
Nem mesmo alarmes e c�meras t�m impedido a ousadia de criminosos para furtar lojas em Belo Horizonte. Eles agem de madrugada, quebram vitrines e arrombam os im�veis. Mesmo com comerciantes redobrando os cuidados com a seguran�a, a capital mineira tem uma m�dia de 27,5 arrombamentos por dia. O temor cresceu desde o ano passado, com um aumento de 4,5% nos crimes de invas�o a estabelecimentos comerciais na compara��o com 2022, segundo dados do levantamento da Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp). No �ltimo fim de semana, dois estabelecimentos foram invadidos e furtados, e outros tr�s tiveram a porta de ferro retr�til danificada em uma tentativa de arrombamento na Regi�o Centro-Sul. Apreensivos, empres�rios que atuam na Savassi, uma das regi�es de com�rcio mais tradicionais da cidade e que foi alvo das ocorr�ncias, apontam sensa��o de inseguran�a.
Os casos na Rua Para�ba se somam aos de 4.962 belo-horizontinos que tiveram os estabelecimentos comerciais invadidos e furtados entre janeiro e junho deste ano. Em 2022, foram registrados 4.745 crimes do tipo. Minas Gerais computa uma m�dia de 93,3 furtos em com�rcios por dia. S� neste ano, foram 16.796 casos at� junho, contra 17.119 em 2022. Os dados n�o t�m informa��es espec�ficas, como a divis�o por bairros. A secretaria diz que evita a estigmatiza��o de um local em detrimento de outro, mas que eles podem ser conferidos via Lei de Acesso � Informa��o.
A sensa��o de inseguran�a virou rotina na Savassi, segundo comerciantes ouvidos pelo Estado de Minas. Sirlande Sim�o Oliveira, de 47 anos, gerente de uma loja de alimenta��o saud�vel, alvo das tentativas de invas�o no s�bado (22/7), relata uma s�rie de casos de arrombamentos na regi�o. A pr�pria loja em que Sirlande trabalha passou por uma tentativa de arrombamento h� quase 15 dias. “Todo dia est� acontecendo isso. H� sete dias foi a loja de a�a� no quarteir�o de cima. Depois aqui. N�o conseguiram entrar, mas deixaram preju�zo para tr�s, com a porta e o quadro que tivemos que refazer”, disse. No ano passado, no entanto, os criminosos conseguiram invadir a loja por um basculante e cortaram o fio do caixa, levando dinheiro e o notebook do local. “A gente faz boletim, a pol�cia vem e parece que � s� para ficar na estat�stica. A impress�o que d� � que a seguran�a foi abandonada”, reclama.

Preju�zos
Os danos ao patrim�nio acabam sendo piores do que os furtos. A comerciante Malan Torres, de 55, moradora da regi�o e propriet�ria de uma loja de roupas – que tamb�m quase foi invadida no �ltimo fim de semana –, teve um preju�zo de mais de R$ 2 mil com a a��o dos criminosos. “Quando eles tiraram o protetor da porta de ferro e viram que tinha outra, de vidro, acredito que desistiram. Mas danificaram a porta retr�til. Chamei um servi�o para desamassar, mas n�o teve jeito, vou ter que trocar”, contou � reportagem do Estado de Minas. Ela tem loja na Savassi h� mais de 30 anos e esse foi o primeiro caso de arrombamento, apesar de j� ter ouvido muitos relatos de vizinhos. “Eu estou at� boba. � impressionante. Estamos constantemente com medo. A gente nem terminou de entregar o boletim de ocorr�ncia, e eles (os ladr�es) j� est�o na rua. As coisas est�o saindo do nosso controle. N�s n�o sabemos o que fazer”, lamenta.
Como resultado da onda de crimes, comerciantes vislumbram a perda de clientes e baixa nas vendas. Falta policiamento e os ladr�es “fazem a festa”, segundo os lojistas. “O movimento j� n�o est� muito bom. O cliente n�o vem aqui, vai preferir ir para o shopping, onde � mais seguro. Se continuar assim, � mais f�cil fechar”, prev� Sirlande. O cen�rio de inseguran�a tamb�m prejudica a imagem da regi�o, um dos pontos tur�sticos mais importantes da capital e antes considerada uma “zona de paz”. “Tem que olhar com carinho aqui para a Savassi. Somos um bairro que gera centenas de empregos, recebemos turistas, todo mundo quer conhecer a Savassi. Est� tudo muito largado”, completa a comerciante Malan.
O problema n�o � s� � noite, quando as lojas j� est�o fechadas. A percep��o � de que o n�mero de roubos e furtos de pedestres nas ruas tamb�m aumentou. “Recebemos alguns relatos recentemente e constatamos at� nas ruas alguns furtos, pessoas tomando celulares. Foge um pouco do contexto em que atuamos, mas nossa percep��o � de um aumento de casos”, admite o superintendente da Associa��o Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Luis Paulo Neves. A entidade, que mudou sua sede h� exato um ano para a Savassi, pretende espelhar a estrat�gia de seguran�a aplicada na regi�o central. “Tivemos uma atua��o junto � PM que melhorou bastante a percep��o de seguran�as nas ruas. Queremos repetir aqui na Savassi o que fizemos l�. Claro que n�o podemos ter a ilus�o de que vai ser f�cil solucionar o problema”, disse.
Monitoramento
A quest�o da seguran�a na Savassi, com �nfase para o arrombamento de lojas, h� anos, � tema recorrente das reuni�es peri�dicas entre comerciantes, entidades de classe e a Pol�cia Militar (PM). Questionado pela reportagem do Estado de Minas, o Primeiro Batalh�o, unidade respons�vel pelo policiamento da Savassi, rebate as den�ncias de inseguran�a na Savassi e aponta um decl�nio da criminalidade, especialmente nos casos envolvendo atos contra o patrim�nio. “Os policiais militares do 1º BPM s�o ativos e diligentes naquela regi�o, distribuem dicas de seguran�a, al�m de participarem de diversos grupos de rede de prote��o, mantendo estreito relacionamento com a comunidade local, sendo alvo de elogios pelos participantes dos grupos organizados da regi�o”, afirmou a corpora��o por meio de nota. A PM destacou ainda que a regi�o � monitorada por c�meras, conta com o atendimento 24 horas de uma base de seguran�a comunit�ria e viaturas.