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Estado de Minas GEST�O P�BLICA

Belo Horizonte: como a cidade planejada perdeu o trem do saneamento

Para especialistas, BH � um caso de desaten��o hist�rica em rela��o ao abastecimento de �gua e, principalmente, � coleta e ao tratamento de esgoto


12/02/2023 04:40 - atualizado 12/02/2023 09:41

Visa do Aglomerado da Serra, região do Cafezal
Aglomerado da Serra, regi�o do Cafezal: BH, sendo uma cidade planejada, as defici�ncias no saneamento certamente poderiam ter sido evitadas, dizem especialistas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Aprovado em 2020, o marco legal do saneamento b�sico e as privatiza��es do setor voltaram a ser discutidas sob o governo Lula, colocando em evid�ncia as iniciativas neste campo ao longo da hist�ria do pa�s.


Com base nas informa��es e an�lises de oito especialistas — alguns da academia, outros da iniciativa privada —, a Folha conta o caso de Belo Horizonte, uma cidade planejada, acabou desprezando a �rea de �gua e esgotos.

 

Belo Horizonte � um caso de desaten��o hist�rica em rela��o ao abastecimento de �gua e, principalmente, � coleta e ao tratamento de esgoto. Sendo uma cidade planejada, as defici�ncias nessas �reas certamente poderiam ter sido evitadas.


No final do s�culo 19, o governo de Minas Gerais decidiu construir uma nova capital para substituir Ouro Preto e, diante de cinco op��es colocadas � mesa, o Congresso estadual escolheu a regi�o onde havia um arraial chamado Curral del Rei. Pesou nessa defini��o, entre outros fatores, a rica bacia hidrogr�fica do entorno, o que � uma triste ironia.


Em fevereiro de 1894, come�aram as obras, sob o comando da Comiss�o Construtora da Nova Capital (CCNC). Entre os envolvidos na execu��o do projeto, chamou a aten��o a opini�o dissonante de Saturnino de Brito, que mais tarde se consagraria como o patrono da engenharia sanit�ria brasileira.


"Saturnino discordava da op��o pelo tra�ado de linhas retas, que ignorava os leitos dos rios. Para ele, a cidade deveria ser concebida justamente a partir dos seus rios", lembra Denise Tedeschi, autora do livro "�guas Urbanas - As Formas de Apropria��o das �guas nas Minas".


Prevaleceu, contudo, a concep��o de Aar�o Reis, chefe do CCNC, para quem as ruas deveriam se sobrepor aos cursos d'�gua da regi�o, como o ribeir�o Arrudas e seus afluentes. Esse ponto de vista implicaria retifica��o de leitos num primeiro momento e, ao longo das d�cadas seguintes, a canaliza��o dos rios.


As enchentes que se tornaram parte do cotidiano da capital mineira demonstram que Brito tinha raz�o.


Havia ainda outros entraves nessa fase de constru��o. Algumas tubula��es destinadas ao escoamento do esgoto vinham da Inglaterra e demoravam at� tr�s meses para chegar a Belo Horizonte. Como a meta era erguer a capital em quatro anos, os mineiros assistiram a uma corrida contra o tempo, que teve, entre outras consequ�ncias, a suspens�o de obras em andamento.

 

Fornecimento de �gua era prioridade

Correria e improviso cobraram seu pre�o. Quando inaugurada, em 1897, a cidade n�o tinha grandes galerias de esgoto, apenas encanamentos menores, de custo mais baixo, segundo Tedeschi.

 


Nesse per�odo inicial, Belo Horizonte priorizou o fornecimento de �gua ao tratamento de esgoto, como, ali�s, tem sido comum nas decis�es no Brasil ao longo da hist�ria.

 

  • Esgoto � mancha no saneamento b�sico; liga��o ilegal agrava o quadro

 

S�o dois os pontos principais que explicam esse caminho, dizem especialistas. Al�m de o custo do abastecimento ser, em geral, mais baixo, as pessoas se sentem mais lesadas quando falta �gua ou quando ela chega � casa com qualidade ruim.


"Quando n�o h� �gua, a fam�lia se sente prejudicada. Sem coleta e tratamento de esgoto, o preju�zo � da coletividade, n�o � da natureza individual", comenta o engenheiro civil Jerson Kelman, doutor em hidrologia e recursos h�dricos.


No entanto, mesmo o abastecimento de �gua ficou aqu�m das expectativas dos moradores da nova capital mineira nesses primeiros anos. Apenas as �reas onde viviam altos funcion�rios p�blicos, como os desembargadores, tinham �gua encanada.


Deu-se, ent�o, o que Tedeschi chama de "segrega��o h�drica". O novo sistema de �guas n�o chegava, por exemplo, aos bairros onde viviam os pedreiros que tinham constru�do Belo Horizonte, ainda dependentes dos chafarizes.


Os rios que ainda n�o tinham sido canalizados viraram lixo urbano, conta a historiadora, criando uma "situa��o terr�vel para uma capital que se prometia salubre". O descaso de pol�ticos e engenheiros com o saneamento resultou em um fardo para Belo Horizonte ao longo do s�culo 20 e ainda nestes anos mais recentes.


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