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Estado de Minas MEIO AMBIENTE

MG com calor do Nordeste? Proje��o indica efeitos do aquecimento global

Estimativas baseadas no pior cen�rio da ONU indicam que cidades mineiras podem enfrentar calor hoje registrado em algumas das capitais mais quentes do pa�s


22/08/2021 04:00 - atualizado 22/08/2021 11:41

Tarde de sol escaldante em BH: projeção baseada em plataforma do IPCC mostra cidade sujeita a impacto de 3,6°C e média de temperatura equivalente à de Salvador atualmente(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 18/9/20)
Tarde de sol escaldante em BH: proje��o baseada em plataforma do IPCC mostra cidade sujeita a impacto de 3,6�C e m�dia de temperatura equivalente � de Salvador atualmente (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 18/9/20)
Um calor t�o intenso quanto o sentido em algumas das maiores capitais do Nordeste do Brasil pode se projetar definitivamente sobre as montanhas mineiras, comprometendo safras, fazendo secar nascentes, minguar o volume de rios e reduzindo a gera��o de energia, ao mesmo tempo em que amplia seu consumo. A eleva��o seria tal que Belo Horizonte viveria dias com calor semelhante ao de Salvador, com temperatura m�dia anual passando de 20,6°C para 24,2°C.

Esse cen�rio catastr�fico previsto caso o aquecimento global n�o seja contido se instalaria em Minas Gerais, de acordo com as modelagens mais cr�ticas do Relat�rio do Painel Intergovernamental sobre Mudan�as Clim�ticas (IPCC), da Organiza��o das Na��es Unidas, publicado no �ltimo dia 9. Segundo o estudo, at� 2100 a Terra poder� se aquecer do 1,5°C da previs�o mais otimista at� os 4°C da proje��o mais pessimista.

Em Minas, a Funda��o Estadual de Meio Ambiente (Feam) determinou quais os munic�pios mais vulner�veis a mudan�as clim�ticas unindo v�rios indicadores, como eventos catastr�ficos j� ocorridos, capacidade de resposta da Defesa Civil e das estruturas de Estado, n�vel de depend�ncia p�blica, cobertura vegetal e soberania h�drica, entre outros.

Levando-se em conta as 33 cidades de maior vulnerabilidade clim�tica apontados nessa lista, todos teriam temperaturas elevadas a patamares similares aos atuais do Nordeste, caso a Terra enfrentasse a mais alta proje��o de aquecimento.

''Verifica-se uma significativa concentra��o de munic�pios com exposi��o muito alta e extrema no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha. Ao todo, s�o 102 munic�pios em Minas Gerais com esses n�veis de exposi��o, com mais de 2 milh�es de habitantes''

Funda��o Estadual de Meio Ambiente (Feam)

Os impactos nas cidades mineiras foram estabelecidos com base no algoritmo do IPCC, que calcula o impacto para locais espec�ficos do planeta em cen�rios de aquecimento de 1,5°C ou 4°C, de acordo com as coordenadas dos munic�pios. Um dos mais altos impactos ocorreria em Coromandel, cidade de 28 mil habitantes do Alto Parana�ba, onde a atual temperatura m�dia ao longo do ano � de 21,9°C.

O aquecimento planet�rio poder� elevar essa raz�o em 4°C, na estimativa mais dram�tica, chegando a 25,9°C, uma temperatura similar � de Natal, no Rio Grande do Norte, atualmente.

Por outro lado, Dom Bosco, no Noroeste de Minas, seria a cidade em que os term�metros indicariam mais calor, com o acr�scimo de 3,9°C aos seus 22,7°C de m�dia atual. Com isso, registrariam a m�dia de 26,6°C, a mesma de Fortaleza, capital do Cear�, no atual cen�rio.

“PROTETOR SOLAR” 

O trabalho para aplacar o aquecimento come�a impedindo que ilhas de calor se formem nas cidades, e � o conjunto dessas a��es em escala global que poderia atenuar o aquecimento, afirma o doutor em geografia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha) Klemens Augustinus Laschefski, professor do Instituto de Geoci�ncias da Universidade Federal de Minas Gerais.

“Precisamos refor�ar o transporte p�blico. Muitos carros em circula��o, como em BH, aumentam os gases de efeito estufa (GEE). Precisamos abandonar os modelos de cidades constru�das para carros. Elas precisam privilegiar as pessoas. Tamb�m � muito importante que tenhamos mais �reas naturais protegidas. As �reas verdes amenizam as temperaturas”, explica.

Os estragos que Minas Gerais pode sofrer com o aquecimento global e as mudan�as clim�ticas podem ser calibrados pela quantidade de munic�pios que a Feam identifica como vulner�veis. “Um total de 68% dos munic�pios mineiros t�m sensibilidade alta ao clima, sendo 5% uma sensibilidade muito alta”, descreve o �rg�o.

“Verifica-se uma significativa concentra��o de munic�pios com exposi��o muito alta e extrema no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha. Ao todo, s�o 102 munic�pios em Minas Gerais com esses n�veis de exposi��o, com mais de 2 milh�es de habitantes”, prossegue o estudo da funda��o.

Entre a esperan�a e a vulnerabilidade

Levantamentos do �rg�o ambiental do estado mostram que a maior parte das cidades mineiras t�m uma capacidade moderada de se adaptar �s mudan�as clim�ticas e seus efeitos (51%), somando 5 milh�es de habitantes. “As regi�es do Norte de Minas e Jequitinhonha aparecem como as mais vulner�veis �s mudan�as clim�ticas. O territ�rio mineiro tem 20% de seus munic�pios em �reas de vulnerabilidade extrema (6% da popula��o total do estado)”, segundo a Feam.

Mas h� esperan�a, caso haja pol�ticas p�blicas adequadas, conscientiza��o e melhoria de infraestrutura. “Grande parte da popula��o mineira se encontra em �reas com capacidade de adapta��o alta, que responde por 48% dos munic�pios e 71% t�m vulnerabilidade relativamente baixa ou moderada”, define a Feam.

DEPENDE DE N�S 

O IPCC foi o primeiro organismo da ONU a concluir que os seres humanos s�o respons�veis por ampliar 1,07°C na temperatura do planeta nos �ltimos 50 anos. As conclus�es est�o no relat�rio “Climate change 2021: The physical science basis”.

Em termos de Brasil, os modelos preveem crescimento na dura��o das secas no Nordeste, bem como mais dias sem chuvas no Norte da Amaz�nia. A quantidade de dias com calor acima de 35°C na Amaz�nia por mais de 60 dias por ano tamb�m ser� maior at� o fim do s�culo. Mais secas agr�colas e ecol�gicas no Sul da Amaz�nia e em parte do Centro-Oeste s�o muito prov�veis, apontam os estudos.

Confira as a��es que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente julga importantes no enfrentamento ao aquecimento global em Minas:

  1. Assinatura de Memorando de Entendimento entre o governo de Minas Gerais e o Reino Unido, em dezembro de 2020, relacionado �s mudan�as clim�ticas e estrat�gias do processo de descarboniza��o rumo � 26ª Confer�ncia das Na��es Unidas sobre Mudan�a do Clima (COP26). O estado foi o primeiro no Brasil a assinar um acordo com o Reino Unido sobre uma agenda de desenvolvimento verde. 

  2. Assinatura de carta compromisso com a Alian�a pela A��o Clim�tica (ACA Brasil), coordenada pelo ICLEI Am�rica do Sul, o Instituto Clima e Sociedade, o CDP LatinAmerica e o Centro Brasil no Clima. O compromisso busca adotar medidas sistematizadas para aumentar o apoio p�blico no enfrentamento � crise clim�tica, contribuindo para que os pa�ses cumpram com os compromissos firmados no Acordo de Paris e colaborarem para que as metas a se alcan�ar sejam ainda mais ambiciosas. 

  3. Tamb�m em 2020, Minas Gerais passou a compor a Coaliz�o “Governadores pelo Clima”, uni�o de 24 governadores brasileiros que se associaram para enfrentar as emerg�ncias clim�ticas com a��es destinadas a regenera��o ambiental, redu��o das emiss�es de carbono e desenvolvimento de cadeias econ�micas capazes de oferecer alternativas �s popula��es mais vulner�veis.

  4. Anualmente, Minas Gerais, juntamente com milhares de organiza��es, cidades, estados e regi�es, reporta suas emiss�es de gases de efeito estufa, gerenciamento de �gua e florestas, e estrat�gias clim�ticas por meio da plataforma CDP. A divulga��o de dados ambientais por meio do CDP tem um grande n�mero de vantagens, desde uma melhoria de engajamento, at� a centraliza��o de dados e o acompanhamento do progresso. O CDP fornece aos Estados todos os dados dispon�veis publicamente, avalia sua resposta, compara seu desempenho com seus pares e encontra �reas de oportunidade para o nosso contexto, com foco no enfrentamento da crise clim�tica e no desenvolvimento sustent�vel.

  5. O Estado publicar� decreto criando o F�rum Mineiro de Energia e Mudan�as Clim�ticas (FEMC), inst�ncia de discuss�o de alto n�vel sobre mudan�a do clima e transi��o energ�tica, subsidiando a formula��o e implementa��o de pol�ticas p�blicas relativas � mitiga��o das emiss�es de gases de efeito estufa e adapta��o, assim como a promo��o da energia renov�vel e da efici�ncia energ�tica, visando � transi��o para uma economia neutra em carbono.

  6. Lan�amento da plataforma Clima Gerais, em 2015, para apoiar os munic�pios mineiros no desenvolvimento de baixo carbono e na adapta��o territorial, frente aos efeitos das mudan�as clim�ticas. A plataforma, espec�fica para agentes municipais, possui m�dulos que visam apresentar os principais conceitos relativos � mudan�a do clima, boas pr�ticas de munic�pios brasileiros e internacionais, bem como poss�veis fontes de financiamento.

  7. Em parceria com a Ag�ncia Francesa de Desenvolvimento (AFD), a Feam tamb�m lan�ou, em 2020, a ferramenta Clima na Pr�tica, que � uma metodologia de apoio � elabora��o e implementa��o de pol�ticas p�blicas municipais de combate �s mudan�as clim�ticas. A ferramenta oferece aos gestores municipais diretrizes para a elabora��o de um Plano de Energia e Mudan�as Clim�ticas Municipal e/ou outras a��es ou pol�ticas voltadas para a mitiga��o e adapta��o �s mudan�as clim�ticas. Representa, ainda, uma forma de auxiliar o munic�pio a inserir em suas pol�ticas e programas, a agenda clim�tica.

  8. Em 2019, a Feam adequou o potencial poluidor/degradador do solo relativo aos empreendimentos de energia solar fotovoltaica, com altera��o do �ndice de G (grande) para M (m�dio), j� que na �poca, empreendimentos dessa fonte renov�vel eram considerados como de alto potencial poluidor do solo, mesma classifica��o utilizada para gera��o de energia hidrel�trica e energia termel�trica movida a combust�vel f�ssil. A mudan�a teve como objetivo fomentar a instala��o de empreendimentos fotovoltaicos em territ�rio mineiro e, deste modo, garantir a implementa��o de uma pol�tica de transi��o energ�tica a n�vel estadual, a fim de cumprir acordos clim�ticos internacionais, bem como garantir um fornecimento seguro e diverso de energia � sociedade mineira.


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