, se rompeu em 5 de novembro de 2015, liberando 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Barragem do Fund�o, operada pela mineradora Samarco, em Mariana, se rompeu em 5 de novembro de 2015, liberando 40 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
A possibilidade de ressarcimento internacional aos atingidos pela devasta��o e morte provocados com o rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, ser� deliberada por tr�s magistrados da Corte de Apela��o de Londres, ainda sem data de resposta fixa, mas devendo ocorrer em tr�s ou quatro semanas.

Ap�s embate nesta ter�a-feira (22/6), os advogados do escrit�rio PGMBM, que representa os atingidos, e o corpo legal da multinacional BHP Billiton aguardam uma decis�o.

O trio de ju�zes considerou que os argumentos dos dois lados foram suficientes para se chegar ao "fundo da quest�o", mas afirmam que precisar�o de tempo para deliberar e depois trazer uma decis�o a ser apresentada na presen�a dos advogados.

A audi�ncia come�ou �s 6h30 (hor�rio de Bras�lia). O escrit�rio PGMBM representa munic�pios, igrejas, empresas e mais de 200 mil atingidos, a maioria ainda n�o indenizada no Brasil, mesmo 6 anos depois, e requer 5 bilh�es de libras (R$ 35 bilh�es) em ressarcimentos � empresa BHP Billiton.

Uma das maiores mineradora do mundo, a anglo-australiana BHP Billiton e a Vale controlam a Samarco, a mineradora respons�vel pelo rompimento que matou 19 pessoas e devastou a bacia hidrogr�fica do Rio Doce, entre Minas Gerais e Esp�rito Santo, em 2015.

Na primeira inst�ncia, o juiz da Corte de Justi�a Civil de Manchester considerou que seria um abuso de jurisdi��o julgar a BHP ao mesmo tempo que processos ocorrem no Brasil. J� os advogados da PGMBM afirmam que n�o h� justi�a suficiente sendo feita no Brasil.

O primeiro entendimento da Corte de Apela��o manteve a decis�o de primeira inst�ncia. Mas uma conting�ncia do c�digo civil para que grandes injusti�as n�o sejam cometidas foi concedida aos atingidos e por isso a possibilidade de apela��o � novamente discutida.

Embate na Corte

Tr�s magistrados conduziram a audi�ncia, sendo eles o chamado Master of the Rolls, o Lord Justice Underhill, vice-presidente da Corte, e a Civil Division Lady Justice Carr.

Logo no in�cio, deixaram claro que n�o se ateriam aos m�ritos da causa, mas �s raz�es t�cnicas para possibilitar a apela��o.

Os advogados dos atingidos deveriam mostrar que o juiz errou ao n�o permitir o �ltimo recurso. J� os representantes da BHP precisariam comprovar que a decis�o foi correta.

O primeiro a falar foi o representante dos advogados dos atingidos, do escrit�rio anglo-brasileiro PGMBM.

Os principais argumentos sustentaram que o juiz de apela��o n�o considerou os termos trazidos sobre jurisdi��o (poder processar a BHP no Reino Unido) e abuso (trazer custos extremos para as cortes do Reino Unido ou duplicar a��es j� em curso no Brasil).

"Se a maioria dos requerentes estivesse processando a BHP – ou o grupo do qual faz parte – no Brasil, poderia at� se ter a impress�o de duplica��o. Mas 75% dos requerentes n�o acionaram nenhum deles no Brasil", declararam os advogados da PGMBM.

Os defensores dos atingidos ainda pontuaram que mesmo eleg�veis para um dia receber recursos da a��o civil p�blica de R$ 155 bilh�es movida pelo Minist�rio P�blico Federal, essa possibilidade n�o invalidaria o direito de processar quem os prejudicou onde decidirem. Principalmente pela a��o estar parada desde janeiro de 2017.

Quanto aos argumentos sobre a jurisdi��o, os advogados dos atingidos salientaram que o juiz de apela��o deveria ter trazido argumentos que mostrassem um a um os motivos de rejeitar o recurso e n�o trazer uma �nica e gen�rica decis�o.

"A lei permite julgar na Inglaterra, se um julgamento vindo de outro lugar n�o ocorrer em tempo razo�vel no outro pa�s".

Em seguida, os defensores da BHP Billiton refor�aram seus principais argumentos, dizendo que seria um abuso duplicar a��es j� existentes no Brasil, onde consideram que o processo de repara��o promovido pela Funda��o Renova est� caminhando satisfatoriamente. 

"Cerca de milhares de requerentes conseguiram justi�a no Brasil para suas repara��es. Nada menos do que 154 mil pessoas j� receberam algum recurso da Funda��o Renova ou abriram seus pr�prios procedimentos legais para indeniza��o. J� est� em andamento um ve�culo que traz a compensa��o (Renova). A 12ª Vara da Justi�a Federal (Belo Horizonte) tem concedido repara��o (pelo Processo de Indeniza��o Simplificado)", afirmaram os defensores da multinacional. 

Tamb�m afirmaram que a a��o no Reino Unido seria abusiva, pois traria custos excessivos e n�o benef�cios para os atingidos.

"N�o � economicamente vi�vel para o tribunal. Seria um desperd�cio de tempo e recursos. � imposs�vel lidar com dois casos em duas jurisdi��es ao mesmo tempo, com uma jurisdi��o podendo interferir na outra. Seria, como o juiz (de apela��o) considerou, sem sentido", destacaram os advogados da BHP.

Justi�a no exterior

O desenrolar judicial dos atingidos no Reino Unido

5 de novembro de 2015
» Barragem do Fund�o, operada pela mineradora Samarco, em Mariana, se rompe, liberando 40 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro. Um contingente estimado em 700 mil pessoas � impactado na Bacia do Rio Doce. Dezenove morreram depois do rompimento, sendo que uma das v�timas n�o teve seu corpo recuperado at� o momento

21 de setembro de 2018
» Sob risco de as a��es de indeniza��o prescreverem ap�s tr�s anos do desastre, o escrit�rio ingl�s SPG Law, atualmente PGMBM, anunciou que ingressaria com a��o em cortes do Reino Unido contra a BHP Billiton SPL, controladora da Samarco ao lado da Vale. Na �poca era estimado em 5 bilh�es de libras

3 de outubro de 2018
» Acordo firmado entre o Minist�rio P�blico, a Samarco e suas controladoras (al�m da BHP, a Vale) previu a interrup��o do prazo legal de prescri��o

2 de Novembro de 2018
» O escrit�rio PGMBM protocola na Justi�a do Reino Unido os pedidos de indeniza��o contra a BHP Billiton SPL representando mais de 200 mil atingidos pelo rompimento da barragem. Inicialmente o processo transcorreria na corte de Liverpool

16 de novembro de 2018
» Funda��o Renova pressiona prefeituras e atingidos a desistir da a��o internacional como condi��o para receber compensa��es acordadas. Advogados do escrit�rio internacional reagem

18 de dezembro de 2018
» Justi�a determina que Funda��o Renova pague o valor indenizat�rio por gastos extras com os preju�zos do rompimento � Governador Valadares e em seguida uma s�rie de outras decis�es mant�m munic�pios na a��o internacional

2 de abril de 2019
» BHP requer a transfer�ncia da a��o de Liverpool para Londres. Depois de 15 dias, o juiz decide manter em Liverpool por ter sido escolhido como foro pelos advogados dos atingidos e por terem um escrit�rio l�

13 de mar�o de 2020
» A PGMBM apresenta � BHP um amplo conjunto de documentos sustentando que � leg�tima a inten��o dos clientes de moverem uma a��o perante a Justi�a do Reino Unido. H� pareceres de juristas, depoimentos de v�timas e advogados brasileiros que atuaram no Brasil em favor dos atingidos e popula��es afetadas pelo rompimento da barragem de Fund�o

30 de Abril de 2020
» Confirma��o da data do julgamento. O julgamento do processo contra a BHP Billiton tinha a previs�o inicial de acontecer em junho deste ano, houve um pequeno adiamento por conta da pandemia de COVID-19, que est� afetando o mundo todo. A nova data ser� no dia 20 de julho de 2020

22 a 31 de julho de 2020
» Advogados dos atingidos e da BHP Billiton levam o caso internacional ao Centro de Justi�a C�vel em Manchester, onde o juiz sir Mark Turner julga se as indeniza��es poder�o ser processadas pelas cortes do Reino Unido

9 de novembro de 2020
» O juiz sir Mark Turner considera abusivo o pedido de indeniza��o dos atingidos contra a empresa anglo-australiana BMP Billiton. Advogados das v�timas recorrem

23 de mar�o de 2021
» A Corte de Apela��o em Londres nega o recurso e extingue o caso. Advogados apontam que a decis�o foi tomada fora dos argumentos apresentados, desconsidera precedentes e ainda traz risco de grave injusti�a sobretudo por fatos em andamento no Brasil, como poss�vel suspei��o da Justi�a Federal, pedidos do MP para extin��o da Renova e recupera��o judicial da Samarco

4 de maio de 2021
» Juiz da Corte de Apela��o em Londres se julga suspeito e transfere peti��o ao vice-presidente da institui��o, que reabre a an�lise em processo que dever� ser decidido em julho de 2021, com poss�vel novo julgamento sobre recurso dos atingidos

22 de junho de 2021
» Reabertura para an�lise do pedido de apela��o do processo dos atingidos contra a BHP Billiton. Decis�o pode levar um m�s


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