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Estado de Minas AEROPORTO DA PAMPULHA

Aeroporto da Pampulha vai a leil�o cercado de expectativas e hist�ria

Lance m�nimo para a concess�o, que ser� oferecida nesta ter�a-feirra na Bolsa de Valores � de R$ 9,8 milh�es


05/10/2021 04:00 - atualizado 05/10/2021 07:16

Pista de pouso do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, em Belo Horizonte, na Região da Pampulha
O aeroporto � usado hoje para o tr�fego de aeronaves da avia��o executiva e da avia��o geral, que inclui t�xis a�reos e hangares, e � polo de manuten��o de helic�pteros (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O nome � de poeta, a vizinhan�a, Patrim�nio Mundial, e a lagoa famosa, bem ao lado, espelha partidas e chegadas ao longo de quase 90 anos. Esse � um dos “retratos falados” do Aeroporto de Belo Horizonte/Pampulha – Carlos Drummond de Andrade, que, a partir de hoje, al�ar� novos voos, levando a bordo as esperan�as de comerciantes e hist�rias de outros tempos da capital.

A mudan�a de rota est� marcada para 14h, na Bolsa de Valores de S�o Paulo (SP), quando haver� a sess�o p�blica para concess�o, amplia��o e manuten��o da infraestrutura do aeroporto administrado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportu�ria (Infraero). O martelo ser� batido para a empresa que der o lance de maior outorga fixa, sendo o valor m�nimo fixado em R$ 9,8 milh�es. Ao longo de 30 anos, est� previsto, ainda, o pagamento anual de Outorga Vari�vel, que corresponde a um percentual da receita bruta auferida pelo concession�rio.

Voltado atualmente para o tr�fego de aeronaves da avia��o executiva e da avia��o geral (empresas particulares, t�xi a�reos e hangares) e considerado um dos principais polos de manuten��o de aeronaves e helic�pteros do pa�s, o Aeroporto da Pampulha n�o �, em movimento, nem sombra de outras �pocas. Sem exagero, aquela hist�ria do “quem te viu, quem te v�” cai como uma luva. No fim da manh� de sexta-feira, quando a reportagem esteve no local, era poss�vel contar o n�mero de pessoas no sagu�o: o seguran�a, duas faxineiras, dois funcion�rios de uma empresa e um homem trocando cartazes promocionais. N�o h� mais lojas abertas, frenesi de passageiros transitando nem a correria para n�o perder a hora. No ar, o sil�ncio.

Moradora do entorno do Aeroporto da Carlos Drummond de Andrade, em Belo Horizonte, na Região da Pampulha. Mulher usando blusa azul, calça jeans, máscara broche está na entrada do terminal
Moradora do entorno, Elo�sa Pimenta guarda lembran�as da movimenta��o, mas considera positiva a diminui��o do barulho (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
At� o ponto de t�xi, localizado de frente para a frondosa mangueira, no lado direito de quem olha para o aeroporto, ficou na saudade. O taxista Sebasti�o Vignoli Lopes, de 61 anos, h� quatro d�cadas no of�cio, sabe muito bem comparar o antes e depois, j� que a situa��o come�ou a mudar com a inaugura��o do Aeroporto Internacional de Confins (1984) e entrou em queda vertiginosa quando os voos comerciais foram transferidos definitivamente para l�. “Este lugar onde estamos se chamava ‘chiqueirinho', mas n�o sei o porqu�. S� lembro que vivia cheio, muitas filas de carro para pegar os passageiros”, recorda. “Se existe uma palavra para definir, � abandono”, resume o que v� e o que n�o v�.

Os olhos de Sebasti�o brilham ao falar da recep��o ao atacante Renato Ga�cho, em 1992, contratado pelo Cruzeiro. “Chegou �s 14h, num voo da Vasp (antiga companhia a�rea). Ficou tudo lotado”, conta Sebasti�o, belo-horizontino do Bairro Floresta. Imposs�vel tamb�m para ele se esquecer de uma viagem feita pelo seu pai, j� falecido. “Vim busc�-lo, mas estava muito p�lido. Culpa da forte turbul�ncia que o deixou apavorado”. De not�cia triste, s� uma: “Em 1980, meu primo Maur�lio Mello, que jogava pela Sele��o Mineira de Futebol de Sal�o, sofreu um acidente de carro, no Tri�ngulo Mineiro, e teve que voltar de avi�o. Foi muito triste rev�-lo machucado”.

Papa na pista

Taxista de blusa laranja que atua nas imediações do Aeroporto da Pampulha em pé, próximo ao seu veículo, que é branco e carrega uma sinalização de táxi
''Se existe uma palavra para definir, � abandono'', diz o taxista Sebasti�o Lopes, que coleciona hist�rias ligadas ao terminal da Pampulha (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O Aeroporto da Pampulha se tornou a porta de entrada para chefes de Estado, artistas, atletas, pol�ticos, cientistas, religiosos e outras personalidades at� da realeza que chegavam a Minas Gerais. Foi nessa pista que desembarcou, no in�cio da manh� de 1º de julho de 1980, o papa Jo�o Paulo II, canonizado em 2014. “S�o fatos marcantes na hist�ria de BH, por isso o aeroporto poderia ser mais bem aproveitado: tr�s voos comerciais de manh�, tr�s � tarde e tr�s � noite... j� estaria de bom tamanho”, afirma Sebasti�o. No arquivo do Estado de Minas, h� registro do Pr�ncipe Charles de Luxemburgo (1953), Juscelino Kubitschek, Get�lio Vargas e o ator Kirk Douglas.

Propriet�ria h� 30 anos do restaurante Churrasquinho do Manuel, na Rua General Aranha, perto da Pra�a Bagatele, onde est� o busto do mineiro Santos Dumont (1873-1932), “o Pai da Avia��o”, Keila Fernandes n�o v� a hora de o aeroporto decolar. “Movimento de volta � tudo o que queremos. Ser� �timo para a regi�o”, acredita a comerciante. O sorriso se ilumina quando ela relembra d�cadas passadas. “Recebi aqui muita gente famosa, que desembarcava e queria almo�ar. Esteve aqui o Pedro de Lara (1925-2007, comediante e ator brasileiro), o Jesus Luz (modelo e DJ, ex-namorado da cantora Madonna), os Rebeldes (grupo musical) e outros”, afirma Keila com entusiasmo.

Na cal�ada vazia do aeroporto, Elo�sa Pimenta, residente no vizinho Bairro Dona Clara, faz sua caminhada matinal e guarda lembran�as. “Moro praticamente no fundo da pista do aeroporto. O movimento acabou, assim como o barulho dos pousos e decolagens. J� viajei muito, saindo daqui. Agora � sempre parado. Na realidade, para n�s, moradores, ficou melhor”, revela.

Encontros e despedidas

A hist�ria voa nas asas da Panair, com muitos encontros e despedidas. Conforme pesquisa da Infraero, as atividades do Aeroporto da Pampulha tiveram in�cio em 1933 para atender os voos do Correio A�reo Militar, na chamada Linha de S�o Francisco, que ligava o Rio de Janeiro (RJ) a Fortaleza (CE). O aeroporto era uma das escalas e sua denomina��o oficial, na �poca, Destacamento de Avia��o. Ainda na d�cada de 1930, foi considerado apto para o tr�fego da avia��o comercial e, em 2 de setembro de 1936, o governo de Minas foi autorizado a conceder � Panair do Brasil o direito de explorar a linha entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

No ano seguinte, uma curiosidade. Em 23 de mar�o de 1937, foi oficialmente inaugurada a linha comercial Rio-BH-Rio, com um avi�o bimotor Lockeed 10E Electra I, PP-PAS, com capacidade para dois tripulantes e seis passageiros. J� em 1941, o aeroporto foi transferido para a For�a A�rea Brasileira ap�s a cria��o do Minist�rio da Aeron�utica. Nessa �poca, j� ficava evidente a necessidade de amplia��o da pista do aeroporto.

A d�cada de 1950 trouxe um novo terminal de passageiros, pista com 1,7 mil metros e balizamento noturno. Posteriormente, a pista foi sendo sucessivamente ampliada de forma a receber aeronaves cada vez maiores. Os novos ventos sopraram a partir de 1979, com o in�cio das obras do Aeroporto Internacional de Confins – Tancredo Neves. A inaugura��o ocorreu em 1984 e a� diminuiu consideravelmente o movimento do Aeroporto da Pampulha.

Dois anos depois, a Pampulha retoma suas atividades com demanda crescente. A partir de 1990, com a inser��o de modernas aeronaves a jato ligando BH a outras capitais, um grande n�mero de passageiros volta a usar o Aeroporto da Pampulha, atra�dos por sua proximidade com o Centro da capital mineira. Tanto que, em 2002, o Aeroporto da Pampulha bateu o recorde hist�rico, com mais de 3 milh�es de passageiros atravessando seus port�es de embarque e desembarque, e um total de 88,7 mil opera��es de pouso e decolagens. O nome do escritor e poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) “batizou” o aeroporto em 2004, como homenagem ao centen�rio de nascimento do mineiro de Itabira.

Novas mudan�as chegam em 2005. O antigo Departamento de Avia��o Civil (DAC) e a Infraero transferem os voos de longa dist�ncia da Pampulha para Confins. Com isso, o Aeroporto de BH passou a atender as principais cidades de Minas e se firmou como um dos principais aeroportos regionais do Brasil. A partir de 2010, a Infraero executou obras para melhoria das pistas, p�tios e terminal de passageiros, implantou a nova torre de controle, fazendo ainda a revitaliza��o das subesta��es, substitui��o das torres de ilumina��o e a adequa��o da sala AIS (Servi�o de Informa��o Aeron�utica).

Leil�o

 ï¿½ frente do leil�o est� o governo de Minas, via Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra). As invers�es com a concess�o s�o estimados em R$ 151 milh�es, viabilizados mediante investimentos privados. Desse total, cerca de R$ 65 milh�es ser�o investidos nos primeiros 36 meses, destinados, entre outros servi�os, � constru��o de um terminal de avia��o geral, sistema de pistas de t�xi, recupera��o parcial do pavimento da pista e prepara��o para novos hangares. Al�m disso, o projeto estima a arrecada��o de R$ 99 milh�es em impostos federais, estaduais e municipais.

Em junho de 2020, o Minist�rio da Infraestrutura assinou Conv�nio de Delega��o do equipamento para o estado de Minas Gerais, a fim de viabilizar o desenvolvimento dos estudos para a estrutura��o de um novo modelo de gest�o, opera��o, expans�o e explora��o do Aeroporto da Pampulha. Em julho do mesmo ano, a Seinfra iniciou o Procedimento de Manifesta��o de Interesse (PMI) para receber projetos, levantamentos e estudos t�cnicos que subsidiassem a modelagem da concess�o. Entre fevereiro e mar�o de 2021, foi realizada, com posterior audi�ncia p�blica.

A estrutura do equipamento se encontra em uma �rea de quase 2 milh�es de metros quadrados, a cerca de 8 quil�metros do Centro de BH. E mais: fica perto do Conjunto Moderno da Pampulha, reconhecido como Patrim�nio Mundial, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do est�dio do Mineir�o e de outros.

Cronologia

1933 – In�cio das atividades do Aeroporto da Pampulha, principalmente para atender voos do Correio A�reo Militar.

1936 – Em 2 de setembro, por meio da Lei nº 76, o governo de Minas � autorizado a conceder � Panair do Brasil o direito de explorar a linha entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

1937 – Em 23 de mar�o, � oficialmente inaugurada a linha comercial Rio-BH-Rio com um avi�o bimotor Lockeed 10E Electra I, PP-PAS, com capacidade para dois tripulantes e seis passageiros.

1954 – Inaugurado o terminal de passageiros.

1973 – Em 3 de dezembro, o Aeroporto da Pampulha � incorporado � Infraero.

1979 – Iniciada da constru��o do Aeroporto Internacional de Confins, inaugurado em 1984.

1986 – Pampulha retoma suas atividades com demanda crescente. Em 2002, bate recorde, com mais de 3 milh�es de passageiros atravessando os port�es de embarque e desembarque.

2004 – Passa a se chamar oficialmente Carlos Drummond de Andrade, em homenagem ao centen�rio de nascimento do escritor e poeta mineiro.

2005 – Voos de longa dist�ncia s�o transferidos da Pampulha para Confins. Com isso, o Aeroporto de BH passa a atender as principais cidades de Minas e se firma como um dos principais aeroportos regionais do Brasil.

2010 – Nessa d�cada, a Infraero faz obras para melhoria das pistas, p�tios e terminal de passageiros, implanta a nova torre de controle, revitaliza subesta��es, substitui torres de ilumina��o e promove a adequa��o da sala AIS (Servi�o de Informa��o Aeron�utica).



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