
Por meio de editais, a Prefeitura de Belo Horizonte, dever� investir cerca de R$ 3,7 milh�es nos preparativos para o carnaval de 2023. Anunciado nesta quinta-feira (12/5) pela Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), o edital de estrutura��o para Escolas de Samba prev� um aporte de R$ 900 mil, que ser�o divididos entre 12 escolas, ficando com R$ 75 mil cada uma. Para os blocos caricatos, ser�o R$ 418 mil, divididos entre 11 agremia��es.
A verba, embora considerada insificiente pela Liga das Escolas de Samba de BH, j� desperta o sentimento de recome�o nos carnavalescos.
“Nossa miss�o � levar alegria para o povo”, afirma Francisco Gon�alves, presidente da Acad�micos Venda Nova. Tradicional escola de samba da capital mineira, a Venda Nova se soma a outras onze agremia��es que, por causa da pandemia, n�o levam o brilho do carnaval belo-horizontino para as ruas h� dois anos. “Em 2023 ser� diferente”, diz Francisco, cheio de esperan�a.
“Com esse valor podemos dar uma respirada, colocar as contas em dia, se Deus quiser em 2023 vamos estar com tudo”, pontua o carnavalesco. Com a pandemia e a falta de or�amento, a Acad�micos Venda Nova foi obrigada a deixar o barrac�o e buscar alternativas mais econ�micas para armazenar as fantasias.
Vice-presidente da Liga das Escolas, Val�ria Silva afirma que o valor de apoio que foi anunciado pela Belotur � insuficiente. “Nesse sentido, R$ 75 mil � insuficiente, mas neste momento se faz necess�rio para a sobreviv�ncia das escolas diante do que foi imposto com a pandemia. Esperamos que ainda esse m�s abrimos uma agenda propositiva para o carnaval 2023”, argumentou.
Apesar da dificuldade de manter uma escola de samba sem carnaval, Val�ria diz que, mesmo durante a pandemia, as escolas de samba n�o pararam, pois tinham que continuar apoiando o corpo de colaboradores.
“� preciso pensar uma pol�tica de a��es efetivas e permanentes para que as escolas de samba mantenham suas atividades durante todo o ano. Promovendo a��es que impactam na economia, gerando trabalho e renda para a popula��o e a manuten��o das escolas”, afirmou.
'O samba agoniza mas n�o morre'
“Samba, agoniza mas n�o morre, algu�m sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro.” Foi assim, com o samba 'Agoniza mas n�o morre' de Nelson Sargento, que Glayson Fernandes, respons�vel pela comunica��o da Escola de Samba Unidos dos Guaranys, definiu como est� a vontade de recome�ar no pr�ximo carnaval. Ele contou que as escolas de samba de BH sobreviveram como puderam, pois n�o houve nenhum aporte financeiro.
De acordo com ele, todas as escolas de samba v�o come�ar o carnaval 2023 j� endividadas. Al�m disso, ele explica que a verba anunciada ir� sim ajudar, por�m � realmente insuficiente. “R$ 75 mil � s� a ponta deste iceberg, tudo em uma escola de samba � grandioso, � trabalhoso e custa caro”, disse.

Para Glayson, o samba gera emprego, renda, e apoia pessoas socialmente e culturalmente. Ele enfatiza, com pesar, que as perdas n�o foram s� financeiras. “Sem contar as perdas humanas, nossa escola tamb�m perdeu com essa pandemia pessoas queridas, parte de nossa hist�ria”, contou.
Apesar da verba apertada, para o comunicador, a expectativa � grande, pois todos da comunidade est�o a dois anos aguardando por esse momento. Por isso, ele espera que o pr�ximo carnaval seja “ o melhor carnaval de todos os tempos em Belo Horizonte”. Ele complementa dizendo que o carnaval n�o � somente uma festa popular, mas tamb�m representa sentimentos sinceros: “Carnaval n�o � somente a maior festa popular do Brasil, � tamb�m filosofia de vida e sobreviv�ncia para muitas pessoas, � um bem necess�rio.”
'Contratos suspensos e ficamos com perna e m�o quebradas'
O per�odo da pandemia da COVID-19 agravou bastante a situa��o financeira das escolas de samba, como conta Jairo Nascimento Moreira, presidente do bloco caricato Le�es da Lagoinha.
“Al�m de ser carnavalesco de cora��o, desde a inf�ncia, n�s trabalhamos com m�sica e com a cultura. Nesse per�odo de pandemia tivemos diversos contratos suspensos e ficamos com perna e m�o quebradas. Fui obrigado a vender instrumentos do bloco para manter a �gua paga, a energia paga, trazer alimento para a fam�lia.”
Jairo explica ainda que vem tentando outras alternativas de renda, por�m, ainda n�o � o suficiente.
"Hoje eu estou trabalhando vendendo espetinho, mas o pre�o da carne dificulta. A gente est� esperando uma resposta da PBH, da Belotur, que nos auxilie algum recurso para suprir essas necessidades, especialmente financeiras e caseiras. Porque � muito dif�cil um pai de fam�lia, um m�sico, um artista, n�o ter trabalho e ver os boletos chegar, uma filha pedir um leite e n�o ter. Eu estou com minha luz cortada [a casa do bloco est� sem luz]. S�o onze contas vencidas e n�o tenho de onde tirar. Eu n�o posso mais vender instrumentos do bloco, se n�o eu n�o posso fazer carnaval."
Jairo Nascimento Moreira, presidente do bloco caricato Le�es da Lagoinha