chegou a ser socorrido ap�s o acidente, mas n�o resistiu. Ele pilotava o avi�o ao lado da filha J�ssica Oliveira, de 33 anos. A mulher est� internada em estado grave no Hospital Jo�o XXIII, em BH. Conforme apurado pelo Estado de Minas, a aeronave vinha de Abaet�, onde a fam�lia tem uma fazenda, e caiu antes de chegar ao seu destino final, no Aeroporto Carlos Prates.
O oftalmologista Jos� Luiz de Oliveira Filho, de cerca de 60 anos de idade, � a quinta morte relacionada a voos no terminal nos �ltimos quatro anos. Ap�s dois acidentes com v�timas em 2019, o fechamento do aeroporto entrou no radar das autoridades.
Em 2020, o ent�o ministro de Infraestrutura, Tarc�sio Freitas, chegou a anunciar que o aeroporto seria fechado no ano seguinte, mas uma s�rie de adiamentos postergou a medida e o terminal segue em funcionamento at� hoje. A expectativa era de que as atividades fossem encerradas em dezembro do ano passado, mas uma portaria estendeu o prazo at� maio de 2023, tempo suficiente para mais um acidente.
Enquanto isso, quem vive nos arredores do terminal vivem uma rotina de inseguran�a. Moradores do entorno da Rua Morro da Gra�a, no Jardim Montanh�s, relataram o susto vivido neste s�bado. Residente de um dos im�veis da rua, que n�o foi atingida pelo acidente, Gustavo Alvarenga se assustou com o estrondo causado pelo impacto entre a aeronave e as estruturas das casas.
“Liguei imediatamente para os Bombeiros quando vi o acidente. Fez um barulho muito forte, muito alto. Liguei correndo para os Bombeiros e mandei a foto da aeronave", disse, ao Estado de Minas.
O acidente deixou o piloto do voo, de 60 anos, e a filha dele, de 33, com politraumatismos. Os dois foram levados ao Hospital Jo�o XXIII, na Regi�o Leste da cidade. Peritos da Pol�cia Civil atuam na �rea e um major da Aeron�utica, respons�vel pelo Centro de Investiga��o e Preven��o de Acidentes A�reos (Cenipa), � esperado no local.
O Jardim Montanh�s fica nas proximidades do Aeroporto Carlos Prates, onde funciona uma escola de pilotagem.
Vanda Damasceno, outra moradora do entorno do local do acidente, tamb�m estava em casa quando acabou surpreendida pelos sons causados pela queda. "Foi muito assustador. J� ca�ram v�rios avi�es aqui".
O empres�rio Jos� Pereira de Alvarenga, pai de Gustavo, o rapaz respons�vel por acionar os Bombeiros, estava dirigindo para a casa onde mora com o filho no momento do acidente.
"Estava vindo pela (Avenida) Pedro II, vi o avi�o perdendo altitude. Acelerei, cheguei um pouco preocupado, porque meu filho estava sozinho em casa. Quando cheguei, j� estavam bastantes viaturas", contou.
Medo acompanha moradores
A proximidade com o Aeroporto Carlos Prates faz com que os moradores do Jardim Montanh�s e de bairros adjacentes vivam em estado permanente de aten��o. Ana Cl�udia Guimar�es, que tem resid�ncia nas redondezas da Rua Morro da Gra�a, teme o vaiv�m a�reo na regi�o.
"Isso (os acidentes) acontece direto. N�o � a primeira vez. Vivemos esse pesadelo. Temos crian�as pequenas. Todo mundo vive aqui h� muitos anos. Temos esse medo constantemente", protestou.
A Defesa Civil foi acionada para avaliar se h� risco para as estruturas dos im�veis atingidos. A Pol�cia Militar de Minas Gerais (PMMG) tamb�m enviou profissionais ao local. Peritos da Pol�cia Civil j� atuam nos desdobramentos do caso. Trabalhadores da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) foram comunicados.
� o segundo acidente a�reo ocorrido na Grande BH neste s�bado. Mais cedo, outro monomotor caiu em Sabar�, tendo um beb� nascido h� tr�s dias entre os passageiros. N�o houve feridos.
Susto durante o descanso
Luiz Andr� � morador de uma das casas atingidas pela aeronave. � reportagem, ele contou que estava dentro do quarto quando sentiu o impacto da colis�o e que o acidente foi o �pice de uma rotina de sustos.
“Parecia um terremoto, minha irm� estava colocando roupas no varal quando viu o avi�o se aproximando e o motor falhando. Foi um susto, eu mudei at� de cor. Moro no bairro h� 45 anos e desde que era crian�a escuto que o aeroporto vai sair daqui. Quantos v�o morrer pra isso acontecer?”, questionou.
Ele afirma que foi orientado a n�o passar a noite em casa pela Defesa Civil. A casa apresenta rachaduras originadas pelo impacto do acidente. Luiz Andr� diz ter sido informado que membros da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) far�o uma vistoria no im�vel neste domingo (12/3). At� l�, ele, a irm�, um irm�o e um sobrinho ficar�o abrigados na casa de uma prima.
Hist�rico de acidentes
O acidente deste s�bado se soma a um hist�rico de desastres que representa um medo constante para moradores. O Aeroporto Carlos Prates come�ou a funcionar em janeiro de 1944, h� quase 80 anos, e, desde ent�o, o terminal que teve boa parte de sua trajet�ria ligada � voos de instru��o e forma��o de pilotos, � uma preocupa��o para os residentes da regi�o, que foi se tornando mais populosa com o crescimento da capital mineira.
Quem mora h� mais de 20 anos nos bairros pr�ximos ao aeroporto mal pode contar nos dedos das m�os as ocorr�ncias com avi�es e convive com o medo de acidentes a cada aeronave que sobrevoa a regi�o, deixando ou chegando ao terminal.
Em 2008, tr�s pessoas ficaram feridas ap�s um avi�o cair no telhado de um dep�sito no mesmo Bairro Jardim Montanh�s. O acidente aconteceu instantes depois da aeronave decolar no Aeroporto Carlos Prates.
Quatro anos depois, em agosto de 2012, um helic�ptero caiu na cabeceira do aeroporto, ferindo o piloto e um aluno. O acidente aconteceu pr�ximo ao Anel Rodovi�rio.
Em 2014, quatro acidentes aconteceram no final do ano. Em outubro, tr�s pessoas ficaram feridas ap�s pouso de emerg�ncia entre Juatuba e Igarap� de avi�o que partiu do Aeroporto Carlos Prates. Um m�s depois, a queda de um avi�o de pequeno porte sobre uma casa nas imedia��es do terminal deixou dois feridos.
Em dezembro de 2014, outro avi�o de pequeno porte caiu pr�ximo ao aeroporto, desta vez, no Anel Rodovi�rio. O piloto conseguiu sair da aeronave sem ferimentos graves e foi atendido por uma ambul�ncia do Samu.
Em 2019 dois acidentes a�reos aconteceram em um intervalo de seis meses, ambos na Rua Minerva, Bairro Cai�ara. Em abril, uma aeronave colidiu com um poste segundos ap�s decolar no Aeroporto Carlos Prates, pegou fogo e o piloto morreu imediatamente. Em outubro, a queda de outra aeronave vinda do terminal resultou na morte do piloto e de duas pessoas que estavam em terra.