
S�mbolo da arquitetura colonial brasileira, a Casa de C�mara e Cadeia de Mariana, em Minas Gerais, ser� reaberta ao p�blico ap�s quase tr�s anos fechada. A expectativa � que a volta do pr�dio hist�rico, somada a outros dois entregues em 2022, fomente o turismo local, abalado pelo rompimento da barragem, em 2015, e a pandemia de Covid-19.
Fechada desde outubro de 2020, a Casa de C�mara e Cadeia ser�o entregues em 2 de agosto, na pra�a Minas Gerais. O pr�dio � o �nico do pa�s constru�do durante o Brasil Colonial que ainda preserva a sua originalidade de uso com o Legislativo para o qual foi criado.
Arquitetado por Jos� Pereira dos Santos no s�culo 18 e conclu�do em 1798 pelo Mestre Jos� Pereira Arouca, o pr�dio foi constru�do para atender duas finalidades: ser a sede da Casa de C�mara de Mariana, a primeira de Minas Gerais, institu�da em 1711, e Cadeia.
Para isso, o projeto foi elaborado apresentando dois pavimentos: no t�rreo, contendo tr�s enxovias (nome dado �s �reas subterr�neas das pris�es), com celas separadas para mulheres, homens brancos e homens negros. J� o andar superior era reservado aos servi�os administrativos do Poder Legislativo, incluindo o plen�rio.
O investimento foi de cerca de R$ 3,9 milh�es, provenientes de uma parceria entre o munic�pio e o governo federal por meio do PAC (Programa de Acelera��o do Crescimento) Cidades Hist�ricas, destinado a salvaguardar os bens tombados pelo Iphan (Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional).
Localizado em um dos principais cart�es postais da cidade, o projeto contemplou as tr�s edifica��es hist�ricas que fazem parte do conjunto art�stico: a Casa de C�mara e Cadeia, o Passo de Nosso Senhor, popularmente conhecido como Capela de S�o Jorge, e o antigo armaz�m.
Durante a restaura��o foram efetuados trabalhos estruturais, arqueol�gicos, el�tricos, de som, de sistema de prote��o contra descargas el�tricas, sanit�rio, de instala��es pluviais, hidr�ulico e de preven��o e combate a inc�ndios.
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Antes da restaura��o, a constru��o apresentava trincas e problemas na rede el�trica. "Inclusive uma grande preocupa��o agora � com a manuten��o, para que esses edif�cios que est�o sendo restaurados n�o precisem de restaura��o", disse a arquiteta e gestora do PAC Cidades Hist�ricas em Mariana, Anna de Grammont.
Valorizando a hist�ria, as caracter�sticas primitivas foram resgatadas. Para isso, foram removidos acr�scimos que n�o constavam no projeto original, demolidos banheiros e recuperada uma escada que leva at� o sino da constru��o. Outra novidade � a garantia � acessibilidade no pr�dio restaurado.
RESTAURA��O ENCONTRA PINTURAS ANTIGAS E ASSINATURAS
Durante as a��es de salvaguarda do patrim�nio, a equipe respons�vel pelos trabalhos descobriu, por tr�s das camadas de tintas, elementos que ajudam a compreender a hist�ria da Casa de C�mara e Cadeia. Por meio da arqueologia de cotas positivas, metodologia usada na restaura��o de edif�cios fazendo o uso de prospec��es, foram reveladas pinturas parietais, datas e assinaturas que proporcionam conhecer a evolu��o do pr�dio ao longo da hist�ria.
"As pinturas parietais a gente encontrou em praticamente quase todas as salas, mas de �pocas diferentes. Tr�s, em especial, marcam o passar do tempo: a de 1800, que foi da inaugura��o; a segunda camada de pintura, que acontece de 1830 a 1840, quando a gente tem a primeira regulamenta��o jur�dica e a primeira regulamenta��o penitenci�ria com o Imp�rio, e depois a gente j� tem a do s�culo 20", disse Adriano Lu�s Furini de Souza, restaurador e gestor de obras da A3 Atelier de Arte Aplicada, empresa que conduziu os trabalhos.
Algumas dessas pinturas, consideradas mais importantes, poder�o ser observadas pelos visitantes. "A comunidade de Mariana tem uma rela��o muito afetiva com esse pr�dio. Ent�o, a gente conseguiu perceber tamb�m ao longo do trabalho [...] que existe esse pertencimento. As pessoas t�m aquilo como a casa delas. Tanto que � importante que n�o deixe de ser Casa de C�mara e Cadeia porque essa rela��o � direta com esse espa�o."
Ap�s a entrega, as atividades legislativas retornar�o ao espa�o, com a primeira sess�o ordin�ria agendada para 7 de agosto. Devido � nova divis�o estrutural da institui��o, a C�mara contar� tamb�m com uma unidade secund�ria, na pra�a Gomes Freire, para abrigar parte dos departamentos administrativos.
MARIANA ESPERA RETOMAR TURISMO
Ap�s um per�odo com muitos impactos nos setores tur�stico e econ�mico, Mariana espera que a reabertura da Casa de C�mara e Cadeia, bem como da Catedral Bas�lica de Nossa Senhora da Assun��o e da Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio dos Pretos, ocorridas em 2022, possam fomentar o turismo local.
"O cen�rio atual � de resgate do retorno do movimento dos turistas na cidade, uma vez que tivemos dois problemas recentes: a queda da barragem, em 2015, e depois a pandemia, que afastaram os turistas", disse o secret�rio de Patrim�nio Hist�rico, Cultura, Turismo e Lazer, Cristiano Vilas Boas.
Al�m da Casa de C�mara e Cadeia, outros bens que est�o passando por restaura��o no munic�pio s�o a Igreja de S�o Francisco de Assis, a Casa do Conde Assumar (futuro Museu de Mariana) e a Capela Santo Ant�nio.