
Quatro das sete testemunhas ouvidas nesta quarta eram pr�ximas de pessoas que n�o resistiram � contamina��o pela subst�ncia dietilenoglicol presente na cerveja. Outras tr�s relataram sequelas deixadas pela intoxica��o e a luta das v�timas pela recupera��o.
O engenheiro mec�nico C�lio Guilherme de Barros foi uma das pessoas que compareceram ao f�rum para relatar � Justi�a os danos provocados � sa�de de seu irm�o pelo consumo da cerveja contaminada. Luciano, de 58 anos, ficou em coma por 28 dias e internado por seis meses e hoje lida com sequelas da intoxica��o.
“Ele perdeu uns 60% da audi��o, n�o tem express�o facial, n�o consegue sorrir, tem uma paralisia ocular e, segundo os m�dicos, os rins dele s� funcionam 28%, est� no limite de uma hemodi�lise”, contou o irm�o de Luciano.
C�lio foi o �ltimo a ser ouvido pela Justi�a. � imprensa, ele contou que a vida do irm�o foi alterada de forma irrevers�vel pela contamina��o. Luciano � casado, tem um filho e teve que deixar o trabalho por n�o ter mais condi��es de exercer suas atividades profissionais.
“Ainda estamos na luta por algum tipo de indeniza��o, por justi�a, que � o m�nimo que eles merecem. Ele tinha o hobby de ir nos jogos do Atl�tico e tomar uma cerveja e n�o pode mais. Nos jogos ele continua indo, porque consegue, mas n�o � a mesma coisa”, relata.
Segundo C�lio, as complica��es de sa�de do irm�o come�aram antes de os casos de doen�as renais, diarreia, e dificuldades cognitivas come�arem a ser associados com o consumo da “Belorizontina”. Luciano consumiu a cerveja no in�cio de novembro de 2019 e j� estava internado quando o assunto ganhou repercuss�o, em janeiro do ano seguinte.

Outros relatos ouvidos
Emocionadas, a maioria das testemunhas n�o teve o nome divulgado e preferiu n�o conversar com a reportagem sobre a situa��o vivida ap�s a contamina��o de entes queridos. A primeira testemunha, � esposa de uma das 29 v�timas do caso. Seu marido tem dificuldades de locomo��o e j� precisou usar cadeira de rodas. Ela teve de abandonar o trabalho para cuidar do companheiro e afirma que os valores indenizat�rios pagos pela Backer n�o cobrem o tratamento.
A segunda testemunha � enteada de uma v�tima que teve insufici�ncia renal aguda, perdeu a vis�o e a mem�ria e n�o resistiu � intoxica��o. A terceira testemunha foi a filha de uma v�tima que tamb�m faleceu ap�s complica��es causadas pela cerveja contaminada.
A quarta testemunha � vi�va de outra das 10 v�timas que morreram. Ela conta que o marido teve insufici�ncia renal e entrou em coma. Quando retornou, n�o resistiu a les�es nos rins, c�rebro e pulm�es e faleceu deixando uma filha de 10 anos.
Um amigo de uma das v�timas foi a quinta testemunha. Ele relatou que o colega era um atleta e hoje vive com um problema motor. A sexta testemunha � filha de um homem que teve de ser submetido a hemodi�lise, problemas de vis�o e paralisia facial e faleceu devido �s complica��es da intoxica��o.
Nesta quinta-feira (26), mais sete testemunhas ser�o ouvidas e ser� encerrada esta fase do processo. As datas para o depoimento das testemunhas de defesa da Backer ainda n�o foram marcadas.
Relembre o “Caso Backer”
Ap�s o relato de v�rios casos de intoxica��o de pessoas que haviam consumido a cerveja “Belorizontina" na capital, em dezembro de 2019, 29 v�timas de contamina��o com dietilenoglicol foram registradas pela Pol�cia Civil, 10 delas faleceram.
A subst�ncia altamente t�xica era utilizada no processo de resfriamento da cerveja. Ela vazou e entrou em contato com o produto final, que foi vendido e consumido.
A Backer teve as atividades suspensas em 2020 ap�s comprova��o do vazamento da subst�ncia t�xica. Em abril deste ano, o Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa) liberou o retorno do funcionamento da f�brica, que voltou � ativa.
A empresa foi acionada no �mbito c�vel para a indeniza��o das v�timas, a a��o segue na primeira inst�ncia. Na �rea criminal, sete funcion�rios da Backer foram indiciados e os tr�s gestores da cervejaria, Ana Paula Silva Lebbos, Hayan Franco Khalil Lebbos e Munir Franco Khalil Lebbos, tamb�m respondem a processo.