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Estado de Minas RECUPERA��O AMBIENTAL

Catando sementes, jovem ajuda a reflorestar �rea destru�da em Brumadinho

J� foram coletados e beneficiados cerca de 782kg de frutos e sementes de 100 esp�cies. Com isso, 225 mil mudas foram produzidas


24/08/2022 18:46 - atualizado 24/08/2022 18:46

José Fernandes de 19 anos mostra uma das mudas com uma plaquinha com seu nome
Jos� Fernandes, de 19 anos, ajuda a encontrar sementes para reflorestar a �rea do rompimento (foto: Poubel Gomes/Divulga��o/Vale)
Fazer a sua parte � fundamental. Mas um jovem, de 19 anos, em Brumadinho, na Grande BH, extrapola e se dedica o dia inteiro com uma turma apaixonada pela floresta a reunir sementes que j� s�o suficientea para reflorestar cerca de 135 hectares de mata na �rea impactada pelo rompimento da Barragem B1 da Mina C�rrego do Feij�o, com a poio da mineradora Vale.

"Para mim, toda floresta nasce de uma semente, o que estamos fazendo, respeitando o meio ambiente, � coletar um pouco delas e devolver para a regi�o como mudas que amanh� se transformar�o em grandes �rvores", disse o jovem Jos� Fernandes, natural de Capelinha, no Vale do Rio Jequitinhonha.

J� foram coletados e beneficiados cerca de 782 kg de frutos e sementes de 100 esp�cies diferentes. Com isso, 225 mil mudas foram produzidas e est�o sendo plantadas aos poucos em �reas impactadas e �reas de compensa��o. Segundo projetos da ONG SOS Mata Atl�ntica, a m�dia de �rvores cultivadas por hectare de floresta � de 1.667 plantas.

O rapaz dedica a maior parte dos seus dias aos estudos e a coleta de sementes de �rvores nativas que est�o ajudando a reflorestar a regi�o e a garantir a conserva��o das esp�cies, algumas amea�adas de extin��o. Com isso, ganhou o apelido de “Z� das Sementes”.

Para Fernandes, o trabalho � motivo de orgulho e uma oportunidade para usar as t�cnicas que est�o sendo passadas pelos mais experientes. “Sempre gostei da natureza, mas nunca imaginei trabalhar com coleta de sementes, � uma surpresa muito boa. Ser “mateiro”, como diz na ro�a n�o estava nos meus planos, mas agora pretendo aprofundar meus conhecimentos e fazer uma faculdade de biologia", afirma.

Iniciado em 2019, ano do rompimento da barragem que matou 270 pessoas a atingiu a Bacia Hidrogr�fica do Rio Paraopeba, o “Projeto Sementes” da mineradora Vale, representa uma das v�rias frentes que objetivam recuperar, no prazo de 10 anos, cerca de 297 hectares impactados, 140 de �rea florestal. At� o momento, 27 hectares de �reas diretamente impactadas pelo rompimento e obras de repara��o no entorno da �rea, incluindo �reas protegidas (Reserva Legal e �rea de Preserva��o Permanente/APP), est�o em processo de reflorestamento com esp�cies nativas da regi�o.

Em rela��o � remo��o de rejeitos, dos cerca de 9 milh�es de metros c�bicos que se desprenderam da Barragem B1, cerca de 60% j� foram manuseados.

Entre as sementes coletadas est�o �rvores raras, amea�adas de extin��o e protegidas por lei como o Cedro, Tamb� Branco, Jacarand� da Bahia, Palmito Ju�ara, Bra�na, Aroeira Verdadeira, Gon�alo Alves e os Ip�s-amarelos.

Cuidados especiais

Para produzir mudas nativas, em quantidade e com qualidade, a coleta de sementes � uma das etapas mais importantes do processo. “A coleta de sementes nativas da flora brasileira est� ligada historicamente � rela��o de domestica��o de plantas pelos povos ind�genas. S�o marcas culturais do povo brasileiro. Em Brumadinho, a biodiversidade � um patrim�nio imaterial”, explica o professor da Universidade Federal de Vi�osa (UFV), Sebasti�o Ven�ncio Martins.

“Preservar a variabilidade gen�tica das esp�cies locais impactadas e utilizar as sementes de esp�cies nativas indica que a recupera��o das �reas est� sendo realizada da forma mais harmoniosa poss�vel, respeitando a flora e a fauna, al�m de evitar a dissemina��o de esp�cies invasoras que podem competir por espa�o e prejudicar o ecossistema”, ressalta.

Antes da coleta � necess�rio realizar estudos e preparar um calend�rio fenol�gico, uma esp�cie de invent�rio e agenda da floresta, para conhecer a qualidade, quantidade e �poca do ano em que cada esp�cie pode ser coletada. O processo de mapeamento e marca��o de matrizes envolve muito trabalho de campo, percorrendo os remanescentes florestais e identificando as esp�cies de interesse.

Com este levantamento, a localiza��o de cada �rvore � georreferenciada e s�o feitas anota��es sobre seu di�metro, altura e outras caracter�sticas. Esse processo permite definir quais s�o as �rvores “m�es”, de onde se pode extrair sementes e frutos. Para isso, s�o consideradas caracter�sticas como tamanho da copa, tronco, valor ecol�gico e quantidade de material dispon�vel. Apenas uma parte dos frutos e sementes s�o coletadas, grande parte fica como alimento para a fauna, forma��o do banco de sementes no solo e a continuidade dos processos ecol�gicos de sucess�o florestal.
Ap�s a coleta, em alguns casos, � preciso que seja feita a extra��o, ou seja, a retirada das sementes dos frutos, que varia de acordo com o tipo da esp�cie. No caso de fruto carnoso, como sementes de Palmeiras, o processo utiliza �gua e peneiras de diferentes tipos, sempre manualmente e com cuidado. No caso dos frutos secos, como os frutos dos ip�s, � preciso coloc�-lo � sombra em um local ventilado para facilitar a extra��o de sementes.

Depois disso, as sementes s�o limpas e armazenadas em embalagens especiais, fincando prontas para iniciar o ciclo da vida.

A transforma��o da semente em muda come�a em uma viagem de quase 700km entre Brumadinho (MG) e a Reserva Natural Vale (RNV), em Linhares, no Esp�rito Santo, sendo a maior parte desse trajeto feita nos trens da Estrada de Ferro Vit�ria Minas. A �rea de 23 mil hectares � destinada � conserva��o e � pesquisa cient�fica, com expertise e capacidade de produ��o de at� tr�s milh�es de mudas por ano.

Na Reserva Natural Vale, as sementes s�o colocadas para germina��o e quando alcan�am o tamanho ideal est�o prontas para voltarem a Brumadinho como mudas em uma nova viagem.
Mulheres com capas transparentes preparam as mudas em saquinhos pretos
Na Reserva Natural Vale, as sementes s�o colocadas para germina��o e quando alcan�am o tamanho ideal est�o prontas para voltarem a Brumadinho como mudas (foto: Poubel Gomes/Divulga��o/Vale)

Chegando em “casa”, durante um per�odo m�nimo de 15 dias, as mudas s�o hospedadas em um viveiro de espera na regi�o pr�xima �s �reas de restaura��o. L�, elas passam por um processo de adapta��o antes de serem encaminhadas para o plantio, processo conhecido como rustifica��o. Ap�s est� etapa, elas est�o aptas para serem plantadas.

“Todo processo de recupera��o ambiental � demorado e, em longo prazo, o que estamos fazendo � tentar fortalecer este processo aplicando diferentes t�cnicas inovadoras e sustent�veis para o reflorestamento”, afirma Diego Aniceto, Analista Ambiental da Vale. Ele explica que entre as t�cnicas utilizadas est�o a bioengenharia para recuperar o solo e controlar a eros�o, etapa importante para resgatar com efetividade o equil�brio geomorfol�gico e ecol�gico da regi�o; o resgate de DNA de �rvores nativas, em parceria com a Universidade Federal de Vi�osa (UFV), que est� sendo utilizado pela primeira vez no mundo; al�m do projeto Sementes, que visa recuperar as �reas impactadas atrav�s de sementes nativas. “� preciso respeitar o tempo de resposta da natureza”, salienta o Aniceto.

Revejeta��o

Para a revegeta��o acontecer, o primeiro passo � a remo��o dos rejeitos, atividade fundamental para apoiar as buscas realizadas pelo Corpo de Bombeiros. Somente ap�s a libera��o das �reas pelo CBMMG o trabalho � iniciado, j� que a busca pelas pessoas desaparecidas � prioridade m�xima desde o rompimento. At� o momento, est�o em processo de recupera��o ambiental 23 hectares, incluindo parte da �rea diretamente impactada e �reas protegidas, com o plantio de aproximadamente 30 mil mudas de esp�cies nativas da regi�o.

Sobre o reflorestamento, o professor Sebasti�o Ven�ncio destaca a��es importantes realizadas pela Vale e que s�o um diferencial para o sucesso da restaura��o, como a boa diversidade de esp�cies, a irriga��o em per�odos secos, o uso de protetores de biomanta, chamados de “manch�es”, que s�o colocados ao redor das mudas para evitar a competi��o com a braqui�ria e outras gram�neas.

Captura de CO2 

Al�m de devolver a vegeta��o ao local, a recupera��o das �reas impactadas pelo rompimento tamb�m promove a captura de CO2 da atmosfera, ajudando na diminui��o da concentra��o deste g�s e, consequentemente, desempenhando um papel importante no combate � intensifica��o do Efeito Estufa.

A remo��o do g�s carb�nico da atmosfera � realizada gra�as � fotoss�ntese, permitindo a fixa��o do carbono na biomassa da vegeta��o e no solo. Conforme a vegeta��o cresce, o carbono � incorporado aos troncos, galhos, folhas e ra�zes.


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