
As duas c�psulas de c�sio-137 que desapareceram da mineradora AMG Brasil, no munic�pio de Nazareno, na Regi�o do Campo das Vertentes, foram encontradas ontem em uma empresa de coleta e com�rcio de sucata em S�o Paulo (SP), a 432 quil�metros do munic�pio mineiro. A Comiss�o Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e Pol�cia Civil de Minas Gerais estavam empenhadas nas investiga��es sobre o paradeiro dos equipamentos desde 29 de junho, quando a empresa comunicou �s autoridades o misterioso desaparecimento material radioativo. Em entrevista ao Estado de Minas na noite de ontem, o diretor de Radioprote��o da Cnen, o f�sico Alessandro Facure, disse que os dois equipamentos com o produto radioativo est�o aparentemente intactos, “sem sinais de tentativa de viola��o”, o que implica que, provavelmente, n�o houve contamina��o de pessoas no percurso das c�psulas.
No entanto, o mist�rio continua: ainda n�o se sabe quem furtou nem quem vendeu as fontes do c�sio-137. Tamb�m est� em aberto como elas foram transportadas at� S�o Paulo. Todas as circunst�ncias sobre o extravio, caminho percorrido e venda do material, assim como os envolvidos ainda ser�o objeto de investiga��o por parte da Pol�cia Civil, informou o diretor da Cnen.
De acordo com Alessandro Facure, as duas fontes de c�sio-137 foram recuperadas em uma empresa que trabalha com coleta e venda de sucata na Vila Leopoldina, Regi�o Oeste da capital paulista na manh� ontem. Funcion�rios da empresa notificaram a Cnen que, imediatamente, encaminhou uma equipe t�cnica ao local. As c�psulas foram recolhidas e levadas para o Instituto de Pesquisas Energ�ticas e Nucleares (Ipen), unidade da Cnen no estado, que fica localizada no c�mpus-sede da Universidade de S�o Paulo (USP), “onde passar�o por avalia��es quanto � integridade, taxas de dose, condi��es de uso, dentre outras”, informou a Cnen, em nota emitida no fim da tarde.
Tratado como um prov�vel furto, o sumi�o das duas c�psulas na mineradora em Nazareno trouxe � mem�ria trag�dia ocorrida em Goi�nia h� quase 36 anos, considerada o maior acidente radioativo fora de uma usina nuclear, que resultou em quatro mortes e outras centenas de pessoas atingidas indiretamente, ganhando repercuss�o internacional.
Logo que foi notificada sobre o sumi�o do material da mineradora em Nazareno, a Cnen informou que fontes furtadas no Campo das Vertentes s�o classificadas como de baixo risco. Mesmo assim, o desaparecimento delas provocou apreens�o, sendo feito um esfor�o para se recuperar o material com a m�xima urg�ncia. Durante as investiga��es, t�cnicos da Cnen realizaram vistorias e medi��es na mineradora e em outras 10 �reas suspeitas indicadas pela Secretaria de Meio Ambiente do munic�pio de Nazareno e tamb�m na planta 2 da Mineradora AMG Brasil.
No caso de Goi�nia, a trag�dia come�ou com a viola��o de um aparelho de radioterapia encontrado em um terreno abandonado por um morador. Por conter chumbo, material de relativo valor financeiro, a fonte de c�sio-137 foi vendida para um dep�sito de ferro-velho, cujo dono a repassou a outros dois dep�sitos, al�m de distribuir os fragmentos do material radioativo a parentes e amigos que por sua vez os levaram para suas casas.
INTENSIDADE MENOR O epis�dio atual � diferente do caso de 1987, afirma o diretor de Radioprote��o da Cnen. Isso porque as c�psulas de c�sio-137 retiradas da mineradora em Minas e encontradas a 432 quil�metros de dist�ncia na revenda de sucata em S�o Paulo cont�m muito menos material radioativo. “O material localizado em S�o Paulo tem intensidade 300 mil vezes menor do que as fontes de c�sio de Goi�nia”, afirmou o f�sico.
Facure salientou que a presen�a do material radioativo n�o representou riscos para os trabalhadores da empresa da Vila Leopoldina nem para os moradores da regi�o porque os equipamentos permaneceram intactos, sem nenhuma viola��o. “As fontes radioativas furtadas n�o s�o dispers�veis no meio ambiente. N�o provocam riscos para a popula��o”.
Garantiu ainda as fontes radioativa n�o v�oacarretar risco de contamina��o para quem as transportou. “Uma pessoa s� fica em risco (de contamina��o) se ficar em contato com o material por muito tempo, por meses”, afirmou o diretor da Cnen. Ele lembrou ainda que as fontes furtadas em Nazareno s�o armazenadas dentro de uma cobertura de cer�mica, bem diferente do equipamento violado em Goi�nia 36 anos atr�s, cujo material radioativo era “em p�”, o que facilitou a contamina��o. A Cnen divulgou tamb�m que “as fontes furtadas s�o classificadas como baixo risco, na casa dos 5 mCi (milicurie, medida de radioatividade), atividade quase 300 mil vezes menor que a do acidente de Goi�nia”.
AN�LISE E DEVOLU��O Segundo Alessandro Facure, as c�psulas de c�sio-137 ser�o devolvidas � mineradora. Mas isso s� dever� ser feito ap�s as inspe��es do material pelo �rg�o. A empresa tamb�m divulgou nota ontem, informando sobre a recupera��o do material, destacando que os equipamentos ser�o encaminhados para a mineradora, seguindo “as orienta��es e diretrizes de manipula��o e seguran�a determinadas pela Cnen”.
“A AMG Brasil reafirma seu compromisso absoluto de atuar de maneira respons�vel e diligente perante a comunidade e lamenta qualquer preocupa��o que o incidente possa ter ocasionado a terceiros”, diz a nota. Informou ainda que “est� sendo conduzida investiga��o interna independente a fim de que sejam apurados os fatos que deram ensejo ao furto, e sejam adotadas medidas de melhoria e mitiga��o de riscos em rela��o aos seus processos internos de controle”.
A empresa frisou esse tipo de c�psula � “comumente utilizados na ind�stria de minera��o” para medir a quantidade de min�rio que passa por uma tubula��o durante o fluxo de produ��o e possuem uma fonte selada de c�sio-137, revestida de a�o inoxid�vel e blindada internamente por duas outras camadas de chumbo e a�o”.
Por sua vez, tamb�m por meio de nota, a Pol�cia Civil de Minas Gerais comunicou a localiza��o das caixas contendo o c�sio-137 em S�o Paulo, com o material sendo encaminhado para “an�lise pericial da Cnen. Esclareceu ainda que “as investiga��es est�o em andamento, de forma sigilosa, para a completa apura��o dos fatos”.
FATOS E quest�es
Confira o que se sabe sobre o sumi�o e recupera��o das c�psulas de c�sio-137
» 432 quil�metros � a dist�ncia entre Nazareno (MG), de onde o material radioativo sumiu, e S�o Paulo (SP), onde foi encontrado
» O sumi�o de duas c�psulas de c�sio-137 da mineradora AMG Brasil, que fica no munic�pio de Nazareno, na Regi�o do Campo das Vertentes, em Minas Gerais, foi comunicado � Cnen em 29 de junho
» O material radioativo foi encontrado ontem de manh� em uma empresa que trabalha com a coleta e venda de sucata na Vila Leopoldina, Regi�o Oeste da capital paulista. Funcion�rios notificaram a Cnen
» N�o se sabe como nem por quem as fontes de c�sio-137 foram transportadas entre as duas cidades
» Ainda est� em investiga��o como as c�psulas foram retiradas da empresa e como foi feita a venda
» Segundo diretor da Cnen, as c�psulas foram recuperadas sem sinais de tentativa de viola��o, o que indica que n�o houve contamina��o de pessoas no percurso
» O material ser� inspecionado antes de ser devolvido � mineradora
» A Pol�cia Civil de Minas Gerais continua investigando as circunst�ncias do sumi�o
Fonte: apura��o Estado de Minas