
No posto de vacina��o da UFMG a manh� foi de emo��o. A reportagem flagrou o momento em que uma mulher tomava a vacina, com os olhos marejados, segurando um pequeno cartaz com os dizeres: “Sinto muito, pai”.
Clarisse Aparecida dos Santos Oliveira Pereira, administradora, 35 anos, que estava no local para tomar a primeira dose da vacina contra a COVID-19, contou que perdeu o pai, Afonso Quintino dos Santos, de 75 anos, para o v�rus da COVID-19 em outubro de 2020, exatamente no dia do anivers�rio dela.
“Hoje � um dia triste, pois lembro a morte do meu querido pai", disse. Ela lamentou o fato de o pai n�o ter podido se beneficiar das vacinas, que come�aram a ser disponibilizadas no mundo em 8 dezembro. Naquele dia, Margaret Keenan, uma brit�nica de 90 anos, recebeu dose do imunizante da Pfizer, tornando-se a primeira pessoa no mundo a receber vacina contra a COVID-19 fora de ensaio cl�nico.
Clarisse acredita que milhares de brasileiros poderiam ter sido salvos se o governo federal tivesse negociado a compra de imunizantes com mais rapidez. Em 2020, o governo Bolsonaro se recusou a comprar 70 milh�es de doses oferecidas pela Pfizer prioritariamente ao Brasil e a fechar contratos com outros fabricantes.
A primeira vacina contra a COVID-19 fora de ensaio cl�nico s� foi aplicada no Brasil em 17 de janeiro, na enfermeira de S�o Paulo M�nica Calazans, que recebeu a primeira dose da CoronaVac logo depois de a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) aprovar o uso emergencial do imunizante desenvolvido pelo laborat�rio chin�s Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de S�o Paulo. Com a corrida pela vacina j� adiantada no mundo, o pa�s terminou enfrentando lentid�o na fila de espera dos fornecedores.
“O governo n�o fez o que era preciso", avalia Clarisse. Ela contou que o pai tinha comorbidades e morava no interior de Minas. “Ele vinha tr�s vezes por ano a Belo Horizonte para tratamentos contra diabetes, press�o alta e glaucoma. Quando foi infectado, ficou 12 dias internado, sofreu duas paradas card�acas e n�o resistiu”.
Clarisse mora com o marido em BH e foi a �ltima dos 11 irm�os a ser imunizada. “Leva um tempo para transformar em saudade, por enquanto o que sinto � tristeza e revolta, por mim e pelos outros que tamb�m n�o v�o poder conviver com seus entes queridos”, lamenta a administradora.
Enquanto isso, no posto de vacina��o no formato drive-thru do Minas Shopping na Regi�o Nordeste de Belo Horizonte, Luciane Nascimento Chiadreti, pedagoga de 42 anos, foi tomar a segunda dose da vacina contra a COVID-19, e relatou ter tido problemas para conseguir se vacinar.
“Apresentei o cart�o de vacina virtual do Aplicativo do Minist�rio da Sa�de Conecte SUS, pois esqueci de levar o meu cart�o f�sico, e, ao chegar ao local de vacina��o, os enfermeiros n�o quiseram aplicar a dose, informando que s� aceitavam com o cart�o f�sico de vacina, para conferir se a data para a pr�xima dose estava correta”, conta a pedagoga.
“Com isso, tive que ir a um posto de sa�de, e acabei conseguindo uma segunda via do cart�o de vacina, mas em um papel inferior. Retornei ao Shopping e apresentei este papel aos enfermeiros, por�m continuaram a se recusar a aplicar a dose, dizendo que o papel estava rasgado, e em ruim estado”, relata Luciane.
“Depois de horas na fila, eles procuraram no meu cadastro e viram que j� estava na data de eu receber a segunda dose, com o registro de qual vacina eu havia tomado na primeira, e finalmente aceitaram aplicar a vacina”, explica.
“Por que investir dinheiro p�blico em um aplicativo que n�o funciona corretamente?”, questina. Podiam usar para comprar mais vacinas ent�o”, defende a pedagoga.
A Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte informou que no aplicativo n�o consta registro de quando ser� a data da segunda dose, apenas que a pessoa tomou a primeira inje��o.
“O recomendado � que as pessoas apresentem o cart�o de vacina f�sico, pois l� constam todas as informa��es de que os profissionais precisam para saber se j� est� na data correta para aplicar a pr�xima dose”, explicou a assessoria da secretaria em nota.
PBH alerta para p�blico checar endere�o de vacina��o
A PBH alerta para a checagem dos locais de vacina��o, informando que as pessoas convocadas devem se vacinar nos postos listados para cada grupo e sempre conferir os endere�os, disponibilizados no portal da prefeitura, antes de se deslocar aos pontos de imuniza��o.
A Secretaria Municipal de Sa�de orienta que o usu�rio compare�a aos locais de vacina��o no dia da convoca��o. Caso a pessoa se dirija ao local em data posterior, est� sujeita a enfrentar filas, j� que os pontos de repescagem est�o distribu�dos em uma unidade por regional e por tipo de vacina.
O hor�rio de funcionamento dos locais de vacina��o em dias �teis � das 8h �s 17h para pontos fixos e extras e das 8h �s 16h30 para pontos de drive-thru. J� aos s�bados os postos fixos e extras funcionam das 7h30 �s 14h e os pontos drive-thru das 8h �s 14h.
H� tamb�m os locais de vacina��o com hor�rio noturno. O ponto da UFMG Campus Sa�de (Escola de Enfermagem), na avenida Professor Alfredo Balena, 190 - Santa Efig�nia, funciona das 12h �s 20h. J� o hor�rio de funcionamento da Faculdade Pit�goras, na rua dos Timbiras, 1.375 - Funcion�rios, � das 8h �s 20h. Os p�blicos eleg�veis para se vacinar nestas unidades s�o apenas os chamados para o dia em quest�o.
Lembrando que para receber a vacina, � necess�rio, levar o cart�o de vacina, identidade, CPF, usar m�scara de prote��o, e seguir as seguintes orienta��es :
- Ser cidad�o residente de Belo Horizonte;
- Apresentar documento de identifica��o com foto;
- N�o ter recebido vacina contra a Covid-19;
- N�o ter recebido qualquer outra vacina nos �ltimos 14 dias;
- N�o ter tido Covid-19 com in�cio de sintomas nos �ltimos 30 dias.
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Guia r�pido explica com o que se sabe at� agora sobre temas como risco de infec��o ap�s a vacina��o, efic�cia dos imunizantes, efeitos colaterais e o p�s-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar m�scara? Posso pegar COVID-19 mesmo ap�s receber as duas doses da vacina? Posso beber ap�s vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.
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*Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente Vera Schmitz