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Estado de Minas Alerta da esta��o

O fogo vem a�: risco de inc�ndios em Minas � maior este ano. Saiba por qu�

Tempo seco que costuma marcar os dias de inverno e previs�o de estiagem prolongada disparam alarme para amea�a de temporada cr�tica de queimadas


02/07/2023 04:00 - atualizado 02/07/2023 07:50
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Entardecer de inverno visto no cerrado da Serra do Cipó
P�r do sol em tarde de inverno no cerrado da Serra do Cip�: conjun��o de fatores une tempo, regi�o e vegeta��o vulner�veis, que sofrem sobretudo com a a��o humana (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press )

Mais de 4.300 ocorr�ncias de queimadas consumiram �reas verdes distribu�das pelo mapa de Minas Gerais at� 22 de junho deste ano, e a proje��o � de que a situa��o piore durante os meses de inverno, esta��o que come�ou no �ltimo dia 21. Apenas at� o meio do m�s passado, o Corpo de Bombeiros foi acionado para atuar em 1.147 focos de inc�ndio. Em duas dezenas delas, os militares tiveram de combater chamas em unidades de conserva��o.

Entre os fatores apontados por especialistas para a previs�o de aumento nas �reas queimadas est�o a seca, que promete ser severa este ano, e a a��o humana, principal respons�vel por princ�pios de inc�ndios em vegeta��o.

Em Minas, o bioma predominante � o cerrado – tamb�m considerado o segundo maior da Am�rica do Sul, atr�s da floresta amaz�nica. O professor Bernardo Gontijo, do Instituto de Geoci�ncias da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que a vegeta��o caracter�stica desse ecossistema � naturalmente adaptada para resistir �s chamas, mas n�o �quelas de grandes propor��es, normalmente provocadas pela a��o humana.
“Os inc�ndios, em se tratando do bioma do cerrado, s�o algo j� bem conhecido e esperado. Principalmente no auge da esta��o seca, no auge da aus�ncia de �gua no ecossistema. E � em fun��o disso que o material combust�vel, a vegeta��o seca, se torna extremamente propenso para a queima”, explica.

Mesmo com toda a propens�o natural para o fogo, a interven��o humana segue como um dos principais gatilhos para os inc�ndios mais devastadores que castigam no bioma, e n�o s� em Minas Gerais.

Cristiano Reis, coordenador da Brigada Florestal Volunt�ria Guardi�es da Serra, que atua na Lapinha da Serra, em Santana do Riacho, Regi�o Central de Minas, explica que existem basicamente dois tipos de chamas de igni��o natural: um, causado por descargas el�tricas; outro, quando h� intensa incid�ncia solar sobre part�cula refletora, como vidro.

Ele afirma, por�m, que esses tipos de ocorr�ncias s�o facilmente diferenciadas. Cristiano explica que, no caso das descargas el�tricas, por exemplo, normalmente o fogo tem in�cio logo antes de uma precipita��o de chuva, o que facilita o controle.
J� o professor Bernardo Gontijo afirma que uma das principais discrep�ncias entre focos provenientes de causas naturais e os provocados por pessoas � em rela��o � propor��o. “O fogo por fatores naturais, quando ocorre, tende a evoluir pouco”, afirma.

J� as queimadas em �reas extensas normalmente s�o provocadas, intencionalmente ou por acidente. “Qualquer inc�ndio em grande propor��o, dependendo da �poca do ano, pode-se ter certeza de que 90%, ou mais, � fruto de a��o humana. Deliberada ou n�o. Aquela quest�o do ato doloso (intencional) ou culposo”, enfatiza Bernardo Gontijo.

Bem perto de BH, as �reas do Parque Nacional da Serra do Cip� e da Lapinha da Serra s�o vulner�veis � previs�o de intensifica��o das chamas. Cristiano Reis explica que os inc�ndios tendem a se tornar mais frequentes no fim deste m�s, com �pice entre agosto e setembro. Al�m disso, as regi�es com �reas que n�o queimaram no ano passado s�o ainda mais suscet�veis, por terem mat�ria natural acumulada que alimenta as chamas.

Jaboticatubas, MG. Foto mostra incêndio de grandes proporções que atingiu o Parque Nacional da Serra do Cipó e imediações em 2020
Brigadistas da Lapinha da Serra temem repeti��o do inferno de chamas que castigou a regi�o em 2020 (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 29/9/20 )


“O fogo � vivo, e ele anda muito”


De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), at� maio deste ano foram registrados 220 focos de inc�ndio em �reas do estado j� desmatadas. Outros 176 inc�ndios ocorreram em florestas, 35 em �reas com vegeta��o secund�ria, ou seja, j� reflorestadas, e 20 em �reas rec�m-desmatadas.

Coordenador de brigada volunt�ria que atua na Lapinha da Serra, regi�o da Serra do Cip�, Cristiano Reis explica que, nos �ltimos anos, muitas ocorr�ncias foram associadas � explora��o pecu�ria no alto do maci�o. De acordo com ele, os pastos s�o abertos como fogo, o que acaba sendo o piv� de inc�ndios que se alastram em vegeta��es pr�ximas.

“Nas �reas de preserva��o, o fogo entra pelos vizinhos. S�o eles que colocam fogo no entorno, para abrir pasto, e as chamas acabam invadindo as �reas de preserva��o. O fogo � vivo, e ele anda muito”, testemunha.

Entre as principais formas de combate ao aumento das ocorr�ncias de inc�ndio est� a educa��o ambiental, com atua��o preventiva. O brigadista chama essas a��es de combate ao “fogo que n�o existe”. Ele acredita que com as informa��es necess�rias os riscos tendem a diminuir.

Pensando nisso, a Brigada Volunt�rios da Serra organiza palestras e reuni�es com moradores. Os participantes s�o orientados sobre os perigos de atear fogo em materiais combust�veis durante a �poca da seca.

“Essas a��es n�o precisam acontecer daqui a cinco, dez anos. Para que a gente tenha uma situa��o de fogo zero, precisamos iniciar o combate com a educa��o ambiental agora. Este ano, n�s tamb�m fizemos placas que mostram qual o risco de inc�ndio naquela �rea, e disponibilizamos nas trilhas da serra”, afirma Cristiano Reis.

Cinzas em área verde atingida por incêndio em mata nas imediações do Bairro Buritis, com prédios ao fundo
At� o meio deste m�s, bombeiros foram chamados mais de 1.100 vezes para combater fogo como o que consumiu �rea verde no Buritis, em BH (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press )


Usar chamas contra chamas


Outras medidas de preven��o s�o adotada pelos �rg�os respons�veis nas �reas de prote��o. Para o professor da UFMG Bernardo Gontijo, o manejo integrado do fogo � uma das a��es mais eficazes para evitar grandes inc�ndios.

A a��o deve ocorrer no fim das temporadas de chuva, entre abril e maio, quando se fazem queimadas controladas, com o objetivo de diminuir a quantidade de material combust�vel acumulada no solo. “Ao fazer essa queima controlada, n�o se permite que o volume desse material combust�vel cres�a e se torne ainda mais perigoso no auge da esta��o seca”, explica.

O especialista explica que essa situa��o de manejo j� est� sendo adotada em algumas unidades de conserva��o do estado, tanto federais quanto estaduais. “Talvez seja a melhor a��o preventiva com rela��o aos grandes inc�ndios. Porque com o manejo, se algu�m tenta colocar fogo em um desses parques, as chamas tendem a n�o atingir grandes propor��es, e o combate se torna mais f�cil”, avalia.

Chuva tende a atrasar este ano


A seca tende a ser rigorosa durante este ano, principalmente pela atua��o do fen�meno El Ni�o, que traz chuvas acima da m�dia para o Sul do pa�s e seca para o Norte e Nordeste. A previs�o � do meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto Climatempo, ao afirmar que, em Minas, a por��o Norte/Nordeste tamb�m tende a ser a mais afetada.

“Isso significa que a esta��o chuvosa no Norte e Nordeste de Minas vai atrasar. As chuvas somente v�o chegar em novembro. A seca ser� bastante severa. Poderemos ter dias ruins a partir de julho, com aus�ncia de precipita��es e baixa umidade do ar”, prev� o meteorologista.

No in�cio de mar�o deste ano, o Minist�rio do Meio Ambiente e Mudan�as do Clima (MMA) publicou portaria em que declara estado de emerg�ncia ambiental devido ao risco de inc�ndios florestais na atual esta��o. Em Minas, o governo estadual decretou, em 10 de maio, situa��o de emerg�ncia em 130 cidades, localizadas no Norte do estado, onde milhares de moradores de comunidades rurais j� sofrem com a falta de �gua para o abastecimento humano.

Mobiliza��o estadual contra queimadas

Para lidar com a esta��o de queimadas, em 5 de junho o governador Romeu Zema (Novo) lan�ou o programa “Minas Contra o Fogo”. A a��o tem o objetivo de capacitar e formar brigadistas municipais para fortalecer e expandir o combate aos inc�ndios florestais no estado.

O programa conta com a participa��o de representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), do Instituto Estadual de Florestas (IEF), da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e do Corpo de Bombeiros.

Na primeira fase, foram convidados a participar os munic�pios que, de acordo com o governo mineiro, tiveram mais focos de inc�ndio em �reas de conserva��o estaduais. O Executivo informa que 14 cidades j� est�o preparadas para aderir � a��o: Bras�polis, Santana dos Montes, Marli�ria, Campanha, Buen�polis, Araponga, Conselheiro Pena, Joaquim Fel�cio, Lima Duarte, Novo Cruzeiro, Rio Vermelho, Serro e Vazante.

O estado tamb�m pretende aumentar a fiscaliza��o para coibir a��es que resultem em inc�ndios. Em evento de abertura da Semana do Meio Ambiente, o governador oficializou a entrega de 15 drones para a equipe de fiscaliza��o ambiental, al�m de 20 novas viaturas para a Pol�cia Militar de Meio Ambiente.

“Os equipamentos v�o ampliar o uso da tecnologia pelos fiscais da secretaria, conferindo maior agilidade e precis�o �s opera��es, seja no combate ao desmatamento, a irregularidades no uso de recursos h�dricos, minera��o, barragens, polui��o ambiental, entre outras”, informou o governo de Minas.

Enquanto isso...

...tempo de cuidar tamb�m da sa�de

Al�m de prop�cio a queimadas, o tempo seco fragiliza a sa�de e torna o organismo mais propenso a doen�as respirat�rias. As recomenda��es de preven��o s�o v�lidas para todas as pessoas, e n�o apenas para grupos de risco. Entre os cuidados, o principal � manter a hidrata��o. � noite, mesmo sendo um per�odo mais frio, � recomendado dormir em locais arejados e umedecidos por umidificadores ou mesmo com ajuda de uma bacia com �gua. Tamb�m � importante evitar banhos muito quentes. E, apesar de sempre bem-vindas, as atividades ao ar livre devem ser evitadas em hor�rios que o sol est� mais forte, das 11h �s 15h.


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