
�udios aos quais a reportagem do Estado de Minas teve acesso mostram uma rotina de trabalho conturbada, com den�ncias de ass�dio moral e at� sexual, na delegacia de Pol�cia Civil de Caranda�, na regi�o do Campo das Vertentes, onde a ent�o escriv� Rafaela Drummond trabalhava. Rafaela se matou no dia 9 deste m�s, ap�s meses de reclama��es sobre os colegas de trabalho.
Em uma das mensagens enviadas para uma amiga, Rafaela detalha como foi uma discuss�o com o delegado da unidade policial. A briga teria come�ado por causa de um pedido de mudan�a na escala de folgas, uma das principais reclama��es da escriv� enquanto trabalhava. “Ele falou que eu tinha cismado com isso, falando que ele tava de implic�ncia. Ele disse que eu n�o gosto de receber ordens. Mas n�o � isso, ele estava implicando por causa do carnaval”, disse.
J� em outro �udio, Rafaela desabafa sobre a institui��o. Ela reclama da falta de apoio ap�s denunciar as situa��es que enfrentava dentro da delegacia e se diz cansada da rotina. “� uma vergonha. S� os bonit�es para aparecer no jornal. Sobra tudo pro escriv�o, � tudo uma palha�ada. Ele fala que est� fazendo e acontecendo, mas � s� m�dia. A gente � tratado como lixo. N�o somos valorizados pelo governo, sociedade e nem dentro da pol�cia. Quando a gente fala algo, vira um inferno na nossa vida. N�o estou aguentando mais, porrada de todos os lados da minha vida. O ser humano � um lixo e daqui duas semanas ningu�m nem vai estar lembrando. Quem tem culpa, sabe”, desabafou.
Relembre o caso
Rafaela Drumond, de 32 anos, foi v�tima de suic�dio. Na sexta-feira (9), ela estava na casa dos pais, na cidade de Ant�nio Carlos, na regi�o do Campo das Vertentes, quando tirou a pr�pria vida.
A escriv� trabalhava em uma delegacia em Caranda�. Nos �ltimos meses, Rafaela teve mudan�as em sua personalidade, passando a ficar mais retra�da e calada. O fato chegou a incomodar os pais que, ap�s uma conversa com ela, foram informados de que ela estava estudando para um concurso de delegada da institui��o.
Semanas antes do ocorrido, Rafaela denunciou casos de ass�dio moral e sexual dentro da delegacia em que era lotada. Imagens e �udios que circulam nas redes sociais mostram relatos da policial que, em alguns deles, detalha os ass�dios que sofria. Ela tamb�m reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas. “Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso, de fazer uma carne. Ele come�ou a falar na minha cabe�a, e eu ficava com cara de deboche, n�o respondia esse grosso. De repente ele falava que pol�cia n�o � lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos �udios.