Rodovias com ped�gios e buracos s�o risco para motoristas mineiros
Quem passa pela BR-040 e pela Fern�o Dias t�m de pagar para rodar em vias repletas de buracos. Concess�es n�o t�m sido revertidas em boas condi��es da pista
Buraco no KM 643 da Fern�o Dias obriga motoristas a usar apenas uma das pistas da rodovia (foto: Gladyston Rodrigues /EM/D.A Press)
Neste in�cio de ano, os mineiros que pretendem viajar ter�o dificuldades mesmo em estradas concedidas � iniciativa privada e com cobran�a de ped�gios. A qualidade da pista nas rodovias que ligam Belo Horizonte a S�o Paulo-SP e Rio de Janeiro-RJ n�o faz jus aos valores pagos �s concession�rias e causa dor de cabe�a nos motoristas.
A Fern�o Dias, trecho da BR-381 entre as capitais mineira e paulista, � administrada pela concession�ria Arteris. Em Minas Gerais, h� seis ped�gios na rodovia onde s�o cobrados R$ 2,70 para autom�veis e caminhonetes; R$ 5,40 para caminh�es leves; e R$ 1,35 para motocicletas. O valor mais caro do ped�gio � R$ 16,20, aplicado para o tr�nsito de caminh�es com reboque e caminh�es-trator com semirreboque de seis eixos.
Mesmo com v�rias cobran�as ao longo do caminho, os motoristas precisam ter aten��o para desviar de buracos ao longo da maior parte da estrada. A pista duplicada tamb�m � comprometida porque, em diversos trechos, parte da estrada fica bloqueada, uma vez que as condi��es do asfalto est�o ainda mais cr�ticas.
A reportagem viajou pelos cerca de 300 quil�metros entre Belo Horizonte e Tr�s Cora��es em 30 e 31 de dezembro e registrou uma grande quantidade de trechos esburacados. No trecho, quatro ped�gios s�o cobrados por quem passa pela Fern�o Dias.
Em Itaguara, o caminhoneiro Guilherme Vila�a reclamou das condi��es da pista e disse que a concess�o da Fern�o Dias nunca significou uma pista que condizesse com a cobran�a dos ped�gios.
“Onde precisa mexer, eles n�o mexem. Se tem ped�gio e est�o cobrando, precisa de manuten��o. � perigoso ter acidente, os parafusos v�o bambeando, v�o caindo, e � perigoso. Os pneus sem c�mara de caminh�o... Se pega em alguma pe�a na pista, voc� precisa vulcanizar (os pneus), e (o custo) fica uns R$ 250, R$ 300, toda vez”, reclamou o caminhoneiro de 39 anos.
Guilherme contabiliza preju�zos causados por m�s condi��es da pista (foto: Gladyston Rodrigues /EM/D.A Press)
A reportagem questionou a concession�ria sobre as condi��es da pista e as a��es programadas para resolver os problemas do trecho sob sua administra��o. Em nota, a Arteris disse que investimentos s�o realizados periodicamente na estrutura da estrada e que nos �ltimos 15 anos de concess�o mais de R$ 2,8 bilh�es foram aplicados na BR-381. As interven��es incluem servi�o de conserva��o do pavimento e instala��o de sinaliza��o, conforme determina o contrato feito com o poder concedente.
Ainda segundo a Arteris, o n�mero de equipes foi aumentado para acelerar os reparos na estrada, mas a empresa ressalta que o per�odo chuvoso impacta os trabalhos de manuten��o definitiva, que ganhar�o celeridade no per�odo de estiagem.
BR-040
A situa��o na BR-040 no sentido Rio de Janeiro-RJ tamb�m intriga os motoristas que pagam um ped�gio ainda mais caro. S�o tr�s pra�as de cobran�a at� a capital fluminense e a Via 040, que administra a rodovia tamb�m no sentido Bras�lia, e mais sete pontos de arrecada��o em dire��o � capital federal.
As motocicletas pagam R$ 3,15, e carros e caminhonetes, R$ 6,30, nos ped�gios da Via 040. Caminh�es de seis eixos devem pagar R$ 37,80 em cada ped�gio da estrada. A reportagem percorreu cerca de 70 quil�metros da estrada saindo de Belo Horizonte rumo ao Rio de Janeiro e registrou condi��es menos graves do que na Fern�o Dias, mas, ainda assim, uma pista com buracos de grandes propor��es e riscos aos motoristas.
Carros precisam desviar de buracos na BR-040 logo antes de pararem em ped�gio em Itabirito (foto: Alexandre Guzanshe /EM/D.A Press)
Surpresa com estradas
Durante a volta de uma viagem a Cabo Frio-RJ, o empres�rio Guilherme Rodrigues foi surpreendido na estrada antes de chegar ao seu destino final, em Sete Lagoas. Junto da fam�lia, o homem de 26 anos se assustou ao ouvir um barulho alto vindo da lateral do carro.
“Est�vamos voltando e vimos que um ferro entrou no pneu, amassou toda a lateral. Acho que � um arame que caiu de algum caminh�o”, contou � reportagem, enquanto trocava o pneu do ve�culo. O arame ficou preso na roda traseira e amassou a lateral direita do carro.
Guilherme ainda relatou que o acidente n�o foi completamente inesperado, j� que as condi��es da estrada o incomodaram durante todo o trajeto de f�rias. O pneu do carro dele furou a cerca de tr�s quil�metros de um ped�gio.
“A rodovia tem bastante buraco, eu vi um pessoal trabalhando na BR, mas tapando buraco eu n�o vi. Vi limpando a estrada, pintando de novo. Tem muito buraco. � ruim, porque a gente perde algumas horas consertando. Gra�as a Deus eu tinha tudo que precisava, porque sen�o precisaria chamar um reboque”, disse.
Viagem da fam�lia foi interrompida ap�s pneu furar (foto: Alexandre Guzanshe /EM/D.A Press)
Embora o per�odo chuvoso seja particularmente complicado para a manuten��o de estradas, � poss�vel que as concession�rias fa�am a��es de preven��o contra as avarias na pista que colocam os viajantes em risco. Segundo o engenheiro civil e consultor em transporte e tr�nsito Silvestre de Andrade, tanto poder p�blico como concession�rias privadas devem agir antes que as estruturas sucumbam �s intemp�ries.
“A chuva � um problema, mas � esperado, n�o tem surpresa. Uma parte desses problemas poderia ser resolvida com sistemas de drenagem e bons projetos de pavimenta��o. � poss�vel minimizar as avarias com a��es como limpeza nos sistemas de drenagem, ver se n�o h� trincas no pavimento, checar a seguran�a dos taludes. Isso � o que se espera de quem administra uma rodovia”, explica.
Ele cita o processo de rescis�o de contrato da Via 040 e um valor baixo oferecido pela Arteris no per�odo da assinatura da concess�o, mas afirma que ambas as situa��es n�o podem eximir as empresas de deixar as pistas em boas condi��es para os usu�rios.
Andrade aponta que as concess�es s�o uma alternativa para que os usu�rios tenham canais mais r�pidos de atendimento. E tamb�m que a administra��o privada n�o significa a falta de ag�ncia do poder p�blico na cobran�a das concession�rias.
“Faz parte do contrato que o usu�rio seja ouvido. Faz parte da lei das concess�es que, durante toda a vig�ncia do contrato, o usu�rio seja ouvido, e o Estado possa cobrar o cumprimento do que foi combinado. Os usu�rios devem saber que podem usar os sistemas pr�prios de reclama��o da empresa e tamb�m a ANTT (Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres)”, comenta.
A concess�o de rodovias est� entre as prioridades da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Seinfra-MG) para o pr�ximo mandato do governador Romeu Zema (Novo). Em relat�rio enviado � equipe de transi��o de governo do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), ainda no fim de 2022, a pasta indicou interesse que trechos das BRs 381, 262, 040, 251 e 116 fossem administrados por empresas privadas.