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Estado de Minas SALVADOR DA MATA

Homem ajuda a replantar florestas destru�das em Brumadinho catando sementes

Salvador da Silva passa os dias vasculhando as matas em volta do rompimento da Barragem C�rrego do Feij�o para achar sementes e reflorestar �rea devastada


16/12/2021 12:51 - atualizado 16/12/2021 13:18

Salvador da Silva separa sementes para reflorestar área devastada pelo rompimento da barragem b1 da mina córrego do feijão em brumadinho
Salvador da Silva separa sementes para reflorestar �rea devastada (foto: Divulga��o/Vale)
A menor part�cula para a vida de uma floresta n�o escapa aos olhos e dedos h�beis de Salvador da Silva, de 56 anos. Aos poucos, identifica no meio do mato, na �rea devastada pelo rompimento da Barragem B1 da Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, sementes que germinar�o em matas de �rvores nobres, como Cedro, Tamb� Branco, Jacarand� da Bahia, Palmito Ju�ara, Bra�na, Aroeira Verdadeira e Ip�s.

Morador de Brumadinho, na Grande BH, Salvador tomou para si a miss�o de auxiliar no reflorestamento e recupera��o das �reas destru�das pelo rompimento ocorrido em 25 de janeiro de 2019, eue matou 270 pessoas, sete ainda desaparecidas.

Nascido em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, recebeu o apelido de “Guardi�o das Sementes”, mas diz que seu talento veio heredit�rio. “O gosto pela natureza eu herdei do meu pai. Fui criado na mata, muito curioso por �rvores. Quando fui tomando mais idade comecei a trabalhar como produtor rural, at� descobrir que poderia usar meu gosto como profiss�o”, lembra.

“Sou muito feliz como coletor de sementes, ou mateiro, como se diz na ro�a. Todo conhecimento que tenho foi adquirido por anos de experi�ncia e observa��o. Nunca entrei em uma faculdade. Hoje trabalho com bi�logos e professores. A semente tem valor, � um produto da floresta que n�o � madeira, ent�o n�o elimina a �rvore e preserva a natureza”, pondera.

Salvador dedica a maior parte dos seus dias � coleta de sementes de �rvores nativas que est�o ajudando a reflorestar a regi�o e a garantir a conserva��o das esp�cies, algumas amea�adas de extin��o dentro do “Projeto Sementes”, da Vale, que representa uma das v�rias frentes que objetivam recuperar, no prazo de 10 anos, cerca de 297 hectares impactados, 140 de �rea florestal.

At� o momento, 15 hectares de �reas diretamente impactadas pelo rompimento e obras de repara��o no entorno da �rea, incluindo �reas protegidas (Reserva Legal e �rea de Preserva��o Permanente), est�o em processo de reflorestamento com esp�cies nativas da regi�o.

J� foram coletados cerca de 600 kg de frutos e sementes de 80 esp�cies diferentes. Com isso, 200 mil mudas foram produzidas e est�o sendo plantadas aos poucos em �reas impactadas e �reas de compensa��o.

Para produzir mudas nativas, em quantidade e com qualidade, a coleta de sementes � uma das etapas mais importantes do processo. “A coleta de sementes nativas da flora brasileira est� ligada historicamente � rela��o de domestica��o de plantas pelos povos ind�genas. S�o marcas culturais do povo brasileiro. Em Brumadinho, a biodiversidade � um patrim�nio imaterial”, afirma o professor da Universidade Federal de Vi�osa (UFV), Sebasti�o Ven�ncio Martins.

reflorestar área devastada pelo rompimento da barragem b1 da mina córrego do feijão em brumadinho área impactada pelos rejeitos antes e depois de trabalhos ambientais
Comparativo da �rea impactada pelo rompimento durante a devasta��o e depois dos trabalhos ambientais (foto: Divulga��o/Vale)
“Preservar a variabilidade gen�tica das esp�cies locais impactadas e utilizar as sementes de esp�cies nativas indica que a recupera��o das �reas est� sendo realizada da forma mais harmoniosa poss�vel, respeitando a flora e a fauna, al�m de evitar a dissemina��o de esp�cies invasoras que podem competir por espa�o e prejudicar o ecossistema”, pontua Martins.

CALEND�RIO


Antes da coleta � necess�rio realizar estudos e preparar um calend�rio fenol�gico, uma esp�cie de invent�rio e agenda da floresta, para conhecer a qualidade, quantidade e �poca do ano em que cada esp�cie pode ser coletada. O processo de mapeamento e marca��o de matrizes envolve trabalho de campo, percorrendo os remanescentes florestais e identificando as esp�cies de interesse.

Com este levantamento, a localiza��o de cada �rvore � georreferenciada e s�o feitas anota��es sobre seu di�metro, altura e outras caracter�sticas. Esse processo permite definir quais s�o as �rvores “m�es”, de onde se pode extrair sementes e frutos. Para isso, s�o consideradas caracter�sticas como tamanho da copa, tronco, valor ecol�gico e quantidade de material dispon�vel.

Apenas uma parte dos frutos e sementes s�o coletadas, grande parte fica como alimento para a fauna, forma��o do banco de sementes no solo e a continuidade dos processos ecol�gicos de sucess�o florestal.

Ap�s a coleta, em alguns casos, � preciso que seja feita a extra��o, ou seja, a retirada das sementes dos frutos, que varia de acordo com o tipo da esp�cie. No caso de fruto carnoso, como sementes de Palmeiras, o processo utiliza �gua e peneiras de diferentes tipos, sempre manualmente e com cuidado. Quando o fruto est� seco � preciso coloc�-lo � sombra em um local ventilado para facilitar a extra��o de sementes.

Em seguida, as sementes s�o limpas e armazenadas em embalagens especiais, fincando prontas para iniciar o ciclo da vida.

 

 

LONGA VIAGEM 



A transforma��o da semente em muda come�a em uma viagem de quase 700 km entre Brumadinho (MG) e a Reserva Natural Vale (RNV), em Linhares, no Esp�rito Santo, sendo a maior parte desse trajeto feita nos trens da Estrada de Ferro Vit�ria Minas. A �rea de 23 mil hectares � destinada � conserva��o e � pesquisa cient�fica, com expertise e capacidade de produ��o de at� tr�s milh�es de mudas por ano.

Na Reserva Natural Vale, as sementes s�o colocadas para germina��o e quando alcan�am o tamanho ideal est�o prontas para voltarem a Brumadinho como mudas em uma nova viagem.

Chegando em “casa”, durante um per�odo m�nimo de 15 dias, as mudas s�o hospedadas em um viveiro de espera na regi�o pr�xima �s �reas de restaura��o. L�, elas passam por um processo de adapta��o antes de serem encaminhadas para o plantio, processo conhecido como rustifica��o. Ap�s est� etapa, elas est�o aptas para serem plantadas

“Todo processo de recupera��o ambiental � demorado e, em longo prazo, o que estamos fazendo � tentar fortalecer este processo aplicando diferentes t�cnicas inovadoras e sustent�veis para o reflorestamento”, afirma Diego Aniceto, Analista Ambiental da Vale.

Criatório de mudas de árvores nativas para reflorestamento da área devastada pelo rompimento reflorestar área devastada pelo rompimento da barragem b1 da mina córrego do feijão em brumadinho
Criat�rio de mudas de �rvores nativas para reflorestamento da �rea devastada pelo rompimento (foto: Divulga��o/Vale)
De acordo com Diego, entre as t�cnicas utilizadas est�o a bioengenharia para recuperar o solo e controlar a eros�o, etapa importante para resgatar com efetividade o equil�brio geomorfol�gico e ecol�gico da regi�o; o resgate de DNA de �rvores nativas, em parceria com a Universidade Federal de Vi�osa (UFV), que est� sendo utilizado pela primeira vez no mundo; al�m do projeto Sementes, que visa recuperar as �reas impactadas atrav�s de sementes nativas. “� preciso respeitar o tempo de resposta da natureza”, salienta o Aniceto.

Para a revegeta��o acontecer, o primeiro passo � a remo��o dos rejeitos, atividade fundamental para apoiar as buscas realizadas pelo Corpo de Bombeiros. Somente ap�s a libera��o das �reas pelo CBMMG o trabalho � iniciado, j� que a busca pelas pessoas desaparecidas � prioridade m�xima desde o rompimento.

At� o momento, est�o em processo de reflorestamento 15 hectares, incluindo parte da �rea diretamente impactada e �reas protegidas. Ao final deste ano, a previs�o � que 23 hectares de �reas diretamente impactadas e seu entorno j� estejam em processo de reflorestamento, com o plantio de aproximadamente 30 mil mudas de esp�cies nativas da regi�o.

Sobre o reflorestamento, o professor Sebasti�o Ven�ncio destaca a��es importantes realizadas pela Vale e que s�o um diferencial para o sucesso da restaura��o, como a boa diversidade de esp�cies, a irriga��o em per�odos secos, o uso de protetores de biomanta, chamados de “manch�es”, que s�o colocados ao redor das mudas para evitar a competi��o com a braqui�ria e outras gram�neas.

Em rela��o � remo��o de rejeitos, dos cerca de 9 milh�es de m³ que se desprenderam da barragem B1, aproximadamente 40% j� foram manuseados e est�o sendo dispostos na cava da mina C�rrego do Feij�o, conforme autoriza��o dos �rg�os competentes.


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