
J�ssica conta que o grupo tem bastante repercuss�o na cidade. "� um espa�o de acesso pol�tico, den�ncias e ajuda para moradores", comenta. No dia, ela conta ter feito um coment�rio em uma postagem, que falava sobre perfil fake nas redes sociais, quando a mulher come�ou a ofend�-la.
"Ela me chamou de feia, burra. Ficou uma discuss�o e eu n�o estava levando nada para o lado pessoal. At� que ela passou a fazer ofensas racistas", revela.
A mulher entrou no perfil de J�ssica e exp�s suas fotos nos coment�rios da postagem. "Ela pegou uma foto minha em que eu estava com o cabelo tran�ado, que � da minha cultura, e fez um coment�rio bem racista", disse.
"Quem sabe um creminho bom no cabelo que te odeia", escreveu a mulher nos coment�rios da postagem. Na mesma hora, J�ssica fez a captura de tela das ofensas, que foram inclu�das no boletim de ocorr�ncia.
Segundo o advogado de J�ssica, Gilberto Silva, especialista em crimes contra honra, a mulher j� foi identificada e � moradora do munic�pio de Abaet�, no Centro-Oeste mineiro. "N�o se trata de perfil fake. Pelo relato de outros internautas parece que essa pessoa j� teve alguns atritos em rela��o a injuriar outras pessoas tamb�m", revela.
Para ele, por mais que exista uma sensa��o de impunidade na internet, � necess�rio ressaltar que com o crime comprovado, o sistema jur�dico oferece meios para identifica��o do autor. "Hoje, a legisla��o equipara o crime de inj�ria racial ao crime de racismo, o que � o come�o de uma grande vit�ria para o povo preto", afirma.
Racismo
Membro do Coletivo Negro de Po�os de Caldas (Conep), J�ssica avalia que a situa��o exp�e o longo caminho de combate ao racismo. "Depois de tanto tempo de milit�ncia, de fala, de escrita, n�s ainda temos muito o que caminhar. Al�m da dor, � uma sensa��o de cansa�o", afirma.
Ela tamb�m refor�a a import�ncia de denunciar esse tipo de crime. "Confesso que eu fiquei um pouco paralisada, n�o sabia como reagir. Sou m�e, tenho duas filhas. Pensei: 'n�o posso me calar'. � um passo importante pelo quanto que a gente sofreu l� atr�s para que tiv�ssemos uma lei que nos amparasse hoje", declara.
"Infelizmente, hoje as pessoas s� veem racismo quando h� morte. Ai sim que as pessoas acabam se mobilizando. Elas esquecem que racismo n�o vem s� da agress�o f�sica, tudo come�a na palavra", enfatiza J�ssica.
Para o advogado Gilberto, a den�ncia � um grande passo para acabar com o falso sentimento de anonimato e impunidade desse tipo de ato. "Essas pesssoas n�o ir�o deixar de ser racistas, mas, certamente com as puni��es, elas deixaram de externar publicamente esse racismo impregnado dentro delas", afirma.