
Voltado atualmente para o tr�fego de aeronaves da avia��o executiva e da avia��o geral (empresas particulares, t�xi a�reos e hangares) e considerado um dos principais polos de manuten��o de aeronaves e helic�pteros do pa�s, o Aeroporto da Pampulha n�o �, em movimento, nem sombra de outras �pocas. Sem exagero, aquela hist�ria do “quem te viu, quem te v�” cai como uma luva. No fim da manh� de sexta-feira, quando a reportagem esteve no local, era poss�vel contar o n�mero de pessoas no sagu�o: o seguran�a, duas faxineiras, dois funcion�rios de uma empresa e um homem trocando cartazes promocionais. N�o h� mais lojas abertas, frenesi de passageiros transitando nem a correria para n�o perder a hora. No ar, o sil�ncio.

Os olhos de Sebasti�o brilham ao falar da recep��o ao atacante Renato Ga�cho, em 1992, contratado pelo Cruzeiro. “Chegou �s 14h, num voo da Vasp (antiga companhia a�rea). Ficou tudo lotado”, conta Sebasti�o, belo-horizontino do Bairro Floresta. Imposs�vel tamb�m para ele se esquecer de uma viagem feita pelo seu pai, j� falecido. “Vim busc�-lo, mas estava muito p�lido. Culpa da forte turbul�ncia que o deixou apavorado”. De not�cia triste, s� uma: “Em 1980, meu primo Maur�lio Mello, que jogava pela Sele��o Mineira de Futebol de Sal�o, sofreu um acidente de carro, no Tri�ngulo Mineiro, e teve que voltar de avi�o. Foi muito triste rev�-lo machucado”.
Papa na pista

Propriet�ria h� 30 anos do restaurante Churrasquinho do Manuel, na Rua General Aranha, perto da Pra�a Bagatele, onde est� o busto do mineiro Santos Dumont (1873-1932), “o Pai da Avia��o”, Keila Fernandes n�o v� a hora de o aeroporto decolar. “Movimento de volta � tudo o que queremos. Ser� �timo para a regi�o”, acredita a comerciante. O sorriso se ilumina quando ela relembra d�cadas passadas. “Recebi aqui muita gente famosa, que desembarcava e queria almo�ar. Esteve aqui o Pedro de Lara (1925-2007, comediante e ator brasileiro), o Jesus Luz (modelo e DJ, ex-namorado da cantora Madonna), os Rebeldes (grupo musical) e outros”, afirma Keila com entusiasmo.
Na cal�ada vazia do aeroporto, Elo�sa Pimenta, residente no vizinho Bairro Dona Clara, faz sua caminhada matinal e guarda lembran�as. “Moro praticamente no fundo da pista do aeroporto. O movimento acabou, assim como o barulho dos pousos e decolagens. J� viajei muito, saindo daqui. Agora � sempre parado. Na realidade, para n�s, moradores, ficou melhor”, revela.
Encontros e despedidas
A hist�ria voa nas asas da Panair, com muitos encontros e despedidas. Conforme pesquisa da Infraero, as atividades do Aeroporto da Pampulha tiveram in�cio em 1933 para atender os voos do Correio A�reo Militar, na chamada Linha de S�o Francisco, que ligava o Rio de Janeiro (RJ) a Fortaleza (CE). O aeroporto era uma das escalas e sua denomina��o oficial, na �poca, Destacamento de Avia��o. Ainda na d�cada de 1930, foi considerado apto para o tr�fego da avia��o comercial e, em 2 de setembro de 1936, o governo de Minas foi autorizado a conceder � Panair do Brasil o direito de explorar a linha entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
No ano seguinte, uma curiosidade. Em 23 de mar�o de 1937, foi oficialmente inaugurada a linha comercial Rio-BH-Rio, com um avi�o bimotor Lockeed 10E Electra I, PP-PAS, com capacidade para dois tripulantes e seis passageiros. J� em 1941, o aeroporto foi transferido para a For�a A�rea Brasileira ap�s a cria��o do Minist�rio da Aeron�utica. Nessa �poca, j� ficava evidente a necessidade de amplia��o da pista do aeroporto.
A d�cada de 1950 trouxe um novo terminal de passageiros, pista com 1,7 mil metros e balizamento noturno. Posteriormente, a pista foi sendo sucessivamente ampliada de forma a receber aeronaves cada vez maiores. Os novos ventos sopraram a partir de 1979, com o in�cio das obras do Aeroporto Internacional de Confins – Tancredo Neves. A inaugura��o ocorreu em 1984 e a� diminuiu consideravelmente o movimento do Aeroporto da Pampulha.
Dois anos depois, a Pampulha retoma suas atividades com demanda crescente. A partir de 1990, com a inser��o de modernas aeronaves a jato ligando BH a outras capitais, um grande n�mero de passageiros volta a usar o Aeroporto da Pampulha, atra�dos por sua proximidade com o Centro da capital mineira. Tanto que, em 2002, o Aeroporto da Pampulha bateu o recorde hist�rico, com mais de 3 milh�es de passageiros atravessando seus port�es de embarque e desembarque, e um total de 88,7 mil opera��es de pouso e decolagens. O nome do escritor e poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) “batizou” o aeroporto em 2004, como homenagem ao centen�rio de nascimento do mineiro de Itabira.
Novas mudan�as chegam em 2005. O antigo Departamento de Avia��o Civil (DAC) e a Infraero transferem os voos de longa dist�ncia da Pampulha para Confins. Com isso, o Aeroporto de BH passou a atender as principais cidades de Minas e se firmou como um dos principais aeroportos regionais do Brasil. A partir de 2010, a Infraero executou obras para melhoria das pistas, p�tios e terminal de passageiros, implantou a nova torre de controle, fazendo ainda a revitaliza��o das subesta��es, substitui��o das torres de ilumina��o e a adequa��o da sala AIS (Servi�o de Informa��o Aeron�utica).
Leil�o
� frente do leil�o est� o governo de Minas, via Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra). As invers�es com a concess�o s�o estimados em R$ 151 milh�es, viabilizados mediante investimentos privados. Desse total, cerca de R$ 65 milh�es ser�o investidos nos primeiros 36 meses, destinados, entre outros servi�os, � constru��o de um terminal de avia��o geral, sistema de pistas de t�xi, recupera��o parcial do pavimento da pista e prepara��o para novos hangares. Al�m disso, o projeto estima a arrecada��o de R$ 99 milh�es em impostos federais, estaduais e municipais.
Em junho de 2020, o Minist�rio da Infraestrutura assinou Conv�nio de Delega��o do equipamento para o estado de Minas Gerais, a fim de viabilizar o desenvolvimento dos estudos para a estrutura��o de um novo modelo de gest�o, opera��o, expans�o e explora��o do Aeroporto da Pampulha. Em julho do mesmo ano, a Seinfra iniciou o Procedimento de Manifesta��o de Interesse (PMI) para receber projetos, levantamentos e estudos t�cnicos que subsidiassem a modelagem da concess�o. Entre fevereiro e mar�o de 2021, foi realizada, com posterior audi�ncia p�blica.
A estrutura do equipamento se encontra em uma �rea de quase 2 milh�es de metros quadrados, a cerca de 8 quil�metros do Centro de BH. E mais: fica perto do Conjunto Moderno da Pampulha, reconhecido como Patrim�nio Mundial, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do est�dio do Mineir�o e de outros.
Cronologia
1933 – In�cio das atividades do Aeroporto da Pampulha, principalmente para atender voos do Correio A�reo Militar.
1936 – Em 2 de setembro, por meio da Lei nº 76, o governo de Minas � autorizado a conceder � Panair do Brasil o direito de explorar a linha entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
1937 – Em 23 de mar�o, � oficialmente inaugurada a linha comercial Rio-BH-Rio com um avi�o bimotor Lockeed 10E Electra I, PP-PAS, com capacidade para dois tripulantes e seis passageiros.
1954 – Inaugurado o terminal de passageiros.
1973 – Em 3 de dezembro, o Aeroporto da Pampulha � incorporado � Infraero.
1979 – Iniciada da constru��o do Aeroporto Internacional de Confins, inaugurado em 1984.
1986 – Pampulha retoma suas atividades com demanda crescente. Em 2002, bate recorde, com mais de 3 milh�es de passageiros atravessando os port�es de embarque e desembarque.
2004 – Passa a se chamar oficialmente Carlos Drummond de Andrade, em homenagem ao centen�rio de nascimento do escritor e poeta mineiro.
2005 – Voos de longa dist�ncia s�o transferidos da Pampulha para Confins. Com isso, o Aeroporto de BH passa a atender as principais cidades de Minas e se firma como um dos principais aeroportos regionais do Brasil.
2010 – Nessa d�cada, a Infraero faz obras para melhoria das pistas, p�tios e terminal de passageiros, implanta a nova torre de controle, revitaliza subesta��es, substitui torres de ilumina��o e promove a adequa��o da sala AIS (Servi�o de Informa��o Aeron�utica).