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Estado de Minas EMPR�STIMO INTERNACIONAL

Prefeitura promete obras que v�o desatar n�s para 64 mil moradores de BH

Comunidade da Cabana do Pai Tom�s, com popula��o maior que a de muitas cidades mineiras, aguarda interven��es para abrir acessos vi�rios e construir moradias


03/04/2023 04:00 - atualizado 03/04/2023 06:35

Belo Horizonte - MG. Vista do bairro Cabana do Pai Tomás, onde haverá obras para abrir acessos viários
Vista da comunidade que, se fosse uma cidade, estaria entre as 60 maiores popula��es do estado. Prefeitura promete melhorar fluxo para moradores (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
 

"J� mudou da �gua para o vinho. Mas eu n�o vou morrer enquanto n�o puder ver essas ruas todas abertas"

Maria L�cia de Carvalho, moradora da Cabana do Pai Tom�s, em um dos becos da comunidade



Empr�stimo obtido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) junto ao Banco Mundial em setembro do ano passado deve come�ar a ganhar forma de obras neste ano, e o destino de boa parte desse dinheiro � a Vila Cabana do Pai Tom�s, na Regi�o Oeste da cidade. A comunidade tem um hist�rico de luta por obras vi�rias e aguarda o in�cio dos trabalhos, que prometem ser mais ambiciosos e mudar radicalmente a paisagem da regi�o.

Em entrevista ao Estado de Minas, o prefeito Fuad Noman (PSD) citou as obras vi�rias na Cabana do Pai Tom�s como exemplo de interven��es com que a PBH espera melhorar o tr�nsito na capital. “O Cabana hoje n�o tem muitas sa�das. Vamos abrir sa�das, criar ruas mais adequadas e �reas para as pessoas terem uma vida melhor. O projeto est� pronto. Vamos come�ar abrindo uma via no fundo (do bairro). O empr�stimo est� fechado; o contrato, assinado. O dinheiro s� n�o est� no caixa porque, � medida que vamos fazendo, eles v�o liberando. Agora, � licitar a obra e come�ar a fazer”, afirmou.

As interven��es ser�o feitas com financiamento de US$ 100 milh�es contratado pela prefeitura com o Banco Mundial. Parte dessa verba ser� usada tamb�m para projetos como um corredor de sistema de �nibus de tr�nsito r�pido, o BRT, na Avenida Amazonas.

No Cabana, a principal obra � o alargamento e abertura de vias para ligar a Avenida Amazonas � Avenida Tup�. Essa via corta a comunidade no sentido sudeste/nordeste e far� uso do atual percurso das ruas Sete de Setembro e VVP-01. Sobre a VVP-01, h� projeto ainda de um viaduto para facilitar a fluidez do tr�nsito na Rua Santa Catarina.

A abertura de duas vias no setor Fundo da Colina tamb�m est� prevista no cronograma. De acordo com a prefeitura, as obras permitir�o acesso a 16 becos na regi�o. Para isso, o planejamento inclui adequa��o do pavimento, ilumina��o p�blica e constru��o de muros de conten��o.

Como as medidas envolvem diversas desapropria��es, o cronograma de obras inclui a constru��o de 220 unidades habitacionais para reassentar parte das fam�lias que ser�o afetadas pelas interven��es. Todos os pr�dios s�o projetados para cinco pavimentos.

Segundo a prefeitura, os procedimentos de licita��o para contrata��o do trabalho social e servi�os de demoli��o est�o em andamento. Os or�amentos para obras de infraestrutura e produ��o de unidades habitacionais est�o em fase de elabora��o e a previs�o � de que as interven��es comecem, de fato, no pr�ximo semestre.

Vista da comunidade que, se fosse uma cidade, estaria entre as 60 maiores populações do estado. Prefeitura promete melhorar fluxo para moradores
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 

Hist�rico de mobiliza��o

Andar pelas ruas da Vila Cabana do Pai Tom�s em 2023 � uma experi�ncia radicalmente diferente da que ocorreria d�cadas atr�s. Os moradores da regi�o t�m um hist�rico de luta por obras de urbaniza��o, que remonta aos anos derradeiros do �ltimo s�culo, �poca de implanta��o do Or�amento Participativo (OP) em Belo Horizonte.

“A gente ia de porta em porta para chamar o pessoal para as reuni�es do Or�amento Participativo. Esse povo todo � o cora��o dessas obras. D� uma sensa��o de orgulho demais. Vou morrer e deixar uma conquista para a Cabana”, recorda a comerciante Matilde de Souza, enquanto aponta para a comunidade. Ela participou das reuni�es do OP que viabilizaram as primeiras obras na regi�o, no in�cio dos anos 2000.

Matilde mora na vila h� 45 anos. Ali ela criou dois filhos, que cresceram acompanhando a m�e nas reuni�es da comunidade para abertura de ruas que hoje facilitam o acesso e o tr�nsito dentro da Cabana. A comerciante explica que o in�cio da caminhada foi dif�cil, mas diz que a comunidade aprendeu, aos poucos, a criar as condi��es para que o poder p�blico olhasse a regi�o com mais aten��o e viabilizasse obras de urbaniza��o.

RAIO-X “Na �poca, descobrimos que para fazer as obras seria preciso um plano global da comunidade. Como a gente n�o entendia, explicaram que era como um raio-x da comunidade, as veias eram os becos e as vielas, por exemplo. A� a gente entendeu. Conseguimos fazer o plano e conseguimos as obras”, lembra.

Andr� Souza, filho de Matilde, seguiu os passos da m�e e hoje atua como lideran�a comunit�ria na Cabana. Ele diz que a expectativa dos moradores pelo in�cio efetivo das obras anunciadas pela prefeitura � grande e que, al�m dos benef�cios de mobilidade, as interven��es significam oportunidade de trabalho e movimenta��o financeira.

“Para n�s vai ser muito bom, vai gerar emprego para a comunidade e trazer renda para os moradores. A pandemia foi muito dura para n�s. Al�m disso, o pessoal n�o precisa sair daqui para trabalhar, pegar um �nibus para ir at� o Centro... � uma economia de tempo muito grande. Quem sai para trabalhar tem que pegar �nibus 5h, 6h, depois de novo para voltar e chegar depois das 20h. Quando � que voc� v� sua fam�lia? Esse deslocamento cansa demais”, descreve.

Andr�, no entanto, reivindica que a atua��o da prefeitura n�o se limite �s obras, mas tamb�m considere a manuten��o dos espa�os deixados. Caminhando pelas ruas da Cabana, ele mostra quadras, pra�as e �reas com brinquedos para crian�as com equipamentos quebrados e pouca, ou nenhuma, condi��o de uso. 

Belo Horizonte - MG. A comerciante e líder comunitária Matilde de Souza, moradora da Cabana do Pai Tomás

"J� mudou da �gua para o vinho. Mas eu n�o vou morrer enquanto n�o puder ver essas ruas todas abertas"

Maria L�cia de Carvalho, moradora da Cabana do Pai Tom�s, em um dos becos da comunidade


Conquistas s�o trof�u coletivo

As obras do Or�amento Participativo s�o o grande orgulho da comunidade. Em mapas expostos na parede da Associa��o dos Moradores do Aglomerado Cabana (Asmac), o presidente da organiza��o, Geraldo Majela da Silva, mostra obras que, nas �ltimas d�cadas, transformaram o acesso da comunidade a servi�os e mobilidade urbana. � o caso de ruas como a Maria do Ros�rio, S�o Tarc�sio, Pai Joaquim e Santa Catarina, que antes das interven��es eram interrompidas por becos e vielas, �nicos acessos �s casas.

Nas contas da Asmac, cerca de 64 mil pessoas moram na Cabana do Pai Tom�s. Se fosse uma cidade, a comunidade seria a 59ª mais populosa de Minas Gerais. Uma dessas moradoras � Maria L�cia de Carvalho, conhecida na regi�o como Dona L�cia. A casa da senhora de 73 anos fica em uma pequena viela ao lado da Rua Santa Catarina, onde ela trabalhou em obras para abrir a via, antes encerrada por um beco.

“Antes era um beco, s� faltava cair tudo, o esgoto era todo aberto. A gente tinha que entrar nas casas pelas vielas. A obra foi uma m�o na roda. Antigamente, n�o chegava Uber aqui, se algu�m adoecesse n�o tinha como chegar a ambul�ncia, n�o tinha coleta de lixo na porta de casa. Agora, mudou da �gua para o vinho. Mas eu n�o vou morrer enquanto n�o puder ver essas ruas todas abertas”, afirma.

REMO��ES 

As obras vi�rias na �rea da Cabana do Pai Tom�s implicam, necessariamente, a desapropria��o de centenas de fam�lias. Como a regi�o � muito adensada, mesmo a abertura de poucos metros de vias significa a demoli��o de muitas casas. Em projetos mais ambiciosos, como a liga��o entre as Avenidas Tup� e Amazonas, o impacto � ainda maior: s�o mais de duas centenas de unidades habitacionais para reassentar parte dos moradores atingidos pela interven��o.

As obras das d�cadas anteriores tamb�m inclu�ram a constru��o de pr�dios para moradia popular. Um dos exemplos � um complexo de pr�dios com tr�s blocos na Rua Paiva, constru�do ainda na primeira d�cada dos anos 2000. V�nia Fernandes, de 67 anos, tem dois irm�os que foram reassentados nestas moradias e avalia como positiva a mudan�a.

“Meus dois irm�os sempre moraram aqui na Cabana. Quando come�aram as obras para abrir as ruas, eles foram desapropriados e vieram para c�. Eu achei bom, a estrutura do pr�dio � melhor, fica perto de pontos de �nibus, do posto de sa�de”, afirma. No local, por�m, o empres�rio Andr� Souza reclama da situa��o de uma quadra esportiva j� sem equipamentos e em condi��es prec�rias de uso. “Precisa ter uma manuten��o; n�o � s� vir e fazer, tem que cuidar”, destaca, resumindo a expectativa de grande parte da comunidade.


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