(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas S�MBOLO DE IDENTIDADE

Casar�o com alma cultural em BH guarda hist�rias memor�veis

'Fantasmas" de personagens que deixaram sua marca na medicina e nas letras de Minas povoam palacete da d�cada de 1920 que hoje abriga a AML


21/05/2023 07:20 - atualizado 21/05/2023 08:32
432


O primeiro impacto est� na beleza da constru��o, com as colunas cl�ssicas conduzindo o olhar aos elementos decorativos da fachada em estilo arquitet�nico ecl�tico e detalhes “art nouveau”.

Portas abertas, reina o poder da hist�ria entranhada no ambiente, onde, em mais de um s�culo, fam�lias, amigos e visitantes desfrutaram de salas, m�veis, objetos. E por �ltimo, mas n�o menos importante, vem a for�a da imagina��o, que permite at� a presen�a de alguns fantasmas. Fantasmas? Isso mesmo, eles povoam, imersos em fervilhante cultura, a Resid�ncia Eduardo Borges da Costa, sede da Academia Mineira de Letras (AML).
 
Localizado na Rua da Bahia, 1.466, ao lado da Bas�lica Nossa Senhora de Lourdes, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, o casar�o foi constru�do na d�cada de 1920 com projeto (1915) de Ant�nio da Costa Christino, recebendo modifica��es e interven��es, seis anos depois, do tamb�m arquiteto Luiz Signorelli.

Sob tombamento estadual (1988) e municipal (1998), serviu originalmente de consult�rio e resid�ncia do m�dico carioca Eduardo Borges da Costa (1880-1950) e sua cl�nica particular, conforme o Guia de Bens Tombados do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG).
 
\zc\c\
A sala de jantar do palacete: preservada, a resid�ncia permite que se visualize como vivia a fam�lia do m�dico no in�cio e meados do s�culo 20 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O guia do Iepha informa que Beatriz Borges Martins, filha de Borges da Costa, relata em seu livro “A vida � esta” que a constru��o abrigou inicialmente a cl�nica particular de seu pai. “Naquele espa�o”, diz o documento do Iepha, “o m�dico atendia, realizava pequenas cirurgias e internava pacientes de menor risco. A pequena cl�nica abrigava uma recep��o, consult�rios, dois quartos para interna��o de pacientes, al�m de um laborat�rio, uma biblioteca e um banheiro”.
 
O tempo passou at� que, em 1987, o palacete se tornou sede da AML, presidida desde 2019 pelo jornalista Rog�rio Faria Tavares, estando perto de ter � frente o acad�mico Jacyntho Lins Brand�o – a posse ser� em 25 de maio.

Quem trabalha desde a transfer�ncia para a imponente constru��o � a assistente do N�cleo de Acervo, Carmen Elizabeth Moura dos Santos, conhecedora de cada palmo da casa e sens�vel aos movimentos de personagens reais e alguns “memor�veis” – o que s� agu�a a curiosidade do rep�rter, amplia o interesse pela atmosfera liter�ria e leva a descobertas por entre corredores, quartos e por�es.

PASSADO PRESENTE

“Quem est� a�?” Carmen j� perguntou in�meras vezes ao ouvir o bater de uma porta, a queda de um livro, os passos nos pisos de madeira de lei. Com um sorriso de intimidade com toda a ambi�ncia, ela sabe as respostas.

“Dependendo de onde vem o ru�do, sei que pode ser o dr. Vivaldi, o Murilo Badar� ou o dr. Borges”, afirma em refer�ncia a Vivaldi Moreira (1912-2001), eleito para a AML em 1959 e seu presidente perp�tuo; o advogado, escritor e pol�tico Murilo Badar� (1931-2010), ex-presidente da academia; e o primeiro morador – o �nico que ela n�o conheceu pessoalmente – Eduardo Borges da Costa, um dos fundadores (1911) da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte e patrono da Cadeira 47 da Academia Mineira de Medicina.

“Trabalhar aqui � muito prazeroso. Aprendi e aprendo muito com todos”, afirma Carmen ao lado da coordenadora do N�cleo de Acervo, Soraia Lara Carvalho, pouco antes de ambas mostrarem as depend�ncias da edifica��o de dois pavimentos, com um p� de rom� e uma roseira no jardim e uma atmosfera que convida n�o s� � visita ao patrim�nio da cidade como a uma viagem no tempo.
 
“Esta casa mant�m um n�vel de preserva��o t�o bom que � poss�vel visualizar como vivia a fam�lia no in�cio e meados do s�culo 20. A sala de jantar, por exemplo, onde os acad�micos tomam o ch�, est� do mesmo jeito, assim como a copa e a cozinha”, diz a gestora-geral da entidade, Ines Rabelo.
 
Das portas de jacarand�, na entrada, � escadaria de 31 degraus de acesso ao andar superior, passando antes pelo por�o, d� para apreciar cada detalhe com muito gosto. Lustres, m�veis de madeira escura, cristaleira, piso parquet e forros atraem as aten��es.

Como desviar o olhar do revestimento das paredes da sala de jantar em couro artisticamente prensado, com molduras de jacarand�? E do forro do mesmo ambiente, fruto de “um complexo trabalho geom�trico e volumetria exuberante”, de acordo com o livro “Casa Nobre – Significado dos modos de morar nas primeiras d�cadas de Belo Horizonte”, organizado por Celina Borges Lemos e Karla Bilharinho Guerra.
 
E mais: os vitrais, entre eles um gigantesco entre o primeiro e segundo pavimento, os interruptores de metal e os livros, muitas obras raras catalogadas, ocupando todos os espa�os f�sicos e do pensamento. A cada passo, especialmente no por�o, as palavras d�o lugar aos sentimentos: de rever�ncia aos antigos habitantes, de afeto pela conserva��o do acervo, de respeito pela AML, de confian�a na integridade de cole��es t�o valiosas.

BELEZA INTERIOR

No livro “Casa Nobre”, h� informa��es detalhadas sobre o im�vel: “A fachada principal apresenta alto n�vel de sobriedade quanto � sua composi��o, cuja elabora��o geral �, predominantemente, ordenada pela presen�a dos elementos estruturais.

Contudo a volumetria da casa e seu partido conferem �s principais eleva��es grande dinamicidade, principalmente em fun��o dos terra�os frontal e superior, os quais est�o inseridos no segundo pavimento. Sua estrutura � arrematada por ornamenta��o de linguagem cl�ssica mediante a admiss�o de colunas com capit�is cor�ntios e fuste canelado”.
 
No Guia do Iepha h� a informa��o de que trabalharam na obra importantes artistas, a exemplo do escultor austr�aco Mucchiutti, respons�vel por muitos servi�os na cidade, e os marmoristas irm�os Natalii. A execu��o ficou a cargo de Ant�nio Mias.

O guia traz ainda uma “curiosa passagem” relatada por Beatriz Borges referente ao processo de produ��o dos estuques colocados nos tetos da resid�ncia, cujo servi�o esteve nas m�os de dois portugueses. “Eles faziam as f�rmas conforme os desenhos dos ornatos, enchiam-nas de gesso, esperavam dias para secarem e, depois, retiravam delas os ornatos, com todo cuidado. Terminada essa parte, quebravam as f�rmas, alegando que era para ningu�m tirar c�pias”.
 
Est� documentado pelo instituto estadual que a constru��o foi planejada para receber amplia��o e abrigar a resid�ncia da fam�lia do m�dico carioca, uma vez que a estrutura do pr�dio foi projetada para suportar um segundo andar.

“Ap�s a amplia��o, o casar�o passou a reunir 44 c�modos, incluindo os pertencentes � cl�nica do Dr. Borges da Costa. Desde o in�cio, a resid�ncia tornou-se ponto de refer�ncia de pol�ticos, m�dicos, poetas e outras pessoas de renome que formavam a elite intelectual e pol�tica da nova capital”.


SERVI�O

Interessados em visitar a sede da Academia Mineira de Letras devem enviar email para [email protected]

A sede da AML fica na Rua da Bahia, 1.466, no Bairro Lourdes, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte.

Por dentro do palacete

» O casar�o pertence ao Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjac�ncias e ao Conjunto Urbano Pra�a da Liberdade e Adjac�ncias, sob tombamento municipal.

» Antes de 1915 existia, no local, outra constru��o com as seguintes plantas aprovadas: projeto de uma casa datado do final do s�culo 19 (1897/1898). Depois foi registrada uma modifica��o em 1900. Estes projetos foram feitos para o antigo propriet�rio Victorino Arcanjo Ferreira pelo arquiteto Jo�o B. Carneiro.

» E ainda: planta de aumento para o pr�dio constru�do para o propriet�rio Augusto Halfelo, pelo arquiteto Luiz Olivieri; e depois planta de aumento pelo arquiteto Jo�o Morandi.

» Para o atual im�vel, est� registrado o projeto, de 1915, para o propriet�rio Dr. Eduardo Borges Ribeiro da Costa, pelo arquiteto Ant�nio da Costa Christino. E de remodela��o e aumento da resid�ncia, em 1926, pelo arquiteto Luiz Signorelli.

» A casa tem estilo arquitet�nico ecl�tico, primeira fase, com influ�ncia neocl�ssica.

Fonte: Funda��o Municipal de Cultura/Prefeitura de Belo Horizonte



receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)