
Todos os anos, cerca de 4 mil pessoas chegam logo cedo, na Sexta-feira da Paix�o, em frente ao estabelecimento de Afonso Teixeira, uma distribuidora de gelo no Bairro Bonfim, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, para garantir o peixe para o almo�o que antecede a P�scoa. O empres�rio, de 65 anos, � quem coordena a iniciativa que acontece desde a d�cada de 1980, e a cada Semana Santa distribui entre cinco a seis toneladas do produto, na conhecida Pra�a do Peixe.
Pouco depois, as pessoas que ficaram acabaram surpreendidas com o ato volunt�rio de M�rio Africano, propriet�rio da Distribuidora Pac�fica, que doou 300 quilos de peixe. "Fa�o a minha parte. Tenho 90 anos e o que me d� sa�de � que s� fiz o bem na minha vida", disse M�rio.
Erandina Vicente Martins, de 78 anos, marca presen�a todos os anos para buscar o peixe. E conta que � uma ajuda preciosa no card�pio da Sexta-feira da Paix�o. "Vou fazer um pouco hoje e o restante vai para a geladeira para ir comendo de pouco aos poucos."

Andreia Carvalho, de 52, chegou ao local vinda de Ro�a Grande, em Sabar�, depois que uma vizinha falou sobre a distribui��o dos peixes. Ele recebeu uma pe�a de cavalinha. "� bom e saud�vel. E, como estou desempregada, n�o dispenso a ajuda", conta.
A rua do peixe

A regi�o � conhecida por reunir diversos estabelecimentos especializados em pescados e frutos do mar. Nas peixarias espalhadas pela Rua Bonfim, o movimento era grande nessa manh�. Ezequiel Jos� Barbosa, de 44 anos, esperava na fila de uma das peixarias para garantir o almo�o. "A Sexta-feira Santa � um dia livre para o descanso, mas tamb�m para refletir sobre Cristo, que veio nos salvar. Ao mesmo tempo em que estou na fila esperando para comprar o peixe, estou refletindo sobre esse grande mestre que nos ensinou a viver e amar", afirma.

Ricardo Rodrigues, de 59, preferiu deixar para comprar o peixe de �ltima hora esperando que os pre�os pudessem estar mais baixos. Mas n�o vai ter bacalhau. "O bacalhau est� muito salgado. Vamos fazer uma moqueca com postas de peixe e camar�o. Achamos o camar�o em um bom valor, e tamb�m tem peixe frito de petisco", conta.

Tiago Antunes Guerreiro � gerente da da Oce�nica Pescados. Ele comemora o bom movimento e o volume de vendas. "N�o est�vamos acreditando no com�rcio de peixes e frutos do mar, devido a essa alta dos pre�os , mas a sa�da est� muito boa."
No topo da lista da prefer�ncia dos clientes, o bacalhau tem mesmo lugar cativo, seguido do salm�o. "A expectativa era de aumento no faturamento entre 20% a 30% em rela��o a 2021, mas devemos chegar a 50%", avalia.