
Em entrevista � Folha de S.Paulo sete meses ap�s deixar a pris�o, Pedrinho alertou os mais novos sobre os riscos da vida bandida. "O crime n�o � brincadeira. Muitos est�o entrando por verem os galhos [fama e dinheiro], n�o a raiz [pris�o e morte]. � como o diabo: d� com uma m�o e tira com a outra. Tem muitos jovens que entram e, quando querem sair, j� � tarde demais", disse.
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Entre as coisas que fugiam ao c�digo de conduta estabelecido por ele para os jovens e que o incomodavam na �poca estavam quebrar pontos de �nibus, andar de skate nas cal�adas, desrespeitar os mais velhos e mentir para os pais sobre o lugar para onde v�o. "Vejo isso tudo com os meus olhos. N�o � s� a droga que atrapalha a vida das pessoas."
Embora a maioria dos seguidores apoiasse os conselhos do serial killer, muitos o criticavam. Pedrinho, por�m, desdenhava."Eu dou risada. Esses caras s�o todos burros para caramba, n�o param para pensar no que falam. Por onde passei, eles n�o passam nem que a vaca tussa. Em vez de chegar na gente e conversar, saber quem � a pessoa, ficam falando abobrinhas", afirmou na ocasi�o.
O matador dizia se sentir envergonhado quando era reconhecido nas ruas. "At� corro, me escondo. A pessoa chega e diz 'eu te conhe�o de algum lugar'. Falo 'eu n�o, voc� est� enganado'. Mas alguns s�o cara dura e chegam, da� tiram foto", afirmou. O ass�dio, entretanto, n�o o incomodava por completo. "Eu me sinto feliz porque as pessoas v�o aprender um pouco sobre o que elas n�o sabem."
Especialista em criminologia e autora do livro "Serial Killers: Made in Brazil", Ilana Casoy afirma que Pedrinho n�o era um justiceiro, mas um vingador, por matar aqueles que ele considerava como o que h� de pior na sociedade. "Quando algu�m desobedece o c�digo de �tica dele, ele tem solu��es muito pr�prias e que n�o seguem a lei."
"Acaba exercendo fasc�nio nas pessoas. � reflexo da sociedade que a gente tem, de um pa�s onde s� 10% dos homic�dios s�o resolvidos. Traz essa vis�o distorcida", diz Ilana. "O problema � que as v�timas de Pedrinho n�o tiveram direito a um advogado, como ele teve", completa.
Segundo Ilana, serial killer � aquele que matou duas ou mais pessoas, com intervalo de tempo entre as v�timas, com ritual que envolve uma densidade psicol�gica. A crimin�loga entrevistou Pedrinho e diz que o que mais chamou sua aten��o foi a alegria, desenvoltura e intelig�ncia dele.
"Muito claro e direto. N�o se esconde atr�s de nenhuma fala imprecisa. Apesar dos crimes, existe uma pessoa, que � o Pedro. E Pedro merece todo respeito, independentemente de todos os crimes que cometeu."