Estudantes da UFMG protestam contra bloqueios no MEC

Um grupo de estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fez um ato em frente � Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira (7/12), para protestar contra a suspens�o dos pagamentos do Minist�rio da Educa��o pelo governo Jair Bolsonaro (PL) na �ltima quinta-feira (1/12). A medida compromete o funcionamento da rede federal de ensino superior e outras unidades da pasta.

O congelamento tem asfixiado a Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (Capes), que, em nota divulgada na noite dessa ter�a-feira (6/12), informou que a medida impede o pagamento de mais de 200 mil bolsas de pesquisa que deveria ocorrer nesta quarta, impactando o “sal�rio” de pesquisadores e as pesquisas no Brasil inteiro.

Para a coordenadora-geral da Associa��o de P�s-Graduandos e P�s-Graduandas da UFMG (APG), Carla Teixeira, o bloqueio demonstra o completo desprezo do governo com a educa��o do pa�s, coisa que j� havia sido demonstrado ao longo da pandemia com ataques do presidente Bolsonaro a pesquisadores e cientistas. “A gente v� isso com consterna��o, mas sem o direito de estar surpreso, porque n�o havia nada diferente para esperar”, afirma Carla.

Na audi�ncia p�blica da Comiss�o de Educa��o, Ci�ncia e Tecnologia da ALMG desta quarta, presidida pela deputada Beatriz Cequeira (PT), a APG pediu aos parlamentares que do MEC tome provid�ncias imediatas em rela��o ao pagamento das bolsas de pesquisa e o restabelecimento integral do or�amento das universidades federais.

A deputada lamentou os cortes e refor�ou que ele traz preju�zos � sobreviv�ncia dos pesquisadores e confirmou a aprova��o do requerimento ao MEC.

“O apoio da comiss�o � importante para abrir o di�logo junto � C�mara Federal e aos deputados da bancada mineira, porque � do Congresso Nacional que vai vir uma solu��o, que deve ser imediata. Sabemos que o governo federal n�o vai fazer nada”, ressaltou Carla Teixeira.

Em nota � comunidade universit�ria, a reitora da UFMG, Sandra Goulart, disse que c�lculos preliminares indicam um d�ficit de cerca de R$ 16 milh�es na maior federal do estado, “configurando um cen�rio espantoso de crise or�ament�ria”. O congelamento afeta, inclusive, a quita��o de contas b�sicas como �gua, luz e telefonia, dando condi��es de arcar apenas com as despesas da assist�ncia estudantil.

O ato desta manh�, marcado em cima da hora, teve como objetivo n�o deixar o momento passar e que mobiliza��es maiores est�o sendo preparadas pelos  estudantes. A coordenadora da APG admite que o momento n�o foi muito oportuno, devido ao feriado de quinta-feira (8/12) e aos jogos da Sele��o na Copa do Mundo. 

“N�s achamos importante marcar uma posi��o nesse momento, mas a partir da semana que vem vamos ampliar, at� porque a gente sabe que essa situa��o n�o vai ser resolvida se n�o houver uma mobiliza��o maci�a”, explica Carla.

A expectativa � que professores, t�cnicos administrativos, e os demais estudantes de gradua��o e p�s-gradua��o, se unam aos movimentos.

Al�m de coordenar a APG, Carla faz doutorado em Hist�ria pela UFMG e sente na pele o corte nos repasses da Capes. Segundo a pesquisadora, a situa��o � dram�tica pois, assim como outros 200 mil bolsistas, n�o sabe como far� para pagar suas contas.

“Muitas dessas pessoas s�o o apoio de fam�lias, ent�o a situa��o compromete n�o s� a que recebe a bolsa diretamente, mas, tamb�m, aquelas que dependem dela”, explica.

Quando um aluno assume uma bolsa, ele tamb�m assume um compromisso de exclusividade, sem poder ocupar outra fonte de renda fora da sua �rea de pesquisa. Essa exig�ncia � uma maneira de fazer com que o pesquisador se dedique ao seu trabalho, no entanto, as bolsas de da Capes j� completaram nove anos sem reajustes, configurando valores muito abaixo para o fomento da ci�ncia.

Hoje, uma bolsa de pesquisa da Capes paga no n�vel de mestrado R$ 1.500, pouco mais de um sal�rio m�nimo, e de doutorado R$ 2.200, menos que dois sal�rios m�nimos.

*Estagi�rio sob supervis�o