A funcion�ria p�blica Di�lia Cordeiro Lopes Fel�cio, de 32 anos, registrou boletim de ocorr�ncia contra um colega de trabalho por ser empurrada na Delegacia de Perdig�o, no Centro-Oeste de Minas. Atuando como servidora, a agress�o ocorreu dois dias ap�s ela retornar da licen�a maternidade. O caso foi denunciado pelo marido da v�tima nas redes sociais e � investigado pela Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Di�lia � servidora contratada cedida pela Prefeitura de Perdig�o � Pol�cia Civil de Minas Gerais (PMMG) h� nove anos. Ao retornar �s atividades ap�s seis meses de licen�a maternidade e um m�s de f�rias, ela foi surpreendida, em 13 de junho, com a not�cia de que seria remanejada para atuar na central de monitoramento do Olho Vivo.
Ela, ent�o, pediu um dia para se desvincular, para retirar os pertences e informar aos superiores. No dia seguinte, ao chamar a equipe para comunicar a decis�o, ela foi empurrada por um colega de trabalho.
“Fui informar que eu ia para outro setor, mas que at� as 17h a unidade era de minha responsabilidade. Quando falei isso, ele gritou: 'aqui dentro voc� n�o manda n�o e n�o quero liga��o com delegado regional enchendo o saco'. Ele empurrou a porta para fechar, ela ia bater no meu rosto, coloquei o p� para evitar que batesse, a� ele me empurrou”, conta Di�lia.
A agress�o foi registrada por uma c�mera de seguran�a. Outras duas servidoras estavam na delegacia. Ela diz que, devido ao fato, tamb�m se alterou. “A�, gritei e falei que ele tinha colocado a m�o na mulher errada”, afirma.

Com nove anos de delegacia, Di�lia diz se sentir “desguarnecida, sem prote��o nenhuma e injusti�ada”. “De v�tima estou sendo acusada, � como seu eu fosse autora”, desabafa. Ela ainda critica a atua��o do estado. “N�o est�o dando a devida aten��o. Estou saindo como se nunca tivesse trabalhado para eles. Todo o servi�o que fiz n�o est� sendo levado em conta.”
“Os policiais est�o abandonados, com a cabe�a cheia de problemas, e o Estado fechando os olhos. A Rafaela n�o ser� a primeira a sofrer ass�dio e ningu�m a ouvir”, pontua.
A escriv� Rafaela Drumond foi encontrada morta no dia 9 de junho. H� um v�deo onde ela � xingada dentro de uma delegacia em Caranda�, no Campo das Vertentes. Na imagem, um homem faz ofensas a ela.
Exonera��o
Ap�s o ocorrido, Di�lia procurou a Prefeitura de Perdig�o e protocolou o v�deo da agress�o. No mesmo dia, ela foi comunicada da exonera��o. Chegou, inclusive, a receber a ficha de demiss�o. Com a repercuss�o, o prefeito Juliano Lacerda voltou atr�s e pediu que ela aguardasse em casa que estava revendo o caso.
'Invertendo a situa��o'
Adriano Messias Lopes nega a agress�o. Disse que a servidora o chamou para uma reuni�o, por�m se negou a ir sem a presen�a do delegado. Quando ele retornou para a sala dele, segundo Lopes, ela foi at� l�, mesmo ap�s ele dizer que n�o queria conversar.
H� dois anos atuando na delegacia, ele assumiu as atividades relacionadas ao Departamento de Tr�nsito durante a licen�a maternidade de Gi�lia. Ele alega que a rea��o dela � por insatisfa��o devido ao remanejamento.
O suspeito ainda a acusa de racismo e inj�ria. “Ela entrou na sala e come�ou a falar: j� te falei quem manda sou eu. Eu fa�o direito, ela falou comigo: nem fazendo direito, concluindo o curso, voc� n�o vai mudar o que �, seu bosta, nego”, relata. Ele n�o apresentou provas e n�o menciou o fato ao ser ouvido por policiais militares no momento do registro do Boletim de Ocorr�ncia. Adriano usou palavras como “transtornada e descontrolada” para descrev�-la no momento do acontecido.
Afirmou que, ao pedir para ela sair da sala e tentar fechar a porta, Gi�lia teria colocado o p�. Contou que por ser dura precisa colocar for�a para fech�-la, mas que n�o teria a empurrado. No v�deo � poss�vel ver o momento que ele sai da sala com a m�o estendida na frente dela e fecha a porta.
Adriano j� foi acusado pela ex-esposa de viol�ncia dom�stica. Ele afirma que o caso j� foi apurado e esclarecido. Ela tamb�m trabalha na delegacia.
Ele tamb�m chegou a ser exonerado, por�m ser� remanejado. Adriano disse que pediu dois dias de folga para espairecer e que ao retornar vai se reuniu com os respons�veis para saber em qual setor ir� trabalhar.
Apura��o
A Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que instaurou procedimento investigativo para apura��o dos fatos. Os envolvidos, de 32 e 48 anos, j� foram ouvidos, bem como as testemunhas do fato. Outras informa��es ser�o fornecidas em momento oportuno.
A prefeitura informou que devido ao surgimento de novos fatos, foi instaurada uma comiss�o para formalizar e averiguar o ocorrido “de maneira imparcial. “Vale salientar que as partes envolvidas apresentaram vers�es diferentes do caso e cabe aos �rg�os respons�veis definir quais as medidas cab�veis ser�o tomadas sobre o ocorrido”, alegou.
O caso tamb�m ser� apurado por meio de uma comiss�o instaurada, nesta ter�a-feira (20/6), para que sejam tomadas as devidas provid�ncias.
“A atual gest�o preza pela justi�a e pela imparcialidade e est� � disposi��o para colaborar com a resolu��o do caso”, destacou.
A prefeitura tamb�m confirmou que voltou atr�s na decis�o da exonera��o. “Os dois funcion�rios permanecem remanejados em suas fun��es, por hora, estar�o atuando normalmente at� que os �rg�os respons�veis finalizem o processo”, comunicou.
A prefeitura ainda lamentou o ocorrido e repudiou “qualquer tipo de viol�ncia, seja ela f�sica, verbal ou psicol�gica”, assim como, “qualquer ato discriminat�rio contra ra�a, classe social, g�nero e orienta��o sexual”.
*Amanda Quintiliano especial para o EM