
Nos amplos cal�ad�es que se tornaram os quarteir�es fechados das ruas Ant�nio de Albuquerque e Pernambuco, no entorno da Pra�a da Savassi, bares e restaurantes se espalham pelo quadril�tero das imedia��es da Pra�a Diogo de Vasconcelos, mas sem uniformidade. Enquanto as noites costumam ser bastante movimentadas na esquina da Ant�nio de Albuquerque com Para�ba, no lado contr�rio da rua o cen�rio n�o � t�o agitado. J� no lado da Ant�nio de Albuquerque, uma est�tua vandalizada da escritora Henriqueta Lisboa � testemunha de certo abandono. Na mesma rua, no sentido inverso, a falta de manuten��o e ac�mulo de sujeira n�o s�o raros.
A car�ncia de eventos de rua � relatada pelo casal Luciana Oliver e Simon Lobo. "Antes tinham shows de jazz, por exemplo, no quarteir�o do McDonald's. Sentimos falta desses eventos por aqui, embora estejam voltando a acontecer ap�s a pandemia, mas n�o � na mesma frequ�ncia de antes. At� as feirinhas est�o acontecendo menos", avalia Simon. Mesmo a Savassi recebendo alguns eventos marcantes, como as festas t�picas de culturas de alguns pa�ses, os moradores acreditam que h� espa�o para ampliar as atividades.
Os irm�os Rog�rio e Pedro Chagas concordam. "Depois da modifica��o, facilitou a vida do pedestre, tem onde atravessar com mais tranquilidade ou fazer uma caminhada. Mas acho que em rela��o aos eventos, poderia ter mais programa��o em todos os quarteir�es, para atrair mais pessoas na regi�o. Fech�-los foi bom, porque os acessos ficaram �timos", diz Rog�rio.
Savassi precisa ser atrativa
Para o arquiteto e urbanista S�rgio Myssior o poder p�blico precisa continuar investindo n�o somente na ocupa��o mas tamb�m na atratividade da regi�o. "Por meio do engajamento da popula��o e processos participativos a rua se torna um palco de a��es no �mbito cultural e art�stico. Cidade boa � uma cidade que tem vitalidade urbana, humana e econ�mica, que as pessoas utilizam as ruas. Mas, para isso, elas precisam ter atributos que tornem o espa�o convidativo. Isso n�o se trata s� de ocupar, mas tamb�m que seja convidativo para outros grupos. A interven��o da Savassi foi ao encontro dessa tend�ncia mundial", acredita.
Foi exatamente com esse objetivo de ampliar o uso do espa�o p�blico que foram criados os quarteir�es fechados na Savassi, na reforma de 2012. O tr�nsito na regi�o, no entanto, j� vinha passando por restri��es e modifica��es desde os anos 1980, conforme lembra a urbanista Cl�udia Pires. "A inten��o era que esses corredores fechados fossem utilizados para atividades culturais, privilegiando o uso do pedestre, para que possam aproveitar o ambiente", diz.
Entre as a��es para melhorar o aproveitamento dos espa�os, o arquiteto sugere tr�s pontos: a popula��o, editais e est�mulo. "Associa��es de bairro e comerciantes, s�o importantes para contribuir e tornar os espa�os mais atrativos. Eles podem ajudar com solu��es, al�m de serem os principais beneficiados. Tamb�m podem haver editais e concursos lan�ados pelo poder p�blico para propor ideias nesta �rea", avalia. O arquiteto diz ainda que � preciso estimular a abertura de novos servi�os com programas de isen��o de taxas ou apoios para o com�rcio na regi�o.
Esvaziamento causado pela pandemia
A pandemia tamb�m ocasionou um esvaziamento na regi�o, segundo lembra Myssior, j� que o home office fez com que muitos pr�dios comerciais perdessem locat�rios. "Muitos edif�cios est�o subutilizados. Talvez seja o momento de repensar os usos e ocupa��es dessas �reas, para que a din�mica econ�mica e social resulte no ajuste dessas ocupa��es, por exemplo. Com isso, neg�cios de outros formatos podem trazer mais vitalidade para �rea e atrair novas oportunidades para aproveitar os corredores (quarteir�es fechados)", pontua.
Embora a regi�o esteja passando por um momento paradoxal, com falta de manuten��o, por um lado, e lan�amentos de empreendimentos de luxo, por outro, o arquiteto acredita que as movimenta��es no local t�m sido positivas. "Essas transforma��es urban�sticas e culturais tornaram a Savassi mais interessante", diz. Para ele, no entanto, � importante pensar em investimentos em outras regi�es da cidade, onde h� menor investimento p�blico e privado. "Cidade boa � aquela que d� aten��o para todas as regi�es", diz. "Deve-se dar prioridade �s regi�es que ainda se encontram em maior vulnerabilidade e fragilidade de infraestrutura", finaliza.